Grau de Eficiência Policial

Vencer a violência e estabelecer a segurança não é uma questão de sorte e nem podem ser alcançadas com arranjos ou improvisos, muito menos esses resultados aparecem de forma espontânea. Tudo tem que ser planejado, com previsão de resultado, principalmente, tecnicamente acompanhado. O difícil é só começar. Qualquer solução está em saber e querer identificar o problema, isolando-o para efeito de estudo. Na segurança, modernamente, surge um fenômeno preocupante, a solução está migrando com muita urgência dos punhos da polícia e se instalando com aparência de irreversibilidade nas mãos de que tem o poder da tecnologia, atraindo simpatizante e sedimentando esperança, enquanto isso, a ciência assume esse compromisso, conquistando e ampliando seu campo de responsabilidade na promoção da qualidade de vida do cidadão, inclusive, na forma e no controle do relacionamento entre as pessoas dentro e fora do espaço público. Esta flagrante concorrência da tecnologia com os órgãos de segurança pública faz desviar o foco de atenção da população (em relação ao policiamento indiferente) para acreditar nos resultados dos novos paradigmas advindos dos modernos e eficientes equipamentos, sobretudo eletrônicos, especialmente, os mais diversos tipos de radar, todos colocados a serviço da tranquilidade da população, com atuação pacífica e com a precisão que só a máquina moderna traduz e quase sem sacrifício para o erário, portanto, o homem policial acomodado vai se tornando um simples operador dos instrumentos e a sua função policial mostrando-se secundária, logo substituível por pessoas comuns sem a necessidade de formação policial, portanto, em curto prazo, as organizações policiais devem se movimentar o suficiente na direção da prevenção objetiva para conquistar a credibilidade necessária à sua sobrevivência como instituição. No passado, com o advento da máquina, logo o automóvel chegou à polícia, hoje, com o fenômeno da computação, a informática instalou-se na segurança, revolucionando todo o sistema, globalizando a segurança. Os novos modelos de equipamento de vigilância estão por toda parte, ao longo das vias públicas, nas empresas, nas residências, nos condomínios, na indústria e no comércio, tudo com um único objetivo, captar informações, visando corrigir desvios, responsabilizar seus autores e ajudar a elucidar fatos enigmáticos. O que deve preocupar a polícia é que a concepção desses instrumentos tecnológicos não é privativa dos órgãos de segurança, portanto, qualquer administrador de visão bem intencionado de outro poder público ou do segmento privado ou mesmo de estamentos Comunitários, pode, quaisquer deles, tomar a iniciativa com um ousado projeto alternativo de última geração para minimizar a verticalidade da insegurança, que, animada com os resultados, a população o aplaude prontamente como forma de reconhecimento da tranquilidade que aquela iniciativa traduz; dentro de uma análise comparativa, os setores beneficiados e mais entusiasmados com os grandes efeitos alcançados pelos equipamentos tecnológicos de segurança eletrônica passam a questionar os crescentes, pesados e onerosos efetivos policiais refratários e poucos mobilizados, até porque a relação custo-benefício da segurança tecnológica, o benefício mostra-se muito acentuado, ainda que em alguns casos nenhum equipamento possa substituir o policial. Prender não é o fim dos órgãos policiais; não basta ter agentes apenas para executar a prisão de criminosos e formalizar autos processuais, o importante é saber evitar fatos delituosos, pois, somente a prevenção continua sendo capaz de refrear atos delinquentes, reduzindo a violência na prática, pois na teoria, antes da divulgação dos índices tomados como marketing da eficiência e da competência policial, os números sofrem manipulação e adequação às conveniências e pode ocorrer até erros de cálculos para menos, cujos resultados são sempre questionáveis diante dos fatos que nacionalmente estão sempre em ascendência. No campo da preventibilidade, as empresas de segurança privada vêm mostrando na prática como conseguem manter o equilíbrio da ordem no âmbito dos espaços físico e social nos quais seus agentes exercem as atividades relativas à vigilância. Na verdade, tudo que os vigilantes exercitam são práticas e estratégias de caráter preventivo, nada mais do que isso, fazendo conjugar esforço de observação visual com captação de informações eletrônicas, contudo, sem nenhuma ênfase para as medidas de caráter repressivo, enquanto não se esgotarem todos os recursos da sua precípua prevenção. A segurança preventiva não é uma invenção do presente e como prática não é um exemplo que se pode atribuir à segurança privada, ela remonta dos mais longínquos tempos, mas que as polícias, por seus dirigentes, ao longo dos últimos anos vêm abolindo e investindo intensamente nas atitudes repressivas mais fantasiosas que facilmente ganham espaço nas manchetes, principalmente nas TVs coloridas que mostram o perfil e a fisionomia de seus autores, pessoalizando-os, fazendo amaciar o ego de quem está ávido por promoção, mesmo sabendo que suas atitudes radicais embrutecem seus agentes policiais de execução e que tais iniciativas até agora nada representaram para o aperfeiçoamento da ordem pública muito menos para a inversão da crescente onda de violência. Violência se combate com inteligência. Enquanto isso, o espaço da prevenção vai sendo ocupado pela iniciativa privada, que, diga-se de passagem, essas empresas estão conquistando o espaço e ocupando com propriedade, garantindo o mercado e sem retrocesso. A polícia, com essa modalidade de combate radical apoiada por atiradores de elite, está optando pelo mais difícil desempenho, o exercício da repressão a todo vapor, a prisão e o amplo enfrentamento para legitimar as mortes drásticas de bandidos e de inocentes nos violentos embates policiais nas crises de delinquência urbana, emissão de balas perdidas, inclusive, muitos policiais também já tombaram no cumprimento de uma imprudência repassada como dever, portanto, desnecessária, sem que ninguém seja responsabilizado por tais imprudências legitimadas como atos de polícia. Toda iniciativa policial tem que ser adequada à lei, exequível sob os pontos de vista tático e ético, planejada, com previsão de resultado, principalmente, tecnicamente desenvolvida e acompanhada, para não dizer cientificamente monitorada. O difícil é só recomeçar.

Qualquer trabalho de polícia carece de planejamento e determinação, de protocolos concebidos para atividades afins, sobretudo, de parâmetros eficientes para medir e conhecer com profundidade os resultados decorrentes da prática das estratégias, da aplicação dos recursos materiais e do desempenho dos profissionais, enfim, para que se certifique do Grau de Eficiência (GE) de tudo e de todos, em razão do serviço prestado à população. Nenhuma atividade policial pode ficar sem controle, pois nada ocorre por si próprio e tudo é fruto de um esforço conjunto, muito oneroso, além de poder desencadear uma série de implicações. Em se tratando de operações policiais, nenhuma destas atividades é autoaplicável por setores essencialmente de execução; quaisquer delas carecem de planejamento da iniciativa ou homologação de escalão superior normativo da instituição considerada, para que se alinhem oportunidade, estudo, previsão, implicação, execução, resultado, avaliação e crítica. Esse conhecimento é essencial para instruir novos planejamentos, fazer adaptações, estabelecer comparações com atividades idênticas e similares passadas e previsões futuras, consagrar e difundir tecnologias, premiar, responsabilizar, cobrar participação, fazer correções ou ampliações, estimar desempenho, reunir, por fim, para se certificar se o esforço alcançou os objetivos projetados e quais foram seus óbices e o que mais contribuiu para o exercício dessa ou daquela atividade.

Especificamente, o grau de eficiência aqui tratado, refere-se ao atendimento às ocorrências; ele é um dos termômetros que pode ser utilizado pela administração para mensurar a eficiência da unidade responsável por este tipo de serviço, isto é, pelos atendimentos, através da emissão de suas patrulhas motorizadas. Os critérios de aferição podem pertencer aos mais diversos processos, desde que confiáveis, práticos e eficientes. O importante é que não se deixem as cousas acontecerem por si só, isto é, atender, não atender ou retardar o tempo que alguém achar conveniente, podendo ocorrer quando ainda não existe qualquer acompanhamento ou censura, para que a linguagem dos resultados seja logo interpretada e dado um significado tecnicamente corretivo, quanto a ampliação e a qualidade do serviço. Aqui será discutido apenas um processo entre muitos que podem ser utilizados. Este levantamento aqui estudado refere-se a uma seleção quantitativa, pois não leva em consideração a qualidade do atendimento, se bem que uma cousa interfere na outra. A qualidade pode ser obtida e estudada, fazendo-se uma enquete junto aos solicitantes que registraram as ocorrências.

Para se obter o grau de eficiência em análise, leva-se em conta o número de ocorrências comunicadas e o total de atendimentos devidamente solucionados, principalmente, tomando como amostragem, um período ou um turno de seis horas contínuas, nas vinte e quatro horas de um mesmo dia, inclusive, podendo fazer levantamentos parciais horários. Além dos turnos, o levantamento ainda pode se relacionar com a natureza dos dias, distinguindo-os em útil, não útil e véspera de dia não útil, feriado ou cousa assim.

Para se ter uma noção dos resultados da eficiência, torna-se necessária que se atribua uma nota máxima ao atendimento total, isto é, quando o órgão atende todas as ocorrências registradas, que aqui, arbitramos o valor dez (10), que corresponde ao atendimento de todas as ocorrências denunciadas, comunicadas ou registradas via telefone, internet, rádio transceptor policial, imprensa (rádio e televisão) ou outro meio de pronta comunicação; esta nota máxima corresponde a um conceito ótimo, indicando atendimento 100%. Se desejar, a nota para o conceito ótimo, pode ser diferente de dez, para mais ou para menos, no entanto, o mais aceitável e de melhor cálculo é o número dez (10). A nota máxima referida anteriormente corresponde a uma escala que varia de zero a dez, relacionada com outra escala de conceitos os quais variam de insuficiente ao ótimo com seus valores correspondentes abaixo (I, R, B, MB e “O”), indicando o verdadeiro grau de eficiência. Para se chegar a qualquer nota e seu correspondente conceito, aplica-se um módulo ou fórmula. Para se operar com o módulo, devem ser conhecidos apenas o total das ocorrências registradas e os números das ocorrências atendidas e solucionadas, relacionando estes dados com a nota máxima que será uma constante dez Com o conhecimento do conceito torna-se fácil conhecer o atendimento em percentual; para isto torna-se necessário multiplicar a constante dez, pelo valor do grau de eficiência encontrado que corresponde ao conceito obtido.

Como o grau de eficiência varia de zero a dez e o conceito vai de insuficiente até ótimo, é necessário que sempre se faça uma avaliação e uma crítica diária, para que possam ser aplicadas prontas medidas para contrapor às possíveis defasagens e não se repitam nos serviços seguintes, e, sendo o caso, identificação de responsáveis. Se o conceito é insuficiente ou regular, pode ser que a discrepância no atendimento esteja assim relacionada com o tipo de articulação do centro de operações e as patrulhas avançadas; com a falta de integração da equipe ou a presença dissonante de um componente; com a qualidade das viaturas; com um insignificante treinamento policial específico; com a falta de apoio e motivação ao homem; com fraude ou omissão deliberada de atrasar ou não praticar o atendimento em razão da natureza do fato; com a má posição e distribuição das viaturas para os atendimentos; com o reduzido número de patrulhas para uma grande demanda de ocorrência em razão de um espaço social e territorial muito ampliados; e, com outros motivos relacionados com a topografia do terreno; com o tráfego; com o traçado urbano; com a expansão territorial e suas fronteiras; com a qualidade do revestimento das vias que formam a teia viária; com o tipo de envolvimento emocional e profissional dos patrulheiros e outros componentes da grande equipe do turno; com o tempo para solucionar o problema no local ou na delegacia; com um comportamento esdrúxulo dos patrulheiros em retardar o atendimento; com o desvio de finalidade das viaturas; com pane ou baixas às oficinas, entre outros. É bom fazer um estudo generalizado e específico para se conhecer com detalhes as razões dos possíveis conceitos baixos, quando assim forem apresentados.

Se a eficiência estiver classificada como bom ou muito bom, o órgão está num estágio que não pode deixar cair e que é necessário acompanhar o volume das ocorrências, investindo na articulação do sistema, na manutenção dos recursos móveis e outros periféricos, sobretudo, no treinamento específico dos que fazem parte de todo o sistema administrativo e operacional. Melhorar é sempre necessário. Se o conceito for ótimo, refletindo a maior nota, pode ser um sinal de que há uma excelente articulação, um parque automotivo muito ampliado e extremamente suficiente para atender as ocorrências acima da demanda, porém, também pode ser um sintoma da falta de ação preventiva ou visivelmente esquecida, com dedicação quase que exclusiva aos atendimentos, embora esta prática tenha seu mérito, mesmo assim, reflete sinal de descaso com a segurança, pois esta é sinônimo de prevenção e tranquilidade; este poder de pleno atendimento torna-se compulsório, quando existe baixo registro de fato policial ou se contabiliza um visível declínio dos números da violência local, casos que facilitam o atendimento total, implicando na existência de uma boa prevenção. Na hipótese de comprovada ausência, ineficiência, descaso ou desestímulo às ações efetivamente preventivas e a polícia esteja querendo compensar com o atendimento 100% dos casos de ocorrência ou a tal tolerância zero, o volume das ocorrências tende a crescer, pois fica patente que a polícia sempre chega depois do bandido, fato que vai exigindo um mega esquema de atendimento dentro de uma sintonia operacional a qualquer prova, onde o sistema está sempre reclamando da organização, da falta de injeção de repetidos e renovados recursos financeiros para sucessivos investimentos em material para operações de rotina, com maior ênfase sempre para as viaturas; se a opção for sempre o acréscimo ao atendimento às ocorrências, a violência generaliza-se, pelo esquecimento da prevenção, podendo chegar às barras da invencibilidade por meios pacíficos convencionais, deixando a população extremamente intranquila, insegura e a polícia comprometia. Se a autoridade não quiser ser intolerante, deve ser preventiva. Esbanjar em material só para ampliar as ações de atendimento do tipo convencional só faz alimentar o trivial ou se preferir exceder em efetivo, este acréscimo não assegura qualidade, cujo quantitativo só acarreta crescentes investimentos decorrentes do maior quadro pessoal; as duas práticas são fáceis, pois só dependem do dinheiro do contribuinte, mas nenhum é eficiente por si só. Trabalhar dinamicamente com o que já existe é o exercício de uma produtividade indiscutível.

Em toda esta avaliação para se obter o grau de eficiência do atendimento às ocorrências, existe um componente que tem sido um grande desafio às polícias, trata-se da exatidão ou o tempo máximo aceitável de presteza ao atendimento, que é mais importante do que é a assiduidade ao sítio da ocorrência, ganhando discussão veemente e mais frequente. Quantos minutos podem ser contados entre a comunicação à polícia e o seu comparecimento ao local? Eis o “x” da questão, mas, o “X” da segurança está, principalmente, na prevenção, porém, deve ser uma prevenção moderna, técnica, dinâmica e inteligente, com seus policiais bem formados e informados. Tudo devidamente acompanhado. A polícia dispõe de um tempo em contagem regressiva para o pronto atendimento às ocorrências, por que assim também sempre age um grande universo de criminosos, sempre minimizando o tempo de cada um dos seus crimes, sobretudo, aqueles que praticam delitos enquadrados como crimes organizados, cujo tempo que dispõem para executar seus planos de ação e fuga são dimensionados e ínfimos, pois pretendem evitar a polícia, para que o crime perpetrado compense para eles. Esta compensação significa descrédito policial. Três minutos constituem o tempo médio para execução de um assalto a um banco, enquanto um homicídio por encomenda é mais rápido; enquanto isto, poucos esquemas policiais iniciam a articulação. As três fases de um grande acidente de trânsito ocorrem em apenas três segundos, ainda que alguns aconteçam em fração de um segundo. Agora, qual seria mesmo o tempo aceitável para contabilizar como uma ocorrência atendida? A melhor resposta poderia ser incontinenti, isto é, o mais rápido tecnicamente possível, no entanto, isto depende do alinhamento de uma cadeia de elementos, nem sempre de fácil manejo e articulação. Qualquer resposta quanto ao tempo supostamente ideal, pode ser demasiadamente precipitada dentro do processo que estuda o atendimento às ocorrências. Para se falar sobre o tempo máximo aceitável para o atendimento, deve-se levar em consideração, o estágio da própria polícia, a qualidade do projeto de prevenção, a geografia e a urbanização da cidade, os dias da semana, os horários, o tamanho da área de aplicação do contingente e seu conglomerado habitacional, pois, quanto menores forem os adensamentos urbanos e humanos, maiores são as possibilidades de um rápido atendimento. Se o fato já estiver plenamente consumado ou se a situação apenas estiver na via de iminente risco e perigo de deflagração, ambas têm o seu grau de urgência para o atendimento, o que torna o assunto, numa questão muito complexa; decidir a prioridade, passa por uma escala de valores e conhecimento de informações dos fatos, contudo sem protelar, pois a fuga do delinquente é protegida por lei, considerando que livra o flagrante. A despeito de qualquer dificuldade, a polícia tem que marcar presença, pois sua omissão plena é quase que a decretação da falência do órgão. Agora, fazer o registro como efetivo atendimento a uma ocorrência após o afastamento das partes principais envolvidas, em que as pessoas cansaram de telefonar e esperar, pelo simples fato do simples comparecimento da polícia ao local, sem levar em consideração o tempo que demandou, é querer mostrar um poder de articulação que não é real, querendo estimar demais o trabalho do centro de operações ou outro órgão de articulação policial, portanto, meramente precipitado. Independentemente do tempo que separa a comunicação da ocorrência e a presença policial, não se pode computar como atendida, uma ocorrência cujo local tenha sido violado, tornando-se inidôneo, tenha havido tempo para fuga ou evasão de quaisquer das partes, ou mesmo, a ocorrência original tenha desencadeado um novo fato.

Qualquer que seja o grau de eficiência do órgão é bom que se faça uma análise sobre os horários que mais ocorreram retardamento ou que deixaram de registrar o atendimento aos fatos delituosos, bem assim, quais os tipos, circunstâncias e a natureza da ocorrência onde há mais negligência quanto ao comparecimento policial. Todos estes conflitos devem ser relacionados entre si. Alguns fatores podem estar presentes nessas omissões, sendo exemplos, os momentos consagrados para as diversas refeições em que várias patrulhas se afastam simultaneamente, inclusive o pessoal de controle interno, os momentos das substituições, que geralmente não ocorrem nas respectivas áreas de serviço e normalmente se dão ao mesmo tempo, etc. A propósito dos horários de rendição da equipe e das suas refeições, é bom saber que a delinquência não se reveza e o seu maior apetite é o descaso policial. Os delinquentes não esperam que a polícia reassuma seus postos em razão de qualquer afastamento, mesmo que tenham causa relevante. Bandido não dá trégua.

Considerando que a segurança só existe enquanto não houver nenhuma violação criminosa, é bom frisar que atender às ocorrências delituosas, na sua essência, não é fazer a segurança da população, pois tudo o que tinha de acontecer já se consumou e o quadro é de plena violência e colorido de muita insegurança, logo, trata-se apenas de um serviço anti-impunidade que também tem seu mérito, pois o que foi praticado não pode ficar impune. O esforço de algumas polícias em realizar vastos atendimentos deixa perceber o sentimento de culpa dividida, que, a todo custo, as polícias tentam reparar seus próprios erros pela falta de prevenção, isto é, mostrando-se muito eficientes, porém, após o fato se consumar. Todos sabem que promover a segurança significa evitar que o fato criminoso se realize, isto é, fazendo a prevenção, alcançando a inversão da tendência. Talvez este desafio seja em razão de que a prevenção é um trabalho que exige grande engajamento e é uma atividade de muita envergadura. O importante é evitar que o crime se configure. Conhecendo a importância que a segurança representa para todas as atividades da população em quaisquer circunstâncias, é permissível classificar a segurança como um bem tangível, ainda que não se possa tocá-la, no entanto, é possível perceber na expressão corporal de um e de todos, nas suas conversações, no semblante de alegria estampado na face de muitos, traduzindo a certeza que ocupa seu lugar em cada cidadão, deixando-o confiante. Este negócio de dizer que está atendendo l00% das ocorrências policiais comunicadas já não mais convence a população, não resolve, não freia a insegurança; as pessoas não querem ser vítimas de assaltos, furtos, seqüestros, lesões e homicídios e de outros ilícitos penais para que sejam notadas pela polícia; na verdade, a população está sofrendo muito com o crescimento da violência, sem que ninguém se mostre eficiente, para, pelo menos minimizar os índices, os quais crescem geometricamente a cada dia, a cada mês e a cada ano. Mesmo assim alguns se referem à difusão da cultura da violência, como se a existência dessa violência fosse uma retórica, um fato imaginário, uma suposição, mesmo assim, qualquer realidade pode vir de uma utopia e este discurso há muito é uma realidade. Esses defensores talvez estejam em lugares privilegiados, bem colocados e seguros. Pergunte às vítimas e irá sentir o drama de todas as pessoas e de todos os dias; procure conhecer o quanto a nação gasta em razão da insegurança. Para completar, procure saber o número da população carcerária, da soma dos mandados de prisão por fuga ou julgamentos à revelia e as estatísticas dos que se mantém sob o manto da impunidade pelos mais diversos motivos. Em razão disto muita gente está entrando em desespero e fazendo seu próprio juízo da eficiência policial, que na verdade a responsabilidade não compete só à polícia. Investir para o atendimento às ocorrências parece que faz esquecer a prevenção ou talvez porque prevenir dá pouco ibope. Tudo tem que haver um meio termo. Com certeza a prevenção tem pouca fantasia, muita ação e grandes resultados. Nas mãos da polícia está grande parte da garantia de ir e vir das pessoas, portanto, muita atenção, para isto, conta com um poder imensurável que o de polícia, cujo código ainda não está bem decifrado pelos órgãos policiais, portanto, desconhecem sua própria força.

As polícias devem continuar fazendo algo sempre produtivo, para que não migrem para aquele adágio: “quando não se pode combater o adversário, alia-se a ele” e para que em razão da violência desenfreada, como forma de sobreviverem no sistema sem perseguição, não surjam involuntários apologistas do crime em geral, pois já bastam aqueles exóticos que defendem a legalização do uso da maconha, escudando-se numa deslavada justificativa de que deixando de ser proibido, a erva deixará de ser consumida; balela; ela não é nada inofensiva, isto seria um retrocesso a todo vapor, condenável já no seu nascedouro e reprovável ainda enquanto pensamento; os especialistas no tratamento de dependentes químicos sabem muito bem o que significa para a saúde pública e para o erário a tal liberação da maconha; com certeza, seria um grande abalo para as famílias e o fim da sociedade. Manter a proibição é a palavra de ordem. A tranquilidade pública tem que ser mantida, a despeito de qualquer conveniência mais progressista, inclusive, de setores dos segmentos públicos, onde alguns componentes defendem a liberação da erva para os livres e outros para os presidiários, contudo, sem sustentação e nenhuma legitimidade. Todos, livres e presos, precisam mais de exemplos e organização do que de maconha ou de qualquer tóxico. Fora a defesa da lei da intoxicação.

Ao final, apresentamos um quadro constando um formulário que pode ser adaptado e transformado em programa de computação, cujo preenchimento de suas lacunas, ainda que manual, apresenta a nota do grau de eficiência do momento, o seu conceito e o percentual de atendimento. Agora, para se saber quantas viaturas eram necessárias para fazer semelhantes atendimentos ao total das ocorrências daquele período, basta armar uma regra de três simples direta; digamos: se para atender 100 ocorrências no grau de eficiência tal foram utilizadas 50 patrulhas, quantas viaturas são necessárias para semelhantes atendimentos a 120 fatos policiais registrados no mesmo turno? Resposta: 60 viaturas.

Vejamos alguns dados necessários para se trabalhar e se calcular os resultados desejados:

Dados:

- Ocorrências registradas (OR) = 120;

- Ocorrências atendidas (OA) = 100;

- Número de patrulhas (Vtr) = 50;

Resultados:

- Grau de eficiência (GE) = 8,333 pontos;

- Conceito = MB;

- Percentual de atendimento (% PA) = 83,33%;

- Defasagem no atendimento (DA) = 20 ocorrências (l6,67%);

- Patrulhas necessárias (PN) = (50+10) = 60.

OBS: vide abaixo, o assunto “Cálculo”, o qual faz parte desta matéria.

Grau de Eficiência

Cálculo

Atendimento às ocorrências

(Seleção quantitativa)

Unidade Policial = Subunidade =

Cidade = Área = Setor = Sub-setor =

Data Dia Mês Ano

Turno A ( ) B ( ) C ( ) D ( )

Dia da semana Seg ( ) Ter ( ) Qua ( ) Qui ( ) Sex ( ) Sab ( ) Dom ( )

Dia ( ) Útil ( ) Não útil ( ) Véspera de feriado ( )

GRAU DE EFICIÊNCIA (GE) – Cálculo

Dados necessários:

OR = Ocorrências Registradas ....................................................................................( )

OA = Ocorrências Atendidas ....................................................................................( )

10 = Constante. (Conceito máximo).

Módulo:

GE = 10xOA

OR

GE = , Três decimais

CONCEITO DO GRAU DE EFICIÊNCIA

0 a 3,9 4 a 5,9 6 a 7,9 8 a 9,9 10,0

I R B MB “O”

Avaliar causas Melhorar OK (*)

PERCENTUAL DE ATENDIMENTO (PA) – Cálculo

MÓDULO PA = 10 x GE

PA = , % Duas decimais

(*) Se houver registro de muitas ocorrências, é bom dedicar-se mais à prevenção.

Sugestão: é melhor não computar ocorrências atendidas após dez (10) minutos do registro.

Manoel Damasceno

Em tempo :

Uma polícia não pode ser grande em efetivo, de fronteiras legais amplas e cheia de equipamentos, quando lhe faltam virtudes que são os esforços que equilibram a segurança do seu povo.