Piscadela, uma ferramenta maliciosa.

Poucas manifestações gestuais são tão produtivas quanto uma furtiva piscadela.

Aquela de canto de olho, de um olho só, tão inquietante porque transmite intenções dúbias. Não fora a matreira luminosidade que resplandece na face de quem a emite, e a diríamos inocente; quando de inocente ela não tem nada.

Flagrada por um amante enciumado torna-se ocasião de um sanguinolento crime passional. Pode ser isso tudo, mas que piscar é uma arte lá isto é mesmo.

Podem até me taxar de desonesto; mas que vou incluir a protagonista de tal gesto

na categoria de uma pessoa muito esperta. Vou mesmo, sem o menor receio de ser

esculhambado.