“Como lidar com a vaidade no terreiro de Candomblé?”

Bom, falar sobre esse assunto é sempre muito minucioso, afinal a vaidade é fruto dos que almejam superioridade, dos que não reconhecem a humildade do axé, de um Ilê, de uma roça de Candomblé.

O axé de um Ilê está presente nas folhas, na terra, nas águas salgadas, nos rios, nas matas fechadas, nos ventos que sopram sobre os quatro cantos desse mundo, está nas pedras, nas cores que compõem o arco-íris, nos dias de sol, das chuvas tempestivas, dos raios que intimidam a humanidade, em cada concha presente na morada da nossa mãe Iemanjá. Os pés no chão, a simplicidade da magia que traz a presença do Orixá, a pureza de um abraço denunciam a verdadeira essência do Candomblé; do Candomblé que limpa, purifica, inunda, traz paz, aconchego, regenera e transborda nosso coração, engrandece nossa fé e acalma nossa alma.

Infelizmente, não é muito o que se ver hoje em dia, dias em que a vaidade substitui a fé, dias em que o axé de um roça se compra em aparamentas banhadas a ouro, prata e muito orgulho, em que idade no santo significa roupas exuberantes, colares , brincos e centenas de pulseiras que cegam os olhos de quem vê. É irmãos, esse tempo é o nosso tempo, que passou a existir quando os terreiros passaram a competir filhos de santo, passaram a existir quando os zeladores de Orixá deixaram de fazer caridade e passaram a fazer negócios, esse tempo existe graças as pessoas que deixaram de considerar o Candomblé como uma religião e passaram a considera-lo como um estilo de vida, mas esquecem que fé não é acessório, Candomblé não é estilo de vida.

O axé é irmão da humildade e os dois caminham juntos trilhando o bem , para um destino conhecido como solidariedade. O exibicionismo definitivamente, não tem nada a ver com a nossa religião.

- Rose Almeida