CRIMES DE INTOLERÂNCIA

Há uma frase de Andre Gide que eu gosto sempre de repetir: "acredite nos que buscam a verdade. Duvide dos que a encontraram". Lembro-me dela mais uma vez quando vejo a notícia sobre o ato de intolerância praticado por "agroboys" numa feira agropecuária em São João da Boa Vista, interior de São Paulo. Um simples abraço de um pai num filho, numa praça de alimentação do recinto onde acontecia o evento, foi o suficiente para desencadear atos de selvageria que redundaram em agressões covardes e no dilaceramento de uma orelha do pai/vítima. Mais que as agressões físicas, e toda sua covardia, para quem está distante do acontecido, fica a sensação de que algo muito sinistro ronda a sociedade. As gangues parecem cada vez mais ousadas. São carecas não sei de onde, skinheads não sei das quantas, adolescentes de classe média extremamente violentos, idiotas no Twitter vomitando estultices e por aí vai. Parece que respeitar diferenças não faz parte da formação de qualquer um. E não me venham com o chavão de que falta "educação", pois muitos se dizem "universitários", como se isso fosse uma qualificação para algo! A coisa vai além, muito além. Recentemente, numa reunião condominial, durante o processo de escolha do futuro síndico, um dos candidatos vociferou contra outro tentando desqualificá-lo por exatamente não possuir algum grau de "escolaridade", ao contrário dele que possuia, nas suas palavras 'muitas pós-graduações'. Indignei-me, óbvio e achei que o ofendido deveria processar o autor da ofensa. Relato esse caso particular apenas para ilustrar que educação para a cidadania passa, primeiro, por uma autotransformação e isso, ao meu ver, independe de banco escolar. Para encerrar, acho que a luta contra essas intolerâncias, passa também, lógico, por uma ação do estado criando legislação específica que puna esses atos, mas, além disso, por ações de nossa parte, seja educando as gerações futuras para que cresçam sabendo respeitar as diferenças, seja nos autotransformando, antes que se instale uma treva de costumes.

Cleo Ferreira
Enviado por Cleo Ferreira em 20/07/2011
Reeditado em 21/07/2011
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