Insegurança é nociva à saúde

Insegurança gera enfermidade. Como se já não bastassem as doenças relacionadas com as endemias, com aquelas advindas com os vírus, com as pragas e com algumas próprias do estilo de vida, da região onde se habita, da degradação do ecossistema, da falta de estrutura de saneamento, da inanição herdada, e, várias outras; agora, sem distinção, todas as pessoas estão expostas a elevado risco de vida e saúde, não por conta de epidemia ou coisa assim, mas por uma segurança já debilitada, frágil e virulenta; quaisquer dos males trazem conseqüências desagradáveis e até transmissíveis, com perigo de contagiar desde a família até uma comunidade; a tudo isto, somem-se as doenças profissionais e outros grupos que aparecem com o avanço das faixas etárias, com a hereditariedade, com a etnia, com as mutações meteorológicas, além daquelas que se hospedam com o avanço da tecnologia, que culmina com as emissões de elementos poluentes severos e até radioativos fora de controle.

Apesar das diversas conseqüências dessas inúmeras enfermidades, muitas podem ser plenamente evitadas com simples medidas de prevenção, a exemplo das vacinas, hábitos de higiene, exercícios físicos, prevenção clínica e outras iniciativas que imunizam, garantindo um estado saudável, inclusive, transmitindo o mesmo grau de resistência aos seus descendentes, portanto, de fácil defesa, controle, identificação da origem e, em qualquer caso, de razoável profilaxia.

A toda esta possibilidade, some-se um tipo de enfermidade mais drástica, grave e brusca, às vezes inevitável, que pode atingir o físico, o emocional, a auto-estima, o patrimônio, a beleza, a família, a vida; é um mal fora do quadro das doenças e que se contrai abruptamente com a expansão da violência e da insegurança, não sendo de fácil defesa nem de prevenção, em alguns é letal; todos estão sujeitos a se tornarem vítimas, que, por maior que possa ser o esforço para se protegerem, não alcançam a plena isenção, pois contra a violência não existe vacina, portanto, qualquer pessoa mostra-se vulnerável; às vezes, deixar de se envolver num fato de insegurança pelo simples fator sorte, considerando que até mesmo as pessoas estão sendo atingidas por balas perdidas dentro de seus apartamentos. Estes males, que não têm origem nas doenças psico-somáticas, são explicados pela demanda da violência e a falta de acompanhamento; quando não são fatais, as lesões e seqüelas muitas podem se arrastar durante a existência das vítimas ou se instalar por prazos intermináveis, deixando suas vítimas inativas, deprimidas, inconformadas, improdutivas por duradouros períodos, paraplégicas, quando não as deixam em estado de coma, com incontáveis ônus e complicações para as vítimas, para a família, para a sociedade e para o Estado, além do comprometimento financeiro inevitável, que, para traumatizar, a vítima tem que constituir um defensor por altíssimos honorários para provar sua inocência e que foi vítima, portanto, complicando a situação, sob todos os aspectos.

Por mais que as pessoas sejam previdentes e se esforcem para tal, ninguém é dotado de uma memória de defesa infinita, pois não se pode e nem é possível viver as vinte e quatro horas de um dia, continuamente, em qualquer lugar em que se encontre, sempre pensando e agindo para se livrar de ato de violência ou de insegurança, temendo tornar-se vítima ou até se envolver como agente por conta do exercício de sua defesa própria; ter esta constante preocupação seria um procedimento doentio, tornando-se uma panacéia. A plena defesa torna-se impraticável, pois, as pessoas precisam se dedicar ao trabalho e a outras coisas boas da vida, até porque o delinqüente causador sempre está a rondar suas vítimas, pois certos tipos de crime, na sua fase antecedente, existem de forma invisível e a criminalidade é sempre onipresente e age muitas vezes aproveitando o elemento surpresa.