Ninguém separa-se totalmente de outrem ! Sempre haverá  alguma lembrança, um gesto, um acontecimento inusitado, uma demonstração clara de afeto dos quais não consegue-se retirar totalmente da memória.  Ocorre , às vezes, que ao se fechar a porta do inconsciente, tenha-se chegado a falsa conclusão da liquidação total do relacionamento. Quando isso ocorre, entra em cena o passado  que funciona como arquivos de todo acontecimento registrado durante o período de convivência. 
     O passado é uma espécie de biblioteca, dotada de arquivos, contendo as pastas onde se encontra registrada toda história de vida  de cada pessoa desde o seu nascimento. Como  não se tem o controle do tempo, não há como chegar-se a convicção de que mais nada soçobrou, mesmo em caso de doenças que afetem a memória.  A derruição de qualquer tese é implacável quando tenta-se negar o fato, em relação a acontecimentos passados... Em tese, nínguém consegue apagar o ontem !
    Da mesma forma, não precisa implorar-se pela eternidade de  mãe, porque ela já o é, ou seja, a eternidade da mãe é consagrada, indiscutível, irrevogável, final de linha em qualquer tipo de questionamento,  por razões diversas na vida de qualquer pessoa. A não ser que alguém consiga regredir ao processo fertilizatório e esconder-se a tal ponto de não participar, como espermatozóide ou ovócito. Aqui pra nós, um tanto quanto ingênuo pensar assim... 
   Até os casais que propõem-se a abraçar uma vida em comum, independentemente da natureza vinculatóra, deixando ou não herdeiros, não conseguem separar-se totalmente.
   Geralmente, carregamos em nossas células um passado longíquo, representado pelos "gens" contendo informações que se responsabilizam em definir nossas características genéticas. Tais informações, são repassadas de geração à geração, formando uma cadeia de moléculas que se perpetuam na escala de  tempo.
Quando "Raul Seixas" dizia em uma de suas músicas : " eu nasci há dez mil anos atrás," estava simplesmente referindo-se a sua "genealogia".