Amargo Regresso

Am a r g o R e g r e s s o

“Estou de volta pro meu aconchego, trazendo na mala bastante saudade”. Seria bom que todos estivem com ânimo para poderem entoar esses versos assim que pisassem os pés no Brasil. Mas após a visão aterradora da tragédia e a dura experiência passada no Japão, virão com a alma e o estado emocionais abalados e com perspectivas sombrias.

Aquele país enfrenta situação pior por que passou no final da segunda guerra. “Suportar o insuportável”, repetindo as palavras do imperador ao reconhecer a derrota ante aos americanos.

Era crime angariar pessoas para trabalhar no exterior, no início. A polícia federal reprimia tal atividade. Mas com a interferência de um deputado nikkey, a lei foi revogada. E deu no que deu. A partir de 1980, ocorreu o movimento inverso que os nossos pais fizeram e agenciadores ganharam rios de dólares por cada brasileiro enviado para trabalhar lá. Eram os “gatos” internacionais. E foram engenheiros, professores, dentistas, advogados, até médicos, trabalhar nos serviços que os japoneses achavam indignos . E casais foram separados, crianças de tenras idades aos cuidados de avós. O que raramente acontecia, o número de divórcios aumentou bastante na comunidade japonesa.

Você se lembra o que se ouvia nos cursinhos de vestibulares? Se quiser uma vaga no curso de medicina, mate um japonês. Estes estavam sempre no topo das listas de aprovados das melhores universidades. E hoje? Sumiram. Por quê? Estão todos no Japão. A educação deixou de ser prioridade ante a ganância de ganhar dinheiro. Ganhavam. Voltavam. Aplicavam. Perdiam tudo e retornavam. Poucos escaparam desse círculo vicioso.

Não é preciso ser vidente para saber que aquele país vai atravessar fases difíceis. Já perdeu o lugar para a China. E ante as catástrofes os investimentos vão diminuir e com eles as vagas vão desaparecer.

E que vão fazer os 250 mil brasileiros que estão lá? Retornarem, mesmo que emocionalmente muito abalados. Não há outra solução. Apesar de o Brasil estar numa situação favorável, haverá serviços para toda essa gente, mesmo com as copas mundiais se aproximando? Deus queira que sim.

Yoshikuni
Enviado por Yoshikuni em 21/03/2011
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