Polícia preventiva velada

Um contingente egresso do ostensivo, com capacidade de observação aguçada e plena discrição, destacado para fazer parte do ambiente onde for atuar, sem interferir em nenhum problema, apenas gerando informações, intermediando e sugerindo providências locais e, conforme o caso, pragmáticas.

A polícia preventiva velada aqui referida não é um contingente do chamado “serviço de inteligência”, ainda que possuam algumas semelhanças, os dois têm objetivos diferentes, enquanto a finalidade é a mesma de qualquer órgão de segurança, isto é, maximizar a segurança, quer combatendo a violência e a insegurança, quer assegurando a defesa do cidadão. A polícia preventiva velada não se envolve com investigação de crime perpetrado, apenas prevê a possibilidade de ocorrência.

Trata-se de uma tropa policial treinada para se infiltrar e atuar entre os habitantes de determinadas áreas, envolvendo-se nas atividades de rotina da população, nos diversos tipos de multidão e aglomeração de pessoas nos logradouros e ambientes públicos, outros com acesso permitido, com entrada condicionada ou não a pagamento, convite ou outra forma de controle, a exemplo de mercados públicos, feiras livres, áreas escolares, centros comerciais, filas de coletivos, reuniões diversas, show, circo, parques, festivais, quadra de esporte, clubes, boate, etc, com relativa ou boa freqüência pública. Esse policiamento não se pronuncia diretamente como policial, apenas se trata de um suporte do ostensivo e do preventivo como um todo, preenchendo os vazios que não podem ser ocupados pelo homem fardado, sempre na qualidade de um informante imediato, in-loco. São alguns locais de atuação ou aplicação do poder preventivo velado: anel central da cidade, centros comerciais, pólos geradores de tráfego, nova tendência de diversão pública, interseção de vias, logradouros públicos, pontos negros e críticos, locais de ajuntamentos de quaisquer grupos eventuais ou não, locais de bebedeira na via pública, locais de embarque de passageiros, locais presumidos para distribuição ou consumo de drogas, ajuntamentos populares, em qualquer logradouros públicos com freqüência flutuante ou não, etc., bem assim, avalia as alterações observadas na movimentação das pessoas e existência dos fatos, como o aumento ou redução da freqüência ou das ocorrências, investigando os motivos e transformando tudo em informações.

Este tipo de policiamento, a princípio, só pode ser exercido por policiais egressos do ostensivo, com boas práticas e ótimas referências profissionais, morais e expressiva capacidade de observação e discrição, complementando-se com um treinamento específico. Homens e mulheres farão parte deste órgão do melhor suporte de prevenção. Na prática, os que fazem a prevenção velada permeiam-se no público utilizando vestuários conforme o terreno, o evento, a ocorrência, as atividades e os costumes das pessoas presentes. Tudo será desencadeado com a máxima discrição profissional, evitando identificação. Os policiais deste contingente utilizarão meios, veículos e equipamentos que se identifiquem com os participantes do ambiente ou a massa dominante, tendo sempre uma conveniente história cobertura; conforme a missão, os policiais velados devem ser identificados por senha, para cada tipo e local de operação.

O objetivo do velado é fazer sempre levantamentos do comportamento das pessoas no seu trecho de atuação com implicação para a segurança pública, das condições físicas do meio em relação aos riscos que podem comprometer a presença dos freqüentadores de um logradouro ou de um ambiente social ou mesmo de algum estabelecimento. Conforme o interesse da operação, todo serviço será concluído sempre com minucioso relatório. Qualquer levantamento gera constantes informações e que podem ser traduzidas como um provável termômetro da violência ou da insegurança para os quais podem ser estabelecidos parâmetros de leitura do grau de segurança ou tranqüilidade, concorrendo para estabelecer medidas ostensivas e outras prevenções de cunho policial. Nos casos de aglomerações e outros encontros públicos, o policiamento velado presente pode presumir a prioridade, o efetivo necessário e os equipamentos que sejam indispensáveis para a manutenção do equilíbrio das relações entre as pessoas e entre estas e os meios físico e social. Um típico serviço exercitado pela Polícia Preventiva Velada é o Agente Precursor em ação nas diversas áreas e em toda cidade, para fazer levantamentos, contatos pessoais, telefônicos ou virtuais com as pessoas supostamente prejudicadas criando informações sobre o comportamento de certos elementos e o seu potencial de delinqüência, para que sejam avaliadas e indicadas medidas e iniciativas para cada caso e suas circunstâncias.

Também é sempre necessário considerar que as pessoas, de alguma forma reunidas, não se sentem confortadas sendo vigiadas pela polícia, e sim, desejam que esta faça apenas o policiamento imprescindível à segurança do local. Isto significa dizer que a aplicação de um grande efetivo ostensivo para locais de reunião com pouca freqüência, as pessoas passam a se sentirem vigiadas, com suas privacidades atingidas, com suas conversas ouvidas, comparadas, interpretadas e censuradas, com suas vistas observadas e seus movimentos e passadas acompanhadas. Isto é realmente incômodo e inconveniente, portanto, deve ser evitado. Neste caso, tratando-se de um policiamento de saturação com aplicação visivelmente errada, além de improdutivo, ainda faz cansar a tropa desnecessariamente. A presença do policiamento velado é também utilizada para informar ao seu comando o ritmo da freqüência em público, para que o efetivo do ostensivo previsto não seja aplicado de uma única vez, cansando a tropa, vulgarizando-a e deixando quase todos ociosos, portanto, o policial velado pode viabilizar a aplicação proporcional do efetivo, conforme o crescimento do público. Nestes casos, o efetivo em policiais ostensivos deve ser sempre proporcional à área física, a existência de obstáculos e construções que quebram a visibilidade contínua, os diversos eventos no mesmo local, a previsão de freqüência e o seu crescimento, o tipo de expectadores, o nível de humor e a agressividade de certa faixa dos freqüentadores.

Na verdade, a maior aplicação do policiamento preventivo velado é fazer parte do ambiente, nele atuando e influenciando, sempre gerando informações sobre as condições de convivência harmônica de um contingente populacional, sobre a evolução do volume de pessoas em reuniões diversas, da possibilidade de insegurança e da possibilidade da agressividade de alguma pessoa ou de grupos presentes, de forma que ao menor indício de quebra da tranqüilidade compareça imediatamente ao local, uma viatura patrulha, uma ambulância, bombeiro ou uma fração como força de persuasão ou dissuasão, cuja pronta presença faça acalmar ânimos de quem possa quebrar o ritmo da tranqüilidade necessária, deixando os freqüentadores a se perguntarem como foi que a polícia chegou prontamente ao local e quem a solicitou. É um procedimento policial que sugere a pronta presença de uma patrulha ostensiva ou de outra iniciativa de um órgão público, sem qualquer interferência da população. Outra importante função intrínseca do velado é fazer reduzir o excesso de policiais ostensivos em determinados locais, sem perder o controle, pois a presença e a ação despercebidas da prevenção é provável que estabeleça a ordem, com o mínimo de interferências ostensivas. As maiores armas do policiamento velado podem ser um telefone celular, uma caneta, uma aguçada observação e uma plena discrição.

A formação e o treinamento seriam os mesmos para qualquer tropa policial, no entanto devem ter conhecimentos específicos de alguns conceitos e definições, a exemplo de: público, massa, relação público-polícia, povo, nação, território, habitante, população, população absoluta, relativa e flutuante, freqüência, indivíduo, crime, contravenção, distúrbio, gangue, turba, movimento popular, rixa, ordem pública, tranqüilidade, crime de rua, crime de ação pública e privada, insurreição, guerra civil, amostragem, ânimo delituoso, vandalismo, arruaça, crime organizado, tráfico e traficante, infiltração, ação e reação, refratário/iminente, expectador, serviço urgente, risco de vida, perigo público, aclamação, rumor público, linchamento, líder, liderança, liderados, clamor público, rejeição, censura pública, comoção pública, motim, revolta, entrevista, relato, abordagem, informe e informação, controle emocional, inteligência emocional, campana, boato, chantagem, lógica, população local, metro quadrado, palco, freqüentadores por metro quadrado, entre outros.