Segurança na Campanha Eleitoral

Não importa que a sua candidatura seja para o legislativo ou para o poder executivo de qualquer esfera e nem importando a legenda que o abriga, o que interessa é que o candidato assuma compromisso com o povo, que se mostre aberto ao progresso, que cultive grande sentimento público e que tenha como referência, a lei e a ética. Agora, que é um candidato a um cargo eletivo deve cuidar já da sua segurança em campanha para que uma vez eleito também assuma a segurança do cidadão em todos os aspectos, para o engrandecimento do povo e da pátria.

Nenhuma atividade pode prescindir de um adequado esquema de segurança e os políticos durante o exercício das suas campanhas, quaisquer que sejam os cargos postulados, não estão imunes a uma surpreendente violência. A violência está latente em todo lugar, ou se inibe pela prevenção ou ela se manifesta. Todos os programas de uma campanha eleitoral devem ser previamente concebidos para que a segurança mantenha-se avante e assegure o êxito do andamento e conclusão do evento. A segurança praticada também como atividade planejada e acostada aos méritos das informações e do sigilo pode garantir a minimização de episódios desagradáveis, inclusive, inibindo possíveis ações de organizações criminosas.

01. APRESENTAÇÃO:

Qualquer campanha eleitoral, praticamente, apresenta duas grandes estruturas: a articulação eleitoral e um projeto de segurança, os restantes são as propostas e o marketing, que também são igualmente importantes.

O presente documento, que a princípio visa participar de um assessoramento tático e direto nas questões de segurança na campanha do candidato, também lembra e sugere para cada etapa dos trabalhos eleitorais e nas atividades de cada um a possibilidade e a necessidade que tem de se atualizar com novos paradigmas e ampliar numa ou noutra direção da campanha a todo tempo, rompendo com a rotina e o trivial, pela inserção de medidas e iniciativas muito criativas, digamos, inéditas, ainda pouco difundidas nos cenários de todos os candidatos de qualquer campanha aos cargos eleitorais diversos. O caminho das promessas e da retórica são trilhas envelhecidas pelo descredito quando já poderiam ter fisionomia de amadurecidas pois não levam a lugar nenhum e não convencem nem aos desinformados. Portanto, há sempre de se imaginar um programa eleitoral com design diferente, participativo, com o estabelecimento de uma sinergia do candidato com os eleitores, na tentativa de empolgar a todos, tudo como forma de deixar você como candidato (designação dada ao nosso leitor) sempre em evidência, pela apresentação gradual de ideias inovadoras, oportunas, amadurecidas e bem trabalhadas, antecipando-se ao adversário, ou adversários, deixando-os atônitos, até imaginando e especulando da possibilidade da ocorrência de vazamento dos seus tímidos planos. A humanidade gosta de novidades e o eleitorado não é diferente. Também é compulsório que se domine o terreno do adversário sem qualquer ocupação física, apenas, conquistando as mentes do eleitorado consciente, fazendo com credibilidade, dedicação, gerenciamento, estratégias e assessores meritórios.

A qualidade dos trabalhos de segurança durante a campanha igualmente ajuda a conquistar eleitores mais esclarecidos, demonstrando ampliação da visão em relação aos problemas conjunturais, a partir da segurança da própria campanha, cujo tema é dominante na esfera dos candidatos com promessas de abolir a violência da sociedade, muito discutido pelas autoridades, mas pouco exercitado por todos. Uma segurança de campanha eleitoral mal feita, da qual resultem acidentes e vítimas, isto depõe contra o preparo do candidato para futuramente enfrentar questões maiores, deprimindo toda sua estrutura e causando indagações no eleitorado; a campanha sem uma boa segurança será um desastre, podendo até desmotivar a todos, principalmente, o eleitorado.

O presente trabalho é dirigido a um candidato que esteja imbuído da garra e da vontade de um bom combate político que se travará ao longo da campanha eleitoral, onde o principal terreno a conquistar é a consciência de cada eleitor, mas tudo tem um preço, portanto, ao candidato resta entender que a sua segurança também é compulsória. Não se pode deixar de reconhecer que a montagem de um esquema de segurança de nível em qualquer campanha é um segmento que tem um elevado custo, mas que é extremamente necessário a quem pretende triunfar. O documento apresentado precisa ser lido, discutido e interpretado para que se façam complementações andantes, pois o seu espírito sugere e dissipa ideias que transmutam para o sentimento do eleitorado pela utilização de artifícios do marketing e estratégias, de forma muito subliminar. Chamar a população a si é a arma que faz delinear resultados imaginados, facilitando o acesso e a saída do campo de batalha política com sabor de vitória e a glória de vencedor. A vitória é o resultado da luta travada com qualidade. Quem ataca em qualquer campo, não pode esquecer de defender-se e a segurança é o seu braço forte e avançado.

Conhecer o adversário e a si próprio é um princípio de luta que permite manter o combate em vantagem, com boas perspectivas de se ganhar a guerra, noutros, a eleição. Em resumo, não se pode deixar de conhecer a estratégia dos concorrentes, e, por extensão, toda sua programação de campanha, fazendo de modo sutil, inteligente e pacífico, porém, imperativamente, determinado, caso contrário, a campanha do “candidato” pode entrar em rota de esforço comprometido. Conhecendo o seu potencial e o poder de fogo do adversário e jogar com pessoas certas é a garantia de vencer todas as batalhas, e, ao final ganhar a eleição, conquistando o poder com inteligência e segurança. Se não conhecer a si próprio é a maior evidência de sinais de derrota. Desconhecer o adversário é mostrar-se indiferente aos resultados.

Se queres a paz, prepara-te para a guerra, assim é a tradução do aforismo latino: “Si vis pacem, para bellum”. Como sugestão, vale recomendar a leitura do livro de cabeceira “A arte da guerra” de SUN TZU.

Manoel Damasceno de Souza

mdsweb@uol.com.br

02. FINALIDADE:

Manter em grau de aceitável tranquilidade pelo exercício de todas as diligências pacíficas e éticas, técnicas e estratégias, a segurança da pessoa do candidato, sua família, sua equipe, seus correligionários quando incorporados, públicos expectantes, bens patrimoniais e outros recursos de valores pessoais, materiais ou virtuais que estejam direta ou indiretamente engajados na campanha democrática à sucessão de cargos políticos dos poderes executivos e legislativos, de todos os planos.

03. OBJETIVOS:

a) Estabelecer procedimentos padronizados para a orientação e prática por todos os componentes envolvidos na segurança do candidato e de outras pessoas e meios de apoio, de forma que cada atitude na área de segurança faça parte de um protocolo, isto é, que a sequência de procedimentos em uma mesma atividade, um seja sempre semelhante ao outro, para evitar que ninguém proceda à sua forma;

b) Definir as atividades e seus responsáveis, conferindo atribuições específicas, gerais, setoriais e de chefias;

c) Minimizar conflitos, pela apresentação de medidas alternativas, maleáveis, eficientes, normativas, transigentes, no entanto, exequíveis e indispensáveis ao melhor andamento das atividades eleitorais do candidato, sempre de acordo com os parâmetros que caracterizam o trabalho da campanha, sem perder de vista os limites legais;

d) Estabelecer critérios para medir o grau de eficiência do desempenho das atividades de segurança, face à evolução dos trabalhos políticos partidários, redirecionando os trabalhos, conforme a evolução do quadro eleitoral;

e) Procurar conhecer o grau de satisfação do público que se faça presente aos atos políticos do candidato, em relação à segurança da campanha;

f) Tornar a atividade de segurança, um fator de garantia para a vitória do candidato ao cargo desejado.

04. CONCEITO DA MISSÃO:

A atividade de segurança a ser desempenhada será sempre definida pelos caminhos da prudência, da prevenção, do princípio da oportunidade, da legalidade, do planejamento escrito e mental, da disciplina, do comportamento ético e democrático, do cumprimento das tarefas, da iniciativa, da assiduidade, da perspicácia, da inteligência, da exatidão que devem apresentar os resultados propostos, da discrição, da lealdade, do sigilo no espaço e no tempo enquanto considerados necessários, entre outras ações inteligentes. Todo este conjunto de medidas comportamentais visa deixar o candidato à vontade, tranquilo, confiante, otimista e mais do que isto muito informado daquilo que se passa nos bastidores da sua equipe e no campo de batalha política, especulativa e real.

05. ALVOS E PONTOS CAPITAIS:

a) O candidato como Pessoa Mais Importante (PMI);

b) A família, com os membros indicados pelo candidato;

c) Os estabelecimentos onde funcionam os comitês e afins;

d) A residência do candidato e outros endereços relacionados;

e) O palanque (antes, durante e depois);

f) Os itinerários, principalmente, os de rotina, os noturnos e os ermos;

g) As instalações essenciais, tais como, o serviço de som já montado, rede elétrica que alimenta os comitês e palanques, os geradores de energia, os pátios de estacionamento e seus veículos, depósitos de suprimentos diversos, cozinha, etc;

h) Estabelecimentos de apoio;

i) Os veículos envolvidos na campanha, inclusive aéreos ou fluviais, independente de serem ou não locados;

j) O(s) carro(s) de som do candidato/campanha;

k) O pessoal de apoio;

l) Os meios de comunicação da campanha;

m) O pessoal avançado na divulgação de rua;

n) O ambiente em que o candidato ou outra PMI esteja na oportunidade frequentando;

o) O veículo principal do candidato ou outro para eventual uso;

p) Os pátios de aeronaves em uso pelo candidato/equipe;

q) As estratégias da campanha;

r) O segredo;

s) Os pontos de embarque e desembarque, aéreo, terrestre ou hidroviário;

t) Os locais de permanência transitória, prevista ou não, enquanto serão definidos os rumos dos próximos trabalhos;

u) Os convidados especiais que participarão de eventos, desde sua chegada ao retorno à origem, etc.

06. ESTRUTURA E EFETIVO DA SEGURANÇA:

a) Coordenação geral;

b) Coordenações setoriais;

c) Segurança pessoal do candidato/família:

d) Segurança do mentor intelectual da campanha;

e) Segurança do comitê;

f) Comunicações, Batedor /motos;

g) Motoristas;

h) Segurança do palanque/público;

i) Informações;

j) Instalações essenciais;

k) Serviço administrativo;

l) Carro de som;

m) Fogueteiro;

n) Veículos e estacionamento;

o) Cinegrafista

p) Piloto de aeronave;

q) Sistema telefônico; etc.

07. DA COORDENAÇÃO (SEGURANÇA):

A coordenação da área de segurança está segmentada em Coordenação Geral e quatro Coordenações Setoriais.

I) Da Coordenadoria Geral:

O Coordenador Geral é o Assessor responsável pelo exercício de todas as tarefas de interesse da atividade específica na campanha, recebendo do candidato as recomendações e repassando para ele os resultados já obtidos e avaliados, os quais discutirão alternativas quando exigidas. Este Coordenador Geral de Segurança será também o Chefe dos coordenadores setoriais.

II) Coordenadorias Setoriais:

As coordenadorias setoriais são divididas em:

Coordenadoria de Segurança Pessoal;

Coordenadoria de Segurança Patrimonial;

Coordenadoria de Comunicações;

Coordenadoria de Informações.

1a.) DA COORDENADORIA DE SEGURANÇA PESSOAL:

As atividades desta coordenadoria vão da pessoa do candidato à equipe de serviços gerais (que cuida do cafezinho, do lanche da água, da destinação do lixo, etc). Compete ao Coordenador de Segurança Pessoal, entre outras atividades, orientar, supervisionar e fiscalizar a boa prática dos componentes no exercício das tarefas que possam assegurar ao candidato, à sua família, aos seus convidados e demais membros da campanha, sem erro e atraso, a melhor segurança pessoal e coletiva, inclusive, dos bens transportados pelas pessoas de interesse ou não da campanha, viabilizando para que sejam cumpridas todas as metas traçadas pelo programa específico e geral. Estas diligências abrangem as pessoas nos deslocamentos, nos palanques, nos comícios, comitês e em qualquer local onde possam se apresentar.

Devem ser atitudes predominantes nesta área e com validade para as demais:

* Liderança * Ação preventiva;

* Iniciativa (saber antecipar-se aos fatos); * Boa comunicação;

* Postura; * Disponibilidade;

* Discrição; * Corpo-a-corpo;

* Sigilo; * Criatividade;

* Perspicácia: * Informação e sua busca;

* Exercício da boa observação; * Obediência;

* Planejamento mental; * Participação;

* Senso Investigativo; * Improvisação coerente;

* Atitudes e gestos que diferenciem do público; *Resistência;

* Conhecer e identificar movimentos de pessoas suspeitas; * Versatilidade;

* Moderação dos impulsos; *Fidelidade.

a) Segurança do candidato:

O candidato sempre será o alvo mais importante em todo o cenário da campanha. É o centro de tudo. Nos locais onde se encontre o candidato, é sempre oportuno que entre os seguranças mediatos, alguns deixem de olhar para a pessoa do candidato e pasmem a multidão, observadores com visão de águia, visando inibir ou identificar aqueles com intenção de produzir algum ato que possa macular alguém, sobretudo o candidato. Esta atitude de vigilância contínua se pratica nos locais de permanência do candidato, nos seus deslocamentos a pé ou motorizado, nos palanques e noutras localidades. Há de se ter a sensibilidade em conhecer quando o candidato quer estar mais à vontade para tratar de assuntos mais reservados e, igualmente, não insistir em permanecer ligado à sua pessoa, o que poderá irritá-lo, inibir-lhe a liberdade e privacidade. Se o candidato optar por permanecer em locais abertos por algum tempo, as seguranças serão distribuídas em círculos imediatos, mediatos e pessoais. Em locais fechados como restaurantes, auditórios e similares os pontos de acesso e saída são os mais vulneráveis, portanto, muita vigilância continuamente, ocupando, inclusive, o toalete entre outros locais vulneráveis. Todo cuidado é pouco, não importa qual o candidato e o seu relacionamento com o local; ninguém pode relaxar. Quando o candidato fizer deslocamentos motorizados acompanhando-se de segurança, é sempre indicado que o veículo do candidato trafegue à frente da sua segurança, exceto se as circunstancias exigirem diferente, invertendo as posições entre os veículos, em consequência, a retaguarda fica desprotegida, vulnerável, exigindo larga vigilância. O ideal, conforme o candidato, seria a prática de batedor de ponta (à frente) e de cauda (atrás do carro do candidato), além de outros seguranças à distância ou infiltrados entre alguns veículos.

Principais atividades desta segurança:

# Seguir o candidato em todos os locais, com a distância adequada ao esquema, sem nunca perdê-lo de vista, até que agradeça a participação das seguranças mais próximas, dispensando provisoriamente ou até o dia seguinte;

# Discretamente, afastar pessoas que atrapalharem os deslocamentos do candidato ou que possam importuná-lo, com rigor, mas sem rancor;

# Estar atento para qualquer sinal ou gesto do candidato, interpretando suas intenções;

# Manter sempre um ou dois seguranças próximos para ajudar na interferência contra as investidas repressoras, sem importunar o candidato;

# Motorizado, ficar sempre atento para as pessoas nas calçadas, acostamentos, sinais de trânsito onde tenham que parar e com os veículos velozes que passam pelo carro do candidato, especialmente, os que vêm em da retaguarda. É aconselhável, que, de vez em quando, o candidato permute a posição do seu carro ou trafegue em caro diferente do seu. Em certos e longos percursos é preferível a presença de dois motoristas no veículo do candidato;

# Observar bem as pessoas que demonstram ostensiva adversidade ao candidato; às vezes precisam ser reconhecidas mais tarde; se possível, fotografar ou filmar:

# Esforçar-se para superar dificuldades ou carências sempre com bom humor e criatividade, sem retardamento;

# Evitar parada ou estacionamento em lugar ermo, salvo caso de força maior ou como ponto de parada estratégica; neste caso, as seguranças entram em ação em círculos e articulando igualmente esquema na área imediata;

# Nos deslocamentos, manter um ou mais mensageiros que possam cumprir diligências diversas, de interesse da segurança ou necessárias ao candidato.

b) Segurança nas carreatas:

Nas carreatas, o carro da frente pode ser sempre o do candidato, para que na hipótese de emergência não fique preso, saindo com facilidade, salvo os batedores em motocicletas, quando as conveniências permitirem e exigirem que se postem à frente como ponta. A seguir, o carro da segurança imediata, depois, o caminhão da fanfarra ou o carro de som. Nos deslocamentos das carreatas em pequenos trechos, se os veículos tiverem velocidades reduzidas, os seguranças do segundo veículo e outros devem fazer com discrição, a função de batedor de ponta e de flanco a pé à frente do cortejo e, bem distante, um batedor avançado poderá ir fornecendo informações das possíveis anormalidades observadas no trajeto; Caso seja necessário o candidato sair do trajeto por qualquer motivo, far-se-á com baixa velocidade e enquanto estiver na área de influência do cortejo, fazendo-se acompanhar de seguranças a pé à lateral do seu veículo.

c) segurança nos locais de show pirotécnico e outros fogos de artifício:

Tratar com este tipo de equipamento é sempre um desafio e uma atividade perigosa que pode por em risco a saúde ou a vida de alguém e a satisfação do candidato, como assim é o transporte de quaisquer fogos e seu acondicionamento. A área escolhida para solta de fogos de artifícios deve ficar afastada do palanque e do público o suficiente para não causar qualquer tipo de inconveniente à tranquilidade, ao público e ao candidato. A direção do vento, o poder de detonação do explosivo e a localização para onde são lançados os fogos devem ser levados em consideração. É necessário que se isole o espaço onde de instalem os fogos, observando uma área de afastamento das pessoas com boa margem de segurança, se possível com um raio mínimo de 50 metros para evitar constrangimentos e especulação do adversário. Fogos podem ser usados, mas com severa parcimônia. O fogueteiro deve ter bastante perícia para esse mister.

2a.) DA COORDENADORIA DA SEGURANÇA PATRIMONIAL:

A atividade de segurança patrimonial recai sobre todos os bens, tangíveis ou não, arrolados para a campanha política do candidato, envolvendo elementos imóveis, móveis e utensílios, arquivos e computadores, mensagens reservadas, material de propaganda, incluindo a circulação e a distribuição desta, sua fixação ou colação. Equipara-se como objeto sujeito à segurança patrimonial da campanha toda e qualquer instalação física ou veículos que venham ser eventualmente utilizados pelo candidato, ainda que pertencentes a terceiros, locados ou cedidos, ou mesmo aqueles que por decorrência de qualquer atividade tenham que ser incorporados à campanha durante um determinado tempo, em qualquer local. Ainda ficam sujeitas às atividades de segurança patrimonial, os comitês, palanques, serviço de som fixo ou motorizado, os postos avançados, as sedes especiais, os depósitos, controle de combustível e outros bens tomados para o devido apoio. O coordenador desta área poderá ser também o chefe de suprimento no âmbito da segurança, podendo estender-se para outras áreas da campanha, para evitar excesso de chefia.

a) Segurança no palanque:

A segurança do palanque é feita em cinco fases distintas, a saber: 1) antes da montagem, verificando a qualidade, a fadiga e a validade do material que o compõe; 2) durante a montagem para evitar improvisos e imperfeições; 3) após a montagem; 4) durante o comício; 5) depois do comício até que o palanque seja desmontado e embarcado no transporte. Se o palanque for de locadora, somente a operação de desmontagem dispensa maiores atenções.

O palanque é o local mais complexo de qualquer campanha. Às vezes, pode até causar dissidências partidárias ou de apoio, apenas por falta de quem tenha sensibilidade política para gerenciar as crises ao pé da escada. O palanque é um local pequeno, limitado em qualidade pessoal, em capacidade de número de lugares e de peso. Logicamente, todos gostariam de subir ao parlatório. Controlar este acesso é uma missão árdua e melindrosa, difícil mesmo. A seleção de quem poderá subir ao palanque deve ser responsabilidade de uma pessoa da Coordenação Política, no entanto, os abusos serão coibidos criteriosamente pelos seguranças. A capacidade do palanque deve ser da ciência de todos os seguranças e esforçando-se para que não exceda, o que pode gerar desabamento; quando completar a lotação, só deixar subir quando alguém descer, podendo até revezar com os que já estejam lá por muito tempo. É bom que um segurança contabilize, com um aparelho contador, a quantidade de pessoas que tenha tido acesso ao palanque, e informar ao Coordenador Geral quando estiver próximo de exceder o limite. A queda de um palanque além do perigo que pode causar aos ocupantes, ainda causará um grande constrangimento para a administração da campanha, desapontando a todos.

Uma vez instalado, o palanque deve ter uma vigilância por um segurança para evitar qualquer tipo de sabotagem. Com a devida antecedência o palanque deverá ser submetido a uma vistoria para saber se sua estrutura foi montada com o necessário critério, sem que se possa identificar a menor falha. Nos palanques, sobretudo, em estrutura metálica é bom fazer evitar que qualquer fiação elétrica passe ou toque nela diretamente. A escada merece que se faça um teste para sentir a capacidade de resistência; assim como a escada, os alambrados devem ser rigorosamente testados. Com a devida antecedência, verificar se os pés do palanque estão sobre uma boa base e se o terreno é resistente para que não ocorra afundamento em razão da carga a que vai ser submetido. O lastro deve ter a capacidade de suportar pelo menos cinco pessoas de compleição média por metro quadrado e, fazer sempre um teste com seis pessoas, para ver como se comporta, fazendo por amostragem; este teste é muito simples. Se em razão das circunstâncias o palanque precisar de coberta, esta deve ser o mais leve possível, preferentemente lona ou tecido, jamais podendo ser qualquer tipo de telha, ainda que de amianto, muito menos de madeira, de forma que se houver a queda da coberta, não cause acidente grave.

Ao instalar o palanque em determinados locais, sobretudo, com previsão para grande concentração é oportuno verificar a existência de pedras ou quaisquer objetos próximos que possam estimular arremessos diversos e, se for o caso, adotar providências quanto à limpeza. Mesmo que possam existir em pequenas quantidades é necessário que estes materiais sejam retirados urgente e de forma muito discreta.

Uma vez instalado o palanque e a sua parte posterior não estiver protegida por uma parede ou outra proteção física, enquanto este espaço político estiver ocupado é recomendado que esta retaguarda receba a vigilância de agentes de segurança para evitar eventuais agressões aos ocupantes, os quais, na sua maioria, estão voltados para frente.

b) Segurança nos comitês, depósitos e outras instalações físicas:

A preocupação dominante é fazer evitar o acesso de elementos indesejados, espiões ou reconhecidamente adversários, os quais sempre buscam captar informações ou subtrair algo de relevante interesse da campanha. O acesso às dependências deve ser exclusivo do pessoal da casa, e os estranhos, quando conveniente, mediante prévia autorização e criteriosamente acompanhados; os seguranças devem, em pouco tempo, identificar de relance aqueles credenciados para acessar ao ambiente. A presença de um suposto espião enseja a indicação de um segurança para acompanhar todos os seus passos, conforme o caso, ostensivamente, até que se sinta “queimado”, afastando-se.

c) segurança das instalações elétricas e serviço de som:

As instalações elétricas referidas são aquelas que alimentam diretamente os locais de reunião, comícios, palanques, pátios de público ouvinte, comitês, etc. São aqueles locais onde se faltar energia, o adversário poderá tirar vantagem. Um segurança com um pouco de conhecimento em instalações elétricas poderá ser destacado para cumprir esta missão. Observar fonte alimentadora próxima, transformadores, caixas de distribuição e fios de energia devem ter acesso muito restrito. As caixas de som, sua fiação e afins também devem ficar sempre livres e protegidos dos curiosos, evitando danos e cortes no som. Se alguma fiação tiver que seguir por baixo, não pode ser superficial, que, preferentemente, seja aterrada e, em se tratando de eletricidade, nas emendas usar sempre um elemento isolante e com boa capacidade de proteção contra descarga elétrica, evitando ocorrências desagradáveis, de preferência, que a fiação utilizada seja sempre o denominado cabo PP, pois ele apresenta duplo isolamento. Nenhuma fiação pode ficar exposta sobre qualquer piso, pois pode submeter às pessoas a uma descarga elétrica, podendo enroscar-se às pernas produzindo quedas.

d) Público incorporado aos comícios/Atenção aos participantes:

Este público constitui na sua absoluta maioria os correligionários e convidados do candidato, devendo receber as atenções devidas. A segurança deles é fator preponderante para se alcançar o melhor resultado e a boa repercussão eleitoral.

A polícia fardada local deve ser comunicada e solicitada com antecedência, devendo ser informada sobre o possível número de expectadores, a fim de que viabilize escalar o efetivo policial adequado. A Polícia Civil também deve ter o devido conhecimento da programação do momento voltada para o público. Independente das atividades inerentes ao Estado, a Coordenação da Segurança designará equipes de apoio (veladas e identificadas com camisetas da campanha) para acompanhar a evolução dos ânimos dos populares e sugerir as medidas apontadas como necessárias; tudo deve ser feito com muita prudência. Estando presente a polícia o seu excesso de desempenho poderá ser bastante explorado pelo adversário e desacreditar o candidato, portanto, se ela comparecer deve ser orientada no sentido de uma presença muito discreta. Nem pensar em vítimas.

Uma ambulância médica, se possível, e dependendo do número dos participantes, é indicada a permanecer em local próximo e estratégico ou disponível no próprio hospital se for próximo do local. Em qualquer caso, sempre fora da visão do público, porém com o devido contato com a segurança.

A prevenção bombeirística é uma medida bastante oportuna, pelo menos, fazendo a devida comunicação, enquanto solicita apoio.

e) Segurança de veículos estacionados:

O estacionamento provisório de veículos da caravana do candidato deve ser inteiramente da responsabilidade de seus motoristas. Neste caso, após o desembarque, os carros devem ficar devidamente posicionados na direção indicada para sair e em locais e condições que permitam uma rápida saída de emergência e sempre próximos onde se encontram os seus usuários principais. É bom presumir uma rota de fuga para o candidato, mas que seja do pleno conhecimento apenas dos motoristas e da equipe de segurança pessoal do candidato.

No estacionamento para os pernoites ou por tempo demorado, os veículos devem ficar sempre sob proteção de uma vigilância acreditada, além de protegidos por obstáculos físicos ou eletrônicos eficientes, enquanto a tripulação e a equipe repousam. Deve-se ter sempre em mente que qualquer veículo é um bem e um transporte muito vulnerável aos acidentes, atentados e assaltos, entre outras ocorrências. A experiência nos diz que os veículos em momentos políticos, por ali ronda, sempre algum mau opositor que imagina causar-lhe dano ou inviabilizá-lo ao imediato deslocamento. Nos comícios, todos os veículos dos expectadores também merecem uma boa vigilância, no entanto, os ônibus que transportam os militantes devem ficar sob os cuidados da segurança, pois, via de regra, podem sofrer apedrejamentos, perfurações pneumáticas, incêndios e outros tipos de pilhagem e vandalismos organizados.

3a.) DA COORDENADORIA DE COMUNICAÇÃO:

Competem a este setor as especificações dos meios utilizados para receber e transmitir as mensagens e quaisquer comunicações, a sua qualidade, destinação, os principais meios, suas prováveis vulnerabilidades, fidelidade, manutenção técnica, distribuição, reposição de carga, controle de algum tipo de aparelho, codificação e decodificação de mensagem, contrato com empresas idôneas, preferentemente em nível nacional e exigir mais censura quando se tratar de comunicação com telefone sem fio; fazer levantamento quanto à possibilidade de sofrer escuta telefônica em ambiente de gabinete, logo providenciando misturador de palavras ou cousa assim, bem assim, presumir a possibilidade da existência da instalação de aparelho de escuta com gravações no interior das principais viaturas ou qualquer ambiente restrito, procurando identificar a possível presença de elemento portando aparelho gravador em bolso de forma disfarçada ou ostensivamente, caso o momento mostre-se reservado; detectar câmeras de TV de circuito fechado em ambiente onde o candidato possa comparecer e, igualmente, quanto a possibilidade de gravação das conversas em ambiente fechado e em outros abertos ao público; utilizar misturador de vozes nos telefones ou outro meio confiável, moderno, prático e eficiente, bem assim, identificar aparelhos binas ou similares. É necessária que se estabeleça uma rede integrada de comunicações, envolvendo todos os recursos, centralizando e censurando o que for possível.

# segurança das comunicações

A segurança das comunicações, além de exigir a integridade de seus componentes físicos diretamente envolvidos, ela reside mais na confiabilidade quanto a não vulnerabilidade desses meios, dos seus operadores e da fidelidade do sistema em uso. O rádio transceptor e o telefone, sobretudo o inseparável companheiro celular são demasiadamente vulneráveis. Normalmente, as mensagens emitidas por estes meios podem ser audíveis por quem se encontrar próximo. Hoje, com a tecnologia em uso na espionagem, não existe nenhum recurso nas comunicações que possa garantir sigilo absoluto. A espionagem é real e a contraespionagem também é uma realidade, porém, esta não é cem por cento, mesmo que o espião seja como um perigoso criminoso, no começo ambos andam na frente de quem investiga, mas depois, a verdade vence adiantando-se, enquanto isto, em qualquer caso, o estrago é grande e irreversível. Portanto, o mais indicado é sempre selecionar os meios mais confiáveis para o local, para a natureza do assunto a tratar e restringir as pessoas que devem tomar conhecimento e utilizar os meios selecionados. Por isso, para algumas conversas são preferidas as estratégias do tète-à-tète, e até do corpo a corpo, em razão de serem confiáveis, perenes, translúcidas, mais reservadas e muito eficientes. É preferível ter sempre em pauta que telefone não é totalmente confidente. Em campanhas acirradas o telefone é um meio quase desnecessário. O encontro e a conversa a dois são sempre mais seguros. O telefone sem fio, nem pensar nas campanhas consideradas de vulto. Uma secretária muito confidente, idônea a toda prova, pode registrar todas as ligações recebidas, depois, ela e um componente da Organização Política fazem uma avaliação e uma seleção, grifando o que achar mais importante, marcando todas aquelas que não foram atendidas pelos destinatários. A telefonista registra os números dos telefones, nomes de quem ligou, assuntos, horários e com quem desejavam falar. Tudo comunicando a quem interessar. É recomendável semanalmente ou até diariamente que se proceda no gabinete principal uma vistoria para detectar a presença de dispositivos eletrônicos de espionagem, bem assim, nas caixas telefônicas próximas, podendo colocar adesivos discretos à noite para constatar a violação do fechamento das portas das caixas telefônicas nas vias públicas no período noturno. Quaisquer que sejam os papéis escritos descartados só podem ter um destino: o picotador. Os celulares usados pelo candidato e pelos coordenadores da campanha, preferencialmente, devem pertencer a terceiros e de extrema confiança do próprio candidato e substituir quase que diariamente, de forma a evitar clonagem e outros estragos. Qualquer celular que receber ligação errada, já é motivo para descartá-lo. A pessoa do candidato, ao receber uma ligação, a princípio, o máximo que se pode dizer é “alô”, até que se reconheça a pessoa do interlocutor do outro lado da linha. Nenhum telefone guarda sigilo e o sigilo continua sendo o segredo do sucesso. O telefone sem fio é detectável a curta distância e o celular é rastreado em qualquer raio, inclusive na fonte. Quando qualquer número telefônico tornar-se muito conhecido, é tempo de substituição e exoneração. Nenhum telefone comporta sozinho qualquer conversa; tudo fica gravado em algum lugar. É por isto que existe a conhecida figura “quebra do sigilo telefônico”, para que algum dia alguém possa tomar conhecimento, mesmo depois que os fatos tenham acontecido e quase já não são mais lembrados. A escuta telefônica é real e hoje se pratica em vários lugares e no mercado existe uma infinidade de instrumentos do mais simples ao mais sofisticado para esta atividade criminosa. Alguns praticam porque são mercenários, outros porque estão a serviço de opositores do candidato e normalmente gozam de certa influência e privilégios nesta área. Nas sedes é bom que se instalem telefones exclusivos para fazer ligações e outros numa central para recepção e selecionar o destinatário, portanto, os que apenas emitem nunca devem ter seus números divulgados para que nunca possam chamar. Igualmente, o candidato poderá e deverá ter linhas privativas para receber e emitir ligações mais particulares com familiares e pessoas especiais da campanha e do mundo político e outras com semelhante grau de importância; de um modo geral, a recepção fica por conta de telefone barrado por telefonista, os demais são privados. A utilização de aparelhos portáteis de comunicação do tipo Hand Talk (HT) merece a devida censura, pois a sua utilização hoje está generalizada e até vulgarizada, o que torna este meio nada confiável, podendo a comunicação ser fielmente copiada por espiões; esta comunicação deve ser breve e nunca tratar de assunto de relevante interesse, jamais, transmitir assuntos considerados de natureza reservada.

4a.) DA COORDENADORIA DE INFORMAÇÃO:

É o setor responsável e especializado na busca, coleta e difusão das informações. Após o processamento dos informes, preferentemente, a difusão deve ser feita diretamente ao seu chefe que for determinado pelo candidato, exceto as informações que forem do interesse direto de outros departamentos. Suas fontes são variadas e abrange todo o contexto eleitoral, político e administrativo. A imprensa como um todo, panfletos, normas eleitorais, discursos, reuniões, especulações, insatisfações de eleitores, atitudes do adversário, discursos, entrevistas e tantas outras oportunidades formam o concerto gerador de informes. O Coordenador das Informações deve manter equipes de busca de informes nas diversas áreas de um Estado, de uma cidade, em vários segmentos de uma capital, nas comunidades e em vários ambientes, sempre com a missão definida para que haja um constante acompanhamento do tema que interessa à Coordenação Geral da Campanha do Candidato. De tudo deve haver registro, e, conforme o fato, fotografar.

Toda equipe de segurança deve ser por excelência, uma agência de informação. O conhecimento de qualquer assunto deve ser canalizado para uma só fonte receptora para que após trabalhado o informe, tome o canal competente, até o destino final, que nem sempre precisa ser o próprio candidato. É comum a existência de agente que sem trabalhar o informe recebido logo divulga para pessoa diversa da sua equipe, atropelando o processo, por ser desavisado ou buscando notoriedade, fato que pode ser evitado, a partir das exaustivas recomendações nas reuniões. A informação para ser aproveitada deve ser gerada e processada em um só tempo útil, porém, sempre na esfera do princípio da oportunidade. Em tempo hábil, o candidato deve ter o conhecimento do que acontece em torno de sua candidatura e de seus adversários, pois é verdadeiramente necessário para atenuar, adequar, ampliar, e produzir seus programas, logo na evolução dos acontecimentos. É importante o conhecimento profundo das campanhas de todos os candidatos concorrentes mais influentes, pois nos últimos quinze dias, os ânimos ficam bastante acirrados, logo, podem eclodir os mais variados tipos de conflito e desconforto. O prévio conhecimento de alguns fatos poderá prevenir infortúnios eleitorais, a partir de um candidato bem informado e bastante prudente. O acompanhamento requer análise periódica e sugere mudança de estratégia na busca, análise e difusão das informações conforme os objetivos a alcançar. A contra-informação nem sempre é o melhor recurso, exceto se os resultados possam ter previsão quase matemática. É necessário estabelecer uma rede de informação interna e externa nos diversos setores eleitorais.

08. DAS ATIVIDADES GERAIS:

a) Das Precursões:

Antes do deslocamento do candidato, uma equipe deve fazer o mesmo percurso com a devida antecedência, tanto de ida como de retorno. Preferentemente, que na equipe de segurança exista um grupo especializado em precursão, se o efetivo comportar. É oportuno lembrar que em nenhum momento ou local o candidato poderá ficar sem seu veículo disponível a qualquer tempo. Não importa onde será desenvolvida a atividade do candidato, se no seu município ou em qualquer cidade do seu Estado ou em qualquer ponto do território brasileiro. O interessante é que aconteça o mínimo de episódio que possa gerar repercussão negativa para o candidato, para sua equipe e para o povo. Preferentemente que a Coordenação de Segurança Pessoal desempenhe para todos os deslocamentos do candidato ou similar, uma precursão prévia, se necessária, repeti-la para conhecer e reconhecer as vias, itinerários, obstáculos, pontos negros, fazer varredura, etc, sobretudo, quando se tratar de rotas consideradas com possibilidade de risco, comunicando prontamente as alterações. O trânsito pode ser um elemento complicador, portanto, a qualidade da fluidez e da dirigibilidade deve ser levada em conta nos reconhecimentos dos itinerários, sobretudo, nos horários de pico. Estas medidas também devem ser aplicadas nos itinerários de retorno, com a presença de elemento precursor avançado, especialmente, quando o candidato estiver embarcado. Geralmente, o itinerário de retorno nem sempre será o mesmo, preferentemente, que não seja, para efeito de uma melhor segurança. Os motoristas engajados devem todos, previamente, conhecer as vias ou delas terem o integral conhecimento, e, principalmente o motorista do carro principal, o qual poderá fazer exatamente o percurso a ser cumprido, a fim de evitar erro, desde que ainda não esteja engajado com o candidato, o qual poderá receber apenas informações precisas. Se o itinerário for um longo percurso ou se o trânsito for de intensidade e volume aliviados, um batedor de ponta e outro avançado podem ser destacados para o prévio reconhecimento do itinerário, substituído o que seria feito pelo motorista do candidato. Quando julgar necessário, proceder a duas precursões (uma com a devida antecedência e outra, minutos antes da partida). Em pontos críticos é recomendado colocar um motociclista avançado para indicar o caminho e servir de guardião no trecho. O fogo amigo no deslocamento do candidato pode ser a velocidade empreendida sob o pretexto de ganhar tempo, o que pode perder algo muito mais importante. Por mais atrasada que esteja a comitiva, a velocidade de seus veículos deve ser em função do tráfego, do horário, das intempéries, das condições do leito carroçável e da regulamentação indicada para o trecho, qualquer que seja a distância a percorrer. É preferível chegar atrasado do que se envolver em sinistro no trânsito.

Principais atividades da precursão:

# Fazer um croqui dos itinerários de ida e retorno, local de estacionamento, locais a visitar, palco, show pirotécnico, etc;

# Levantar pontos de conflito no tráfego e de outras naturezas;

# Conhecer a quilometragem e o tempo de percurso;

# Observar movimentos e a presença de pessoas estranhas ou algo que fuja a rotina daquelas vias;

# Anotar desvios e a natureza da conservação da pista e alterações outras, indicando a localização por número da residência frontispício, quadra, esquina, quilômetro ou ponto de referência;

# Estabelecer o melhor ponto de acesso aos diversos locais, alto horário (paradas), e onde melhor estacionar;

# Imaginar a possibilidade e estabelecer um roteiro alternativo para todo deslocamento, cujas características possam expressar segurança e rapidez compatíveis.

# No local, fazer levantamentos periódicos de todas as características e circunstâncias dos locais onde o candidato irá comparecer, tais como: público presente até o momento, ocorrências policiais e suas origens, lideranças presentes, ânimo das pessoas quanto à expectativa da presença do candidato e à ordem pública, opositores e oportunistas locais, o andamento das atividades e concluir pelo melhor momento para o candidato deslocar-se;

# Levantar atividade paralela local com o objetivo de concorrer com os trabalhos eleitorais que serão desenvolvidos com possibilidade de interferir no programa do candidato; etc.

b) Planejamento:

Qualquer atividade externa do candidato carece de um planejamento, sobretudo, na área de segurança para que possa integrar e compatibilizar os fatos. Todo planejamento deve ter a complexidade e a extensão da campanha e da intensidade dos trabalhos eleitorais do candidato. A agenda do candidato é o ponto principal para se tomar como marco e referência de qualquer plano. Mesmo que seja apenas uma rápida viagem, aparentemente sem repercussão para o candidato, ainda é prudente que se estabeleçam e se definam as possíveis situações triviais e se presumam outras circunstâncias e emergências e em razão de ser um evento político, é necessário que se planeje tudo para minimizar as improvisações, porém, com flexibilidade. É bom que se saiba que novidades e surpresas sempre surgem quando as pessoas se movimentam e todas ficam sujeitas às intempéries e aos antagonismos do meio natural (físico) e social, até porque, geralmente, o candidato segue para lugares diversos da sua base, o qual é sempre encarado como estranho ao ninho, como um concorrente que é, além do mais, o candidato nunca pode andar sozinho, pois a conotação é de esvaziamento.

Vários são os episódios e fenômenos que podem ser previstos em detalhes para evitar desgastes. Digamos, só na área de alimentação, por exemplo, aparentemente trata-se de uma atividade habitual, no entanto é muito complexa quando encarada sob o ponto de vista de um procedimento que deve ocorrer sem falha. Uma coisa é alimentar uma ou duas pessoas, a outra coisa é alimentar uma equipe, geralmente heterogênea, que também devem ser levados em conta, os regimes alimentares e as prescrições médicas de alguns componentes. Conforme o contingente da equipe, carece de restaurante com estrutura, com o qual tenha havido prévio contato para que o cardápio seja variado, não haja improvisação e nada retarde em razão de se evitar fazer alimentação de última hora, pois ninguém em campanha tem tempo a perder e nem adoecer em função de uma alimentação inadequada, pois o adversário não dorme, não perdoa e está sempre pronto para explorar as falhas do candidato rival. A propósito, por uma questão de segurança, conforme a qualidade do candidato, preferentemente, que este não faça refeições em restaurante previamente contatado, podendo utilizar outro, selecionando conforme seu padrão de exigência. O procedimento de planificação é igualmente exigido com relação aos pernoites da composição, abastecimentos dos veículos, instalação de palanque, comunicações às autoridades locais e muitas outras atividades inerentes a um evento político. Nada poderá ser feita com improvisações ou achismo, pois, sempre existe tempo para se planejar e tudo apenas é uma questão de simples previsão. São algumas previsões que merecem assento num planejamento: locais de partida de caravanas ou pontos de encontro para concentração; roteiros e distâncias; datas e horários de saída e tempo de permanência; meios de transportes a serem utilizados conforme a distância e a dimensão da equipe; meios de comunicações; os serviços terceirizados no lugar de destino; oficinas mecânicas e reboques; hotéis, pousadas e similares, de acordo com as pessoas e suas qualidades, de acordo com o efetivo da equipe e a disponibilidade local; palanques; carro de som; “chacretes” ou cousa assim; transporte coletivo para comunidades ou claque; grupo precursor; iluminação, instalações e geradores elétricos; gabinete para o candidato; segurança para todas as ocasiões e locais; distribuição de funções aos diversos componentes; alimentação para toda a equipe; água e lanche dentro do carro do candidato; manutenção veicular; serviço médico, hospital e ambulância; retorno de emergência em razão de acidente ou qualquer infortúnio, atentado (cada um exige uma articulação diferente); locação de veículo; distribuição de panfleto, cartazes e desenvolvimento de outras propagandas; comunicação às autoridades; convites às lideranças e correligionários locais; procedimento em caso de mau tempo conforme a época e a região; colapso elétrico; aeródromo e áreas de embarque/desembarque e estacionamento de aeronave; passeatas e carreatas; locais de entrevistas; atendimento ao público e liderança; material de burocracia e serviço de computação; show pirotécnico e fogos de artifício; fogueteiro; visita do candidato; reunião com as lideranças e com outros grupos; locais de reunião adequados à previsão de público; controle de ânimos em função das provocações dos adversários; definição das equipes de serviços; advogados para acompanhamento dos fatos que eventualmente possam contrariar disposições e interesses de quaisquer lados; etc, etc.

c). Antecedentes já conhecidos e por outros praticados:

01. Coleta e Catadores de lixo muito frequentes a procura de papéis, embalagens de bebidas, vestígios de equipamentos tecnológicos, papéis rabiscados, embalagens de medicamentos e outros indícios que retratem a qualidade das pessoas e o andamento da campanha;

02. Elementos adversários infiltrados na segurança e nos serviços gerais. Cuidado na hora da seleção;

03. Elementos adversários infiltrados na diagramação e distribuição da programação do candidato;

04. Turmas de distribuição de santinhos simpatizantes ou identificadas com um concorrente (fraca distribuição);

05. Turmas de distribuição de santinhos, espiões mercenários a serviço de concorrente;

06. Pessoal da faxina e da cantina conquistado pelo concorrente, mediante pagamento, servindo de agente duplo, informante;

07. Gangues adversárias pagas para provocar tumulto, depredações, brigas, e vandalismos em locais de comícios para causar pânico, etc;

08. Retirada, pichação ou cobertura de cartazes do candidato, à noite e durante o dia;

09. Escuta telefônica, de ambiente e de Rádio VHF/SSB e outras frequências;

10. Arrombamentos às sedes dos partidos, e, aos depósitos e comitês da campanha;

11. Colapso elétrico em determinados locais de concentração;

12. Explosão de boatos para dispersar a atenção do eleitorado e influenciar negativamente no psicológico da equipe e do candidato;

13. Divulgação de folhetos com mensagens pejorativas para deprimir ou desacreditar o candidato;

14. Gravação em comícios e em reuniões;

15. Telefonemas anônimos ameaçadores, inclusive à equipe e à família;

16. Acompanhamento ou campana aos agentes de informações ou comissões especiais para detectar sedes reservadas às atividades capitais e estratégicas;

17. Filmagens e fotografias do candidato em reuniões públicas e em locais de refeições e lazer para detectar a ingestão de bebidas alcoólicas ou algazarras, etc, para comparações futuras, no caso de segundo turno ou imediata exploração em debate;

18. Furação de pneus de veículos estacionados;

19. “Queima” de informantes para intimidá-los;

20. Destruição de computadores, programas, emissão de vírus e outros males contra a informática, inclusive para apagar endereçamento do eleitorado; é bom saber, que um só disquete ou CD furtado do seu comitê poderá comprometer sua campanha ou colocá-lo em maus lençóis. Todo programa de computação utilizado para dar suporte à campanha deve ser editado em duas vias, ficando uma segunda via arquivada em local seguro e definido pelo candidato;

21. Aliciamento de assessores dissidentes do candidato no passado, para denegrir a imagem do candidato no presente; (aliás, o pior dos inimigos futuros são alguns amigos do presente);

22. Articulação para rígida fiscalização de trânsito dirigida contra veículos de esquema do candidato;

23. Neutralizar ânimos da população carente e residente nas áreas adjacentes a um local de comício, pela promessa ou distribuição imediata de certos produtos ou serviços públicos;

24. Provocações para insultar os militantes em atividades;

25. Ordenamento maldoso de pequenas figuras circulares (“bolotério”), inserindo nomes no seu interior, interligadas em torno de um centro com o nome do candidato, contendo nomes de pessoas suspeitas para definir supostos amigos ou correligionários desqualificados do candidato e da coordenação, com pessoas do presente e do passado, para confundir e macular a personalidade do candidato, face às suas relações pessoais e seus atos anteriores;

26. Estimular garotas bonitas e de programa para conquistar pessoas chaves da Coordenação, com o fim de escandalizar a campanha;

27. Cooptar pequenos candidatos instáveis e desgostosos em partidos coligados à legenda do candidato para obter informações úteis ou motivar desânimos;

28. Criação de equipe adversária clandestina paralela, às vezes disfarçada para acompanhar os atos do candidato;

29. Promover a caracterização de uma possível distribuição e ajuda a pessoa carente, sob o pretexto de configurar um crime eleitoral;

30. Pichação com propaganda de desmoralização do candidato em locais estratégicos;

31. Divulgação de estatística fora da realidade;

32. Trabalho de espionagem lento e gradual em cima de pessoas capitais da Coordenação, tais como: coordenador geral, tesoureiro, articulador político, advogado da campanha, conselheiros, equipe de filmagem, etc, sobretudo, captando ligações telefônicas;

33. Oferta de salários mais compensadores a certos participantes e articuladores da campanha do candidato;

34. O esquema adversário tem o hábito de recorrer a especialistas desta e/ou de outras praças para obtenção de atividades de espionagem e contraespionagem de boa qualidade, sobretudo, no rastreamento e gravações telefônicas; às vezes, os espiões apresentam-se camuflados de equipe de cobertura cinematográfica ou outras fantasias;

35. O opositor busca constantemente penetrar a qualquer custo no terreno do candidato após colimar algumas informações. Pretende conhecer profundamente detalhes sobre a equipe do candidato, os nomes de todos, o efetivo, distribuição, articulação de ideias, especialidades que dão nome à campanha, experiências no jogo, intimidades, inteligência individual, trabalhos anteriores (suas histórias), resistência e capacidade de enfrentamento, criatividade, liderança, engajamento, atividades mercenárias, origem de apoio financeiro, pontos de vulnerabilidade, intimidação moral, e, a capacidade que tem a equipe em mudar o rumo da campanha diante um fato de provocação, sobretudo, após divulgação de números estatísticos manipulados ou surgimento de qualquer situação inusitada, a qualquer tempo da campanha.

36. O adversário procura desacreditar as fontes de recursos do candidato, e, destruir equipamentos de apoio, seus reforços localizados em outras áreas, neutralizar correligionários com ofertas e propostas mais compensadoras para trabalhos similares e simultâneos;

37. O adversário, quando encurralado, pode espalhar um boato mentiroso de que o candidato em ascensão resolveu abandonar a campanha, que se encontra gravemente enfermo, desistindo de concorrer às eleições, principalmente, junto às pessoas pouco informadas, fazendo nos últimos dias;

38. Ultimando seu plano dinamite o concorrente vai a fundo, antes de lançar seu ataque final; quer certificar-se da capacidade que tem o candidato em saber inverter o jogo em qualquer das duas situações infra:

a. Se a população passar a participar da campanha e a tendência dominante for para o opositor; assim sendo, qual a reação eficiente do candidato?

b. Se a população massificar sua intenção eleitoral para o candidato, nesta hipótese o opositor lança sua ofensiva para inverter o quadro; neste caso, como se comporta o candidato?

d) Situações que inspiram cuidados

01. Andar o candidato sozinho ou apenas com sua família, durante o período de campanha propriamente dita, a pé ou mesmo no seu veículo; em lugar ermo nem pensar; o candidato é sempre uma pessoa visada e invejada, portanto, poderá sofrer a qualquer momento, no mínimo, uma ameaça;

02. Transitando nas estradas é bom conservar-se sempre atento, mesmo que esteja devidamente acompanhado;

03. Ao se envolver em acidente de trânsito, procure solucionar tudo o mais rápido possível, de forma a permanecer no local da ocorrência, o tempo mínimo necessário; se resultar vítima e ainda tendo condições emocionais, procure administrar o socorro solicitando o apoio de terceiros; se estiver na companhia de alguém, é bom que este tome todas as iniciativas quanto as melhores soluções, de forma que a permanência do candidato naquele local seja ínfima;

04. Se a família viajar sozinha, que seu destino não seja difundido para ninguém, nem mesmo para onde seguirá, nem divulgando datas e horários das viagens;

05. À noite, ao recolher-se para repousar, é bom ter cuidado para com o fechamento de suas portas e portões e outros pontos de acesso, inclusive, no período de maior enfoque da campanha, que mantenha uma vigilância diuturna; as surpresas podem sair mais onerosas do que um segurança;

06. O retorno para casa pela madrugada é sempre um momento de perigo; antes de sair de onde se encontra é bom telefonar comunicando o seu retorno, para que exista alguém para abrir o portão da garagem sem demora ainda que o portão tenha acionamento automático para abrir e fechar. A residência é sempre o lugar mais certo para encontrar qualquer pessoa. Se resolver sair também pela madrugada é bom adotar semelhantes cautelas quando para chegar;

07. Evitar receber sozinho qualquer pessoa no portão, sobretudo, se for desconhecida; pessoas desconhecidas ao adentrarem é bom que sejam acompanhadas de alguém; aliás, candidato não é para estar sozinho, devendo ter sempre alguém ao seu redor;

08. Se em qualquer de suas movimentações levantar suspeitas de que algum indivíduo o segue, é bom comunicar para terceiros o quanto antes, se for o caso, refugiar-se em lugar seguro, enquanto a situação de alguma forma possa ser superada, fazendo pronto registro policial.

09. Estabelecer um esquema de segurança para seus filhos, sobretudo, para aqueles que se encontram na idade escolar e depende de alguém para levá-los aos colégios; é bom conscientizá-los do risco a que ficam expostos, em razão da campanha;

10. Situações adversas sempre podem surgir, no entanto, todos devem estar preparados para enfrentar; é bom saber que ninguém cresce sem reação.

09. PRESCRIÇÕES DIVERSAS:

a) Possuir um mapa do País, dos Estados, dos Municípios, dos Distritos e dos Bairros, conforme o nível da campanha e os lugares para onde os trabalhos eleitorais possam ser desenvolvidos; um mapa ajuda a ganhar a guerra, viabilizando, sobretudo, o sucesso. Por se tratar apenas de uma campanha eleitoral como prática democrática, isto é, uma amistosa luta convencional entre legendas e candidatos pela conquista do poder, envolve e exigi apenas inteligência e estratégica como maneabilidade política para persuadir ao eleitorado a convencer-se a acreditar nas propostas do candidato, culminando com a vitória;

b) Fazer croqui de qualquer local onde possa acontecer um evento;

c) Desenvolver planos de segurança específicos para cada caso;

d) No efetivo da segurança devem existir agentes com treinamento em serviços de som, eletricidade e mecânica entre outras funções, se não houver, é bom terceirizar estas funções, para se evitar atropelos de última hora que pode até impedir a execução de eventos;

e) É recomendado existir o maior número de motoristas no efetivo selecionado;

f) Todos da Coordenadoria devem conhecer o programa de segurança que irá ser praticado; discuti-lo é sempre oportuno;

g) Manter boas relações com repartições e entidades locais e prestadoras de serviços que possam apoiar cada evento;

h) Qualquer agente que venha ser afetado emocionalmente deve ser liberado para alguma folga, antes que ultrapasse seus limites, pois, trata-se de um indicador de exagerada rotina ou uma leitura de estresse; é bom reaproveitá-lo e reanimá-lo; descartá-lo não é uma boa prática, podendo até utilizá-lo noutro setor da segurança para não migrar para o campo do adversário, onde isto pode ser feito e recebido com muita homenagem;

i) É necessário que os Coordenadores, periodicamente, aproveitem os espaços com menores engajamentos para treinar o pessoal, evidenciando as falhas, os excessos e outras dúvidas surgidas;

j) O abastecimento das viaturas deve ter o seu primeiro momento à noite, logo ao encerrar as atividades ou logo pela manhã, em horário que se presuma a não utilização dos veículos; os sucessivos abastecimentos ocorrerão à medida das necessidades. Igualmente, a limpeza e a manutenção de primeiro escalão, sempre em horários que não contrariem as atividades agendadas; as viaturas da segurança devem estar sempre limpas, com boa apresentação e em ótimo estado de funcionamento e conservação;

l) O presente plano deve sofrer a necessária complementação a cada período que se aproxima o dia “D” e a adequação à real prática da campanha;

m) Como em todas as atividades, a segurança também tem o sucesso garantido por uma boa linha logística.

n) Que todos os integrantes da equipe de segurança do candidato recebam as necessárias instruções sobre a legislação eleitoral para que as suas atitudes e iniciativas estejam sempre colocadas nos parâmetros da legalidade, de forma que nenhum ato possa comprometer ou inviabilizar o andamento da campanha ou até mesma a própria candidatura.

Manoel Damasceno

mdsweb@uol.com.br