A simples violência é o conflito interiorizado

A violência é um atributo peculiar à pessoa humana, notadamente, podendo ser avaliada, conhecida, dimensionada e, possivelmente controlada sob a ótica das ciências. A violência humana de cada um sempre aflora quando os seus conflitos acumulados só submergem, isto é, os problemas não foram externados, jamais ouvidos e nunca tratados em busca de resolução, muito menos serão compartilhados como forma de um leniente, então, podendo adentrar em estado de expansão. O fenômeno da violência é inato que pode ser genético. Ele convive com as pessoas e todas podem apresentar um grau de relativa agressividade e de imediata defesa, tal como a maioria dos animais possui este instinto de preservação da sua integridade e do seu território; em alguns indivíduos, a ofensiva se mostra um tanto mais hostil e em outros um pouco menos, pois a agressão pode se encontrar adormecida pela educação, pela determinação em querer controlar-se diante das insinuações, mostrando-se refratários ou porque a sociedade lhes impõe um modelo pelo qual não pode transgredir pela imposição de obediência às disposições legais. Assim, é preferível o Estado cuidar e curar os males da mente de um indivíduo enquanto apenas externa leve grau de violência, ainda potencialmente ou razoavelmente passiva, a ficar esperando que pratique um fato marcante definido como delito, causando vítima, logo submetido a um longínquo processo judiciário nos teatros policiais e nos bastidores da justiça, oneroso, sempre sob a égide da morosidade para submetê-lo posteriormente a chamada “ressocialização” de apenado, tudo em vão.

A violência embora não seja um caráter dominante, mas sempre se mostra atávica, isto é, num ramo familiar ela pode se externar aleatoriamente em um determinado indivíduo. Uma atitude de violência natural que pode acometer qualquer um de nós, ela se diferencia da criminalidade organizada, ou seja, da violência intelectual, daí a figura e a expressão “mentor intelectual do crime” onde os resultados são em tese elaborados em todas suas etapas, com um modus faciendi próprio, consumando-se tal como se projetou, enquanto a violência natural ela coexiste com a própria pessoa e poderá se exteriorizar apenas no momento em que o indivíduo é submetido a reagir, ou, nos elementos sádicos, quando se determinam em alcançar suas injúrias.

A violência natural é uma manifestação instintiva, às vezes defensiva ou uma atitude inusitada de crueldade, que não sendo invertida no processo educativo e familiar, pode apresentar sintomas de uma enfermidade merecedora de tratamento, com todas as possibilidades de correção, enquanto na violência intelectualizada, via de regra, arrola indivíduos que assumem um comportamento delinquente, insidioso, doloso, que fazem do crime uma ocupação para auferir vantagens diversas, tudo de forma imaginada, criativa, associada, despótica, sobretudo, organizada, logo seus autores assumem o dolo e todas as suas consequências, mormente computam a possibilidade de matar, morrer, destruir ou uma internação presidiária. Entre seus atos se evidenciam o assalto, o sequestro, as explosões aos estabelecimentos bancários, com grande escala para os homicídios, banalizando a vida. Estes agentes da criminalidade pesada não entendem a linguagem da correção, logo, devem ser retirados do convívio social, normalmente com enfrentamentos radicais, recolhendo-os como forma de pagar pelas suas selvagerias, nos limites da lei.

Enquanto a violência natural pode ser até enquadrada como saúde pública, a violência intelectual assume a configuração de violação à incolumidade pública, assim gerando uma insegurança pública, lesando a sociedade e o Estado.

Enquanto a agressividade isolada de cada um pode ser definida simplesmente como violência, com pouca repercussão para as relações sociais, um único ato de violência intelectual logo atenta contra a incolumidade de todos, caracterizando uma insegurança pública, com elevado grau de risco para a ordem, para a vida e para a tranquilidade da sociedade, portanto, exigindo do Estado a mobilização da sua força policial para garantir o equilíbrio e a supressão de indivíduos criminosos. O progresso depende da ordem.