Virtudes

Próximo ao teto de nosso Templo, circundando-o em suas quatro paredes há uma corda em que se contam oitenta e um nós chamados de “Laços do Amor”. É a Cadeia de União cujas pontas terminam em bordas próximas das colunas B e J. Estas cordas são formadas por fios frágeis que representam os Maçons de todo o mundo, unidos tal como os fios que formam a corda, constituindo assim um conjunto inquebrantável na afirmação do aforismo que ensina que a “união faz a força”. Esta corrente tem varias significações simbólicas e pode representar a evolução, na qual as causas e efeitos se sucedem como anéis de uma continuidade. Representa também os maçons reunidos sem qualquer distinção, mas que nem por isso se fundem ou perdem a sua personalidade ou a sua individualidade. Representam os nós as dificuldades da vida que o Maçom, ao desfazê-los, auxiliado por seus Irmãos, superará.

O simbolismo da Corda de 81 nós, remonta às Assembléias político jurídicas dos Germanos. Estas assembléias eram realizadas a céu aberto e, para tal, delimitavam o terreno com lanças dos soldados encarregados de manterem a ordem. As lanças eram fincadas no solo e ligadas fortemente por uma corda. A denominação de “Cadeia de União” vem do fato de que os canteiros de obras antigos, eram retangulares e cercados por estacas ligadas umas a outras por correntes de ferro. O lugar destinado à entrada neste canteiro era permanentemente guardado por um vigilante.

O que ficou descrito é uma fração do Templo Maçônico com os ornamentos que lhe são próprios, isto é, que estão a ele aderidos, ornamentos estes que chamam a atenção do Neófito nos primeiros instantes, logo após lhe ser dada a Luz, já no fim de sua iniciação. Outros ornamentos, jóias e utensílios decoram o Templo, e serão, aos poucos, descobertos pelo Aprendiz.

Há, no entanto, um, outro Templo que a Maçonaria se propõe a construir, que não é o Templo material, mas puramente filosófico e que é o Templo à Virtude.

Quando o Venerável pergunta: Para que nos reunimos aqui Irmão primeiro vigilante? E ele responde, “Para promover o bem estar da humanidade, levantando Templos à virtude e cavando masmorras ao vicio”. É, pois, uma das proposições filosóficas da Maçonaria levantar Templos à virtude.

Mas o que é a virtude?

Sob o ponto de visto moral, a virtude é um hábito de se proceder bem, constituindo faculdades da alma, que são a inteligência e a vontade. Sob o ponto de vista teológico, que considera a existência de duas ordens de

moralidade, ou seja, a moralidade de ordem natural e a moralidade de ordem sobrenatural, ressaltam duas espécies de virtudes: Virtudes Naturais ou adquiridas e Virtudes sobrenaturais ou infusas. As naturais são a Prudência, a Justiça, a Fortaleza e a Temperança, que são do domínio de todos os homens e foram chamadas de Virtudes Cardeais. Esta denominação se deve ao fato de que todas as outras Virtudes devem girar em torno destas quatro.

As Virtudes sobrenaturais são constituídas por hábitos sobrenaturais, recebidos diretamente de Deus e que possibilitam à alma agir de maneira sobrenatural.

São divididas em Virtudes Teologais, como a Fé, Esperança e Caridade, que se referem diretamente a Deus e as Virtudes Morais que são as quatro Virtudes

Cardeais já citadas, diferenciando-se delas, porém, pela sua origem divina, pela sua ação, que é influenciada pela graça e por seu fim, que é sobrenatural.

Á Maçonaria, em seus Mistérios Menores, que é permitir que cada pessoa admitida ao seu ensinamento, alcançar o mais alto grau de desenvolvimento de

que seja capaz, interessam as virtudes Cardeais. É a elas que se propõe levantar Templos, Isto é, homenagear com o aperfeiçoamento os Maçons para que haja

com prudência, julguem com Justiça, atuem como Fortalezas e mantenham sua vida social com Temperança. Nos Mistérios Menores ocupam-se com a esfera subjetiva, e os Grandes Mistérios ocupam-se com a esfera objetiva, e um é pré-requisito essencial do outro. Não é possível que um homem controle as

essências elementares da natureza, a não ser que seja senhor dos aspectos elementares da sua própria natureza, porque os poderes interiores, se rebelados, irão traí-lo com os poderes superiores. A disciplina deve proceder ao domínio.

A Maçonaria nos fala, por fim, num outro Templo, não material, mas ideal, que ela, com seus trabalhos, constroem em homenagem ao Grande Arquiteto do

Universo. Para a construção deste Templo de Honra ela concita a todos os Maçons do Universo a trabalhar como construtores desta obra moral, através de seus atos pautados dentro dos ideais das Virtudes, tornando-se homensprobos e corretos, sábios e humildes, justos e perfeitos, a fim de que sirvam de exemplo para toda humanidade elevando o bom nome da Ordem, exaltando o conceito da Maçonaria e honrando e dignificando, deste modo, o nome do Grande Arquiteto do Universo.

Na construção deste Templo ideal, os Maçons contam decididamente com o auxilio dos Irmãos que trabalham no Oriente Eterno, de onde mandam suas benéficas influencias e assistem com sua bondade e Sabedoria aos que ainda, aqui, no Oriente Terrestre, lutam e se esforçam para “combater o bom combate” e dar maior honra a maior glória ao Grande Arquiteto do Universo.

Marton Costa
Enviado por Marton Costa em 11/04/2024
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