Em poucas palavras CRISTOLOGIA

QUAL LIVRO DE TEOLOGIA VAMOS USAR

Para esse estudo nós vamos usar preferencialmente a Teologia Sistemática de Louis Berkhof, que ainda hoje é tida como a Teologia mais requisitada nos Seminários Teológicos, pelo motivo óbvio que ela é culta, racional, com uma base histórica muito forte, reformada e séria a tratar dos temas bíblicos. Teologia essa baseada na obra Dogmática Reformada de Herman Bavinck, que contém 2891 páginas, distribuídas em quatro livros. Se você quer um aprofundamento da Teologia de Berkhof, é claramente o Bavinck. Lembrando que não é a Teologia mais atual, com as teorias mais atuais da igreja.

A CRISTOLOGIA ANTES DA REFORMA

Por onde começar a falar de Cristo Jesus? De Deus. Quando ele criou o homem, o fez como uma criatura privilegiada, boa, santa, diferenciado do resto da criação, mas que perdeu os seus direitos de nascimento, devido ao pecado. A Cristologia é a resposta a essa questão.

Antes da Reforma Protestante não havia as dificuldades em conceber Cristo como Deus e homem pela mente dos primeiros cristãos. Várias teorias foram elaboradas, até que se fez necessário ajustar essa doutrina para uma melhor compreensão da igreja. Cristo era tido como um homem especial, que recebeu atributos divinos, mas era apenas homem. Se alguns sacrificavam a divindade pela humanidade de Cristo, havia outros que invertiam a ordem, baseados na filosofia grega que dizia que a matéria era somente má e completamente oposta ao Espírito. A dualidade de Cristo causava muitas duvidas. Sete Concílios foram elaborados, no quarto, o Concílio da Caledônia em 451, afirmou a natureza humana e divina de Cristo. Poucos ajustes vieram posteriormente a respeito do tema.

A UNIÃO HIPOSTÁTICA

A União Hipostática, que é um termo técnico da igreja ao se referir às duas naturezas de Cristo: humana e divina, afirma que Cristo é homem verdadeiro e Deus verdadeiro, composto de alma racional e corpo, consubstancial ao Pai segundo a divindade, e consubstancial a nós segundo a humanidade. Com o tempo foi ajustado também a questão de Cristo ser submisso ao Pai, mas antes que ele é Deus igual a Deus na Trindade e que o Espírito Santo também é Deus, igual a Deus na Trindade. Não há subordinação de nenhuma das partes, todos os três são um e o mesmo Deus, apesar de manifestações diferentes.

A União Hipostática é um avanço nos estudo sobre Cristo, que precisa avançar mais ainda. Onde, em qual lugar e de que jeito Jesus é homem no seu corpo e Deus na sua divindade? ou, Onde encontramos a união entre Deus e homem em Cristo, nele, na sua pessoa? Entenda que o corpo de Cristo é humano, mas é divino também. A questão parece fácil, quando a compreendemos e impossível quando não a compreendemos. Já disse que há vantagens enormes em se ler a Bíblia na ordem em que foi escrita. Ao lermos os evangelhos, observamos que a respeito de Cristo, a ele como homem foi sendo revelado o que Deus queria dele, através do Espírito Santo, em oração, no estudo da palavra que Cristo fazia, com certeza, a revelação do seu chamado e da sua pessoa. Isso pode soar estranho para muita gente, mas Cristo não sabia que era Deus até a metade dos evangelhos, só a partir da sua metade é que ele começou a dizer claramente que quem o via via o Pai. Cristo entendeu que era a manifestação visível do Deus invisível, através da revelação do Espírito Santo a ele. E não poderia jamais serde outra forma, pois se ele veio nos ensinar como ser cristãos, cheios do Espírito, deveria também nos ensinar como operar no Espírito, através das armas do Espírito. O Espírito de Deus é Espírito de Revelação. (Efésios 1.17)

Os Concílios da Idade Média, entretanto não tiveram coragem de expandir a ideia de União Hipostática a fundo, para compreender onde ou como se faz a união humana e divina em Cristo. A União Hipostática afirma que Cristo é inteiramente humano e inteiramente divino. Como coadunar ou compreender isso? E o que tem a ver com Cristo descobrir, pela oração, pela revelação, pela afirmação do Espírito ao seu Espírito, a partir do inicio do seu ministério no Batismo nas Águas, que ele era humano, divino, a imagem de Deus e Filho Primogênito de Deus? Se pararmos para pensar nisso - e sugiro fortemente que você o faça - por falta de palavras melhores que descrevem o movimento, podemos pensar em esquecimento, ou amnésia, que é a incapacidade parcial ou total de lembrar experiências passadas. A União Hipostática aponta que Cristo ao nascer não tinha memória do Céu, criando apenas memórias da Terra. Mas quando começou o seu ministério e devemos compreender que só a partir de então as revelações vieram a Cristo, quando ele se pôs a caminho do ministério, ou do trabalho cristão, é que as revelações começaram a vir. Deve er sido para Jesus um choque, a principio ele descobrir que era o Cristo profetizado, o Filho de Davi, o Rei Eterno que haveria de vir. Mas as suas revelações lhe trouxeram resignificancias para Deus, como compreender que Deus que se apresentava como Deus Criador, ou Pai de Todos, no Antigo Testamento era Deus Pai, pessoal, no novo. Cristo o tratava e ensinou que podemos falar com Deus, como nosso Pai pessoal, maior, melhor, do que o nosso pai de filiação.

É bom abrir um parêntesis aqui, pois existem novas teorias que querem apontar Deus Pai como Deus Mãe, o que não condiz jamais com o evangelho. Deus não é feminino e nunca apareceu na Bíblia assim, dizer isso é criar uma doutrina nova, que nunca foi criada antes. Devemos rejeitar isso. O interessante é que com tanta Bíblia a se pregar, querem gastar tempo precioso com o que não é Bíblia. Já disse antes que a Bíblia tem 1189 capítulos, se a igreja pregar numa média de três capítulos por semana, vai acabar de pregar a Bíblia inteira após pouco mais de oito anos. E olhe que alguns capítulos contém tanta coisa que em uma única pregação de 45 minutos é pouco para se falar. Então vamos dizer que para pregar a Bíblia inteira se leve uns quinze anos, capítulo a capítulo bem pregado. Então por que perder tempo com o que não é Bíblia, ou com teorias estranhas?

AS DUAS MENTES DE CRISTO

As pessoas são praticamente iguais em suas características físicas: cabeça, dois braços, pernas etc. Mas até mesmo gêmeas idênticas, mostram comportamentos diferentes. Sabemos quem é quem pela personalidade que nos passa, quando interagimos. O que diferencia e mostra características que nos fazem únicos é a mente das pessoas. O psicólogo Augusto Cury escreveu uma série de 5 livros chamado Análise da Inteligência de Jesus Cristo, que nos mostra algumas características da mente de Jesus, como ele pensava, o que explica a maneira dele agir no Novo Testamento.

”A personalidade é constituída de muitos elementos. Em síntese, ela se constitui da construção de pensamentos, da transformação da energia emocional, do processo de formação da consciência existencial (quem sou, como estou, onde estou), da história inconsciente arquivada na memória, da carga genética. Aqui convencionarei que a inteligência é a manifestação da personalidade diante dos estímulos do mundo psíquico bem como dos ambientes e das circunstâncias em que uma pessoa vive.” Augusto Cury

Até iniciar o seu ministério, no batismo, Jesus só tinha consciência da sua mente humana, talvez tivesse alguns insights, algumas ideias, lá no fundo da sua alma, do seu espírito, de uma mente divina. Por falta de palavras melhores, vamos supor que Jesus ao se manifestar como homem, não tinha a lembrança de sua vida divina, mas só conhecia a sua vida humana. Ao avançar os textos dos evangelhos, vamos notando Jesus sendo mais enfático a respeito de sua pessoa e de quem ele era como parte da Trindade. Podemos observar, que mesmo tendo uma ideia clara de quem era, no final do seu ministério, a tentação de Satanás era baseada em colocar dúvidas se ele era ou não o Filho de Deus esperado e profetizado:

3 O tentador aproximou-se dele e disse: "Se você é” o Filho de Deus, mande que estas pedras se transformem em pães". (Mateus 4.3)

6 "Se você é” o Filho de Deus, jogue-se daqui para baixo. Pois está escrito: ‘Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito, e com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra’". (Mateus 4.6)

40 e dizendo: "Você que destrói o templo e o reedifica em três dias, salve-se! Desça da cruz, “se é” Filho de Deus! " (Mateus 27.40)

Era uma tentação séria, pois Jesus tinha a revelação de quem era, mas até então só tinha a experiência humana, apesar dos milagres que mostrou que Deus pode manifestar milagres e maravilhas através do homem.

Saber que Jesus teve revelações dadas pelo Espírito Santo, sobre o seu ministério e até mesmo sobre sua pessoa, traz uma grande lição para nós. Devemos buscar a revelação de quem somos, de como Deus nos enxerga e de qual é o nosso ministério, assim como revelações sobre a vida diária. Jesus foi direcionado pelo Espírito, como exemplo de como nós devemos buscar a Deus.

As pessoas bíblicas oravam e oravam até Deus se manifestar. Enquanto Deus não falasse, não orientasse, não fizesse algo, elas não paravam de orar. Elas oravam até que a revelação viesse e sempre vinha. Uma passagem bastante significativa é 2 Reis 3.15, onde o profeta não queria orar, sabendo que se orasse viria a revelação: “15 Ora, pois, trazei-me um músico. E sucedeu que, tocando o músico, veio sobre ele a mão do Senhor.” Nessa passagem Eliseu não simpatizava de maneira alguma com o rei de Edom, mas por causa do rei Jeosafá, ele chamou um musico, que ao entoar hinos a Deus, fez vir o Espírito Santo, trazendo revelações a Eliseu. A sua falta de afinidade com o rei de Edom o esfriava diante do Senhor. O Espírito Santo passando pelo musico, fez vir o Espírito novamente. Hoje temos notado que as pessoas acabam a sua oração, antes de dar tempo de Deus manifestar a sua Presença. Oram sem resposta, apressados e está tudo bem. (Eclesiastes 8.3)

A mente de Cristo, única no universo, pois tem lembranças da Terra e do Céu, e é o que faz a união entre a sua humanidade e a sua divindade.

NÓS TEMOS A MENTE DE CRISTO

“Mas nós temos a mente de Cristo”, proclama o Apóstolo Paulo em 1 Coríntios 2.16, uma verdade que ecoa com profundidade e maravilha no coração do crente. Este versículo, revela uma realidade espiritual profunda: através do Espírito Santo, temos acesso ao pensamento e entendimento de Cristo. (orvalho.com)

“E nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente. Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais. Ora, a pessoa natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura. E ela não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Porém a pessoa espiritual julga todas as coisas, mas ela não é julgada por ninguém. Pois quem conheceu a mente do Senhor, para que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo.” (1Coríntios 2.12-16)

Tendo a mente de Cristo em nós, o nosso pensamento e consequentemente nossas ações nos levam a agir como Cristo teria agido, se estivesse em nosso lugar. Porém precisamos ativar essa mente em nós, através da obediência ao Espírito Santo, estando conscicentes que o Espírito está em nós, dependendo sempre do Espírito Santo e não agindo como achamos que deve ser, devemos respirar o Espírito vivendo uma vida em oração constante, longa, com revelações, em santidade.

TEMAS CENTRAIS DA CRISTOLOGIA

Esses são basicamente os temas centrais da Doutrina de Cristo:

A Natureza divino-humana de Jesus (União hipostática);

A Divindade de Jesus;

A Humanidade de Jesus;

A Encarnação;

A Revelação de Deus;

Os Milagres;

Os Ensinamentos;

A Morte expiatória;

A Ressurreição;

A Ascensão;

A Intercessão em nosso favor;

A Parousia;

A Posição como Cabeça de todas as coisas;

A Centralidade dentro do mistério da vontade de Deus, dentro da restauração;

A Volta ao mundo para reinar sobre aqueles que creem nele.

A MORTE EXPIATÓRIA E PROPICIATÓRIA

Jesus morreu no lugar do homem pecador, essa morte nos leva a dois termos bíblicos:

Expiação, que é o ato de cobrir o pecado, não olhar para ele. O Sistema Sacrificial de Moisés tinha apenas o fator de cobrir o pecado e não de o retirar. “4 Porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados.” (Hebreus 10.4) O sacrifico era externo, do lado de fora da pessoa. O pecador levava o seus sacrifício, o animal inocente que iria morrer em seu lugar e diante do sacerdote colocava a sua mão na cabeça do animal e simbolicamente o seu pecado passava ao animal que morreria no lugar do pecador. O Sistema Sacrifical inteiro aponta para Jesus, que morreria no lugar do homem pecador.

“Propiciação não é o aplacamento de um Deus só vingança (!), mas sim a satisfação da santa justiça do Deus que, além de ser amor infinito, é também justiça e santidade infinitas, tendo conciliado Suas ternas misericórdia e amor com Suas infalíveis e perfeitas justiça e santidade, na imolação do Seu Filho!” SolaScriptura – Hélio

Propiciação é um sacrifício ou oferta a uma divindade para lhe aplacar a cólera ou para a agradar. É preciso lembrar que o pecado traz a Ira de Deus. Então o sacrifício é para que a justiça de Deus seja satisfeita e a sua Ira não caia sobre nós. A propiciação concede a possibilidade de Deus nos perdoar, em Cristo e possibilita Deus conceder justificação: “25 Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; 26 Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.” (Romanos 3:25-26)

É bom lembrar um dos maiores motivos das provações é sermos julgados de antemão, hoje, nessa vida, para não sermos julgados com o s pecadores no futuro. “31 Mas, se nós nos examinássemos a nós mesmos, não receberíamos juízo. 32 Quando, porém, somos julgados pelo Senhor, estamos sendo disciplinados para que não sejamos condenados com o mundo.” (1 Coríntios 11.31-32)

“7 Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei.”

Esse versículo não mostra uma subordinação do Espírito a Jesus, com alguns querem dizer, por falta de compreender e estudar melhor a Bíblia como um todo, mas antes que Cristo conquistou toda sorte de bênçãos para o homem, restaurando o que Deus desejou para a vida do ser-humano, desde o Jardim do Éden. A mulher, as crianças, os velhos e os pobres não eram tidos como pessoas que mereciam honra, Jesus restaurou a todos, nele. O trabalho, a terra, estava amaldiçoada devido o pecado original, Jesus ao ser levado para ser crucificado passou derramando o seu sangue no chão de Jerusalém, capital do mundo, biblicamente, restaurando as finanças, nele. Jesus interagia com pecadores, pois a santidade estava nele. Jesus morreu na cruz, no lugar do pecador, satisfazendo a justiça divina. Toda sorte de autoridade e bênçãos que o homem perdeu devido ao pecado foi conquistada por Jesus. Quando ele fala que precisava subir a Deus, senão o Espírito Santo não viria, não é subordinação, mas sim que ele estava levando a Deus, apresentando, as conquistas que ele conseguiu nele, para nós. Subir a Deus sem conquistas não significaria nada e seria inócuo, sem efeito, o Espírito Santo descer, se o homem não tivesse sido libertado de toda sorte de prisões que o pecado trouxe e não adquirisse em Jesus poder sobre os demônios.

A RESSURREIÇÃO

A cruz é inutil sem a ressurreição. O Novo Testamento tem 27 livros, 4 evangelhos, um livro apocalíptico, e um livro histórico. Os quatro evangelhos mostram o ministério de Jesus, portanto a crucificação. Focam na cruz. Portanto 27 livros, menos 4 evangelhos, menos Apocalipse e menos Atos dão 21 livros explicando a ressurreição, ou o Novo Nascimento. O que fez conosco, como devemos agir, quem somos agora, o que é a igreja.

Uma das mais lindas explicações sobre a ressurreição de Jesus e a dos cristãos é que Deus não poderia deixar Cristo morrer e ficar na morte. Deus não poderia perder uma pessoa tão magnifica como Jesus. Deus não poderia deixar um filho desse quilate, desse nível, se perder. A nossa ressurreição, ou a volta da morte, como é prometido na Bíblia, literal e simbolicamente, nos fala que Deus não nos quer perder. Deus quer que todo chamado por ele, todo cristão viva com ele, para sempre.

“A palavra ressurreição significa: ação de ressurgir; vida nova; renovação; surgir novamente; voltar à vida; tornar a manifestar-se; viver de novo.” Hélio. A palavra está ligada à volta de Jesus, ao som da ultima trombeta, no final de Apocalipse. Os mortos vão ressurgir primeiro e os que estiverem vivos na ocasião serão arrebatados, levados a se encontrar com Jesus nas alturas, quando ele estiver vindo para a Terra. Então segundo a Bíblia a morte é um sono, não é o fim.

Os irmãos focam bastante na Volta de Jesus, ao falar da ressurreição, mas o próprio Novo Testamento frisa com 21 livros, na questão da ressurreição, do Novo Nascimento. A cruz matou o nosso velho homem, para que na ressurreição nasça um novo homem, espiritual, reconectado em Cristo.

Amém

Fique na paz

pslarios
Enviado por pslarios em 23/04/2024
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