DESABAFOS, OU DEZ ABAFOS...-ROBERTA LESSA

Cada indivíduo pra mim é único e tão necessário quanto a árvore: sua copa, seu balançar, suas folhas; as que caem e as que permanecem, as raízes, a seiva transitando em seu tronco, enfim toda parte de uma questão analiso para que de mim propague a valorização do belo, do ético, despertando a humanidade que há em mim e no outro...

- Ah... esse outro, além de conviver com os outros que me habita, ainda permanece e me delicia com aquele outro que transita em meu nicho social: as dores e as delícias de proximidade muitas vezes me deixa boquiaberta.

Conviver com o outro é realmente um desafio constante, aliado ao desinteresse de auto lapidar-se, muitas pessoas temperam de desesperança suas palavras para com as pessoas que dialogam, e recebemos esse desabafar que não nos pertence e muitas vezes o acumulamos dentro da gente e não o deixamos seguir.

Minhas opções transitam entre a valorização do outro, a solidariedade, olhos se encontrando em cambio de doçura e cumplicidade. Mas nem todos são como eu e isso não é bom e nem ruim, apenas é. Por isso direciono -me ao distanciamento dos que não me trazem boas vibrações, ações, palavras ou pensamentos; não me basta proximidade que não me acrescente, procuro convivência que mesmo com embates tornem o desafio da vida algo mais que um imundo quarto de despejo.

Nesses dias passados mesmo estive com um grupo de pessoas que notadamente era formado por seres muito diferentes, mas que até então não verifiquei que a ausência de determinada pessoa, ao meu ver, elevava a harmonia entre todos. Fato que só verifiquei quando depois desse ser faltar de um de nossos encontros, retornou no seguinte, trazendo consigo o que verdadeiramente é, mas que não percebia, porque há pessoas que ainda não se percebem . Nesse dia de ausência, o grupo fluiu diferentemente num diálogo entre seriedade e risos.

- A ausência também é uma presença, percebemos o outro quando ele não está...

Cada ser para mim é uma nuance de cor, uma percepção de sabor, uma musicalidade de voz, um movimento corporal... enfim observo sempre as miríades invisíveis que compõe cada persona. Com meu hábito de participar de um coletivo sempre percebendo-o como um misto de sentidos e sentimentos também, verifico que há sempre ecos de dores à resolver em algumas pessoas e que por hábito, opção ou falta de, escolha ou maldade mesmo, cultuam o despejar no outro o que tem dentro de si.

Em poucas palavras, tornam-se o famoso tomate podre que se esmera em críticas e observações nada cordiais e solidárias provocando o desaceleramento da qualidade e crescimento desse coletivo.

Dando minhas pataquadas, chego à conclusão e prática que o elogio é necessário sim, num plano social onde a crítica inversa e negativa se instala e desestrutura a auto estima das pessoas, com determinada função ideológica; ao mesmo tempo em que o elogio exaustivo nos traduz balelas sociais, muitas vezes enquanto a incompetência de sentir o outro enquanto potência, independência e vivencia distintas, nos torna ainda mais distantes e desumanizados.

Tenho práticas de elogios verdadeiros, muitas vezes sem mesmo conhecer pessoas pelas ruas de minha cidade, vejo pessoas que brilham tanto e sequer percebem, depois passado o espanto sigo em frente e olho de soslaio e à vezes a elogio e saio sem esperar resposta. Depois de longe, torno a olhar e a pessoa melhorou ainda mais sua postura, sorri mais e se percebe valorizada. Por outro lado a ideia de termos a decência de sermos verdadeiros e trocarmos experiência e toque também me é salutar, pois assim teremos oportunidade de crescimento mútuo.

Mas alerto: o outro (ou quem sabe nós mesmos) está preparado à um elogio e ou à uma crítica?

Suas janelas estão abertas ?

Tudo para mim é "se"... condição danadinha que nos eleva ou nos destrói.

Opto pelo exercício de, na seriedade ou na brincadeira, acalentar e fomentar a doçura que desperta sentimentos superiores nesse outro, mas deixo claro que se esse outro não entrar em sintonia com meus atos, não serei eu a ser machucada pelas mãos, falas e gestos daqueles que sequer perceberam que a vida é uma dádiva...

Luz à esse outro...

PESSOAS QUE ME INSPIRAM PIRAM

Podemos tudo, até não poder...

Podemos nada, até poder...

podemos poderes, mesmo que podres...

Tenho amigos que me inspiram sem estatísticas.

Tenho filhos que amo por me inspirarem sem consanguinidade.

Tenho parentes que me apoiam mesmo sem retorno.

Tenho parceiros que me amam mesmo com idéias divergentes.

Tenho nada não e nesse nada tudo me tem e me possui enquanto forma, cor, inspiração.

SIGAMOS EM FRENTE E QUE VENHAM OS DOCES, OS AMIGOS, OS NECESSITADOS DE CUMPLICIDADE COM O QUE EU PENSO E SOU.

Roberta Lessa
Enviado por Roberta Lessa em 11/12/2014
Reeditado em 11/12/2014
Código do texto: T5065764
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.