Novas versões e novas visões. Novas opções. (6)

Povoamentos surgiram em função da proximidade de um local em condições de obtenção e fornecimento de água. Um rio ou um córrego, uma nascente ou uma fonte; rios e ribeirões, arroios e riachos. Com conhecimentos, instrumentos e equipamentos, tornou-se possível perfurar poços. Quem sabe cavando e escavando com outros objetivos, descobriu-se água e aprimorou-se a técnica de perfuração de poços. Peritos em radiestesia com suas varinhas e pêndulos, procuravam locais para cavar e encontrar: minerais, metais preciosos, água e tesouros perdidos ou esquecidos.

Cada povo definiu um lugar para buscar água, o lugar onde era possível encontrar água limpa, fresca, e potável. Cada momento e cada necessidade levou o homem a procurar uma qualidade da água. Hoje procura produtos fósseis em águas salgadas e profundas. Imigrantes e estrangeiros trouxeram a ideia de perfurar e usar poços. Ideia desde muito inclusas em contos e fabulas, assim como o Oasis e o deserto, desde as citações bíblicas. Nordestinos vão buscar água em cacimbas e barreiros. Enquanto povos indígenas podem ir beber água no tororó, sempre evitando a hora de a onça beber água. E poços continuam a ser perfurados com tecnologia importada.

Assim como um poço pode ter reunido pessoas em torno deles, criando povoamentos, lagoas e rios reuniram também. Lagoas naturais e artificiais são encontradas no RN, captando águas das chuvas e dos rios. Nas lagoas elas fazem uma breve pausa, para seguirem seus caminhos em direção ao mar. Por vezes podem retornar, com estratégias artificiais, como o caso da Lagoa do Bonfim (RN) que abastece o interior do estado.

Os rios alem de ter fornecido água a grupos, podem ter separado alguns grupos de indivíduos. Ao longo dos anos um rio (river), tornou os ocupantes de suas margens, povos rivais (river). Um povo em cada margem, separados por um correr de água em um leito formado. Água, uma estratégia logística de batalhas e da sobrevivência. A partir da necessidade diária do ser vivo. Independente de um conhecimento científico. A ciência denomina a busca de água pela sensação de sede, como um instinto animal. A necessidade natural da reposição liquida e mineral, a refrigeração do sistema fisiológico.

Um ditado bem popular diz que um homem e um rio nunca são os mesmos, ao se encontrarem e reencontrarem. A cada momento que o homem vai tomar banho em um mesmo rio, em um mesmo ponto do rio, os dois não são os mesmos que se encontraram no banho anterior. Outras águas já passam naquele momento pelo mesmo ponto do rio. Enquanto o homem viveu outras experiências. E aqui surge a água novamente, como elemento purificador e modificador.

A cada aula, curso ou palestra, professores e alunos, palestrantes e ouvintes não serão mais os mesmos. A cada pausa, e a cada intervalo com parada para ingerir ou expelir líquidos, cada um poderá retornar ao ambiente com novas ideias, na intenção de divulgar suas ideias e influenciar os outros. A cada escrita ou leitura, leitores e

escritores também não serão os mesmos. A cada gole de água entre uma leitura e outra, são momentos de purificação e reflexão do texto lido. Ao final de um dia, com palestra ou aulas, analises e leituras, um balanço hídrico corporal, e um balanço intelectual estarão realizados.

Entre líquidos ingeridos e expelidos, há informações e conhecimentos que foram trocados, ingeridos e expelidos, assimilados, analisados e concluídos. Vivências e experiências em momentos líquidos, e situações liquidas, entre um individuo e outro, entre um grupo e outro, temas que se misturam entre um assunto e outro.

Outras águas passam pelo rio que corre. Águas dos rios que levam e lavam, livram e louvam, com luvas e lluvias (as chuvas dos espanhóis). As águas dos rios levam notícias das nascentes aos estuários, lavam cidades e pessoas pelo seu caminho. Louvam com os agricultores para que a chuva chegue, com as luvas dos trabalhadores e lluvias dos colonizadores. Águas que já chegaram até outros rios, desceram pelas encostas. Arrastaram sais e minerais em direção ao mar. Águas puras que carrearam minerais e sais das terras em que passam, para salgar o mar.

Águas que já visitaram as populações ribeirinhas ao longo de seu leito. Águas que já chegaram até o mar, variaram de temperatura e densidade, banhando peixes de água doce e água salgada. Alimentaram peixes, molúsculos e crustáceos. Águas que já sublimaram e até congelaram; evaporaram, condensaram e precipitaram. A água que não corre forma um pântano, a mente que não trabalha forma um lodo (Vitor Hugo).

Outros momentos e outras situações já viveu o homem depois do ultimo banho. Viveu situações com outras vivencias e convivências, adquiriu novos conhecimentos. Conheceu novas pessoas e ouviu novas histórias, novas versões de histórias jê conhecidas. Novos ângulos de visão. Ainda que ganhe a turbidez das águas e da visão. Com cataratas de pedras e na retina. As visões estão guardadas na memória.

Rio de Janeiro/RJ ─ 28/09/2014

Texto produzido para: O Jornal de HOJE – Natal/RN

Palavras Chaves: gestão; qualidade; conhecimento

Palabras Clave: gestión; la calidad; el conocimiento

Key Words: management; quality; knowledge

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Roberto Cardoso

Roberto Cardoso (Maracajá)
Enviado por Roberto Cardoso (Maracajá) em 28/10/2015
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