O Ócio e a Felicidade.

O ÓCIO e o lazer: tudo a ver. Em nossa sociedade moderna, costumamos aproveitar os finais de semana e feriados para poder, apenas, descansar. Muitos dias fazendo coisas apenas por dinheiro sem a investigação do eu, o homem moderno, deserotizado, vê o seu dia-dia como um martírio: algo voltado ao Eterno Retorno, de Nietzsche.

O ócio é diferente do tédio! O ócio é o tempo livre para fazer não apenas o que gosta de trabalhar ou de estudar, mas para ter mais tempo para si mesmo. Cioran, filósofo francês, diz: "As pessoas se enamoram para suportar o domingo à tarde".

A maioria trabalha ou estuda o dia inteiro para poder agradar à família, ou à sociedade ou para ganhar dinheiro ou, pior: para competir; Sócrates jurava de pés juntos que a forma dele filosofar (elenkhós) não era a dos sofistas (erística); Sócrates não queria competir ou impôr verdades. Ele queria, diferentemente dos sofistas, refutar. Claro! Sócrates era filósofo do banal.

Pascal já falava sobre o ócio como a distração de si. Pascal tinha consciência de que o homem sem alguma atividade iria secar de tédio. Ele, escreveu: "Quem suporta ficar em um quarto vazio de braços cruzados?". Pascal escreve isso para mostrar que o verdadeiro pensador consegue lidar consigo mesmo, mesmo sozinho, justamente por ter trabalhado para si mesmo, como uma distração de si. Em nosso dias, a maioria das pessoas trabalha quase um dia inteiro para não produzir nada além do que seus chefes querem que produza para eles mesmos.

Nosso avós, dizem: "O trabalho dignifica o homem". Não necessariamente! Trabalhar como voltar a si mesmo como distração, sim! Fora isso, é perda de tempo e de produção intelectual. Antigamente, trabalhar pouco significava aprender a tocar algum instrumento musical, viajar, conhecer outras pessoas. Com a Revolução Industrial, principalmente, o homem começou a deixar o seu ócio para passar o dia no trabalho: o cultivo de si foi deixado de lado para dar produção às indústrias.

Caro leitor, não estou defendendo a "vagabundagem". Estou a defender o ócio no sentindo da distração de si mesmo no trabalho, no que se gosta de fazer e, principalmente, no tempo livre. Antigamente, eu era estudante de Engenharia só com o pensamento de ganhar dinheiro, mas não me satisfazia intelectualmente ou não havia a distração de si. Queria, apenas, agradar aos meus pais e aos familiares. Amadureci, joguei a peteca de lado e fui fazer o que eu gosto de estudar: Física e Filosofia. Melhorei o meu estado emocional! Larguei o tédio tarde, mas larguei.

Archidy de Noronha
Enviado por Archidy de Noronha em 21/08/2015
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