NOVELAS X FILHOS

Como quase todo brasileiro, cresci assistindo novelas - principalmente da Globo. Mas hoje aos 31 anos começo a rever velhos hábitos, dispensando alguns - antigos, defasados e sem nada a acrescentar - e adotando novos, escolhendo-os conscientemente, buscando uma renovação de minha vida e personalidade. E é por isso que quero compartilhar a experiência que vivi essa semana...

Quando enfim acabou a novela Passione – que não tive paciência de assistir diariamente, conforme outro artigo que já postei – senti um grande alívio, e pensei: “Que venha ‘Insensato Coração’!” Mas o que parecia ser uma novela boa, bons atores, bom elenco... já começou me decepcionando quando o personagem principal sofreu o acidente de avião e novamente, repetindo “Viver a Vida”, ele ficaria numa cadeira de rodas. Naquele dia desanimei e passei vários dias sem assistir ao folhetim. Me ocupava lendo um livro, ou na internet... e a Tv ficava na sala “às moscas”.

Uma noite dessas porém, estava eu na sala com meu marido e filho quando liguei a TV. Eis que estava passando a novela “Insensato Coração”, e a cena era de uma garota discutindo com o pai e gritando descontroladamente: “Eu te odeio! Eu te odeio!” Não me perguntem o nome da personagem, pois sinceramente não sei (e nem quero saber!).

Na mesma hora percebi os olhinhos negros, vivos e ligeiros de meu filhinho de seis anos se arregalarem, até assustado-se com a intensidade da cena. Ele largou os brinquedinhos que brincava no chão e ficou olhando fixo para a TV, prestando atenção na cena... Claro que mudei de canal e de forma natural puxei um papo com meu filho, sobre como é “feio” gritar daquela maneira com os pais. Lembrei-o de quanto o pai dele é legal e quanto amor nos dá! Meu filho se empolgou com a conversa e começou a contar como gosta de brincar de esconde-esconde com o papai, etc, etc.

Na noite seguinte, quando acabou o jornal e ia iniciar a novela, meu pequeno disse: “Mãe, posso pôr o filme ‘Carros’?” Pensei comigo: “Carros, pela centésima vez.?”, e respondi rápido: “É claro que pode meu filho!” Afinal, por mais que eu esteja enjoada de assistir “Carros” e outros desenhos que meu filho adora repetir, com certeza a bagagem cultural e de valores é bem melhor do que de uma novela! Exemplificando, o desenho “Carros” ensina o valor da amizade, o respeito pelos mais velhos, ensina que vencer não é o mais importante e por isso mesmo atitudes anti-éticas não valem a pena... ensina ainda a valorizar o simples e o verdadeiro.

" Sim, meu filho, você pode assistir “Carros” toda noite que quiser! Ou emendar uma boa conversa comigo e seu pai contando como foi seu dia na escola, repetir a histórinha que a ‘profe’ contou, falar das brincadeiras com seus amiguinhos... "

E será assim daqui para frente: televisão desligada, ou um programa ou filme que possa ser compartilhado em família, e que venha a somar, melhorar... e não “deseducar”.

Pais que somos, precisamos avaliar o conteúdo que entra em nossas casas através da mídia; e que chega até nossos filhos em processo de formação de caráter e personalidade. Isso é responsabilidade no papel de pais/educadores; é também ato de amor para com os filhos; e é ainda contribuição para com a sociedade futura, formando cidadãos mais conscientes, com atitudes éticas e íntegras e também mais equilibrados emocionalmente (visto que receberão afeto e atenção verdadeiros na infância, não sendo trocados por uma TV e programas de péssimo conteúdo).

Convido a todos os pais/educadores a essa reflexão...

Lady J
Enviado por Lady J em 11/02/2011
Reeditado em 11/02/2011
Código do texto: T2785481
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