O FINAL DA LINHA DE CHEGADA

O FINAL DA LINHA DE CHEGADA

Interessante, não? O final da linha de chegada, isso me diz exatamente do que é a nossa vida, a gente corre, constrói, planta, educa a família, ajuda pessoas, envelhece e passa a sentir que a linha de chegada está mais próxima e tão logo receberemos a coroa da vida eterna. Bravo! Graças a Deus, a vida vã não pega por trás atrasando a viagem, somos os crentes em Cristo, povo escolhido, nossa fé é que nos tem conduzido. “Fui moço e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua descendência a mendigar o pão” (Sl 37.25.ARC). Falo do que pude vivenciar, a escassez e a fartura, o calor e o frio, o amor e o ódio, o pecado e o perdão, o dar e o receber - lições que a vida vã nos impõe; sonhos e projetos, derrotas e vitórias, justiça e injustiça. Bem que havia conhecido o ponto de partida - foi deixado o legado do Criador para que fosse lembrado aos viventes, o papel e a função de cada um, desde a menor de todas as moléculas, do menor elemento do átomo - tudo muito bem definido, inclusive a capacidade aberta à inteligência humana, da qual faço parte. Plantei árvores frutíferas, sem que delas comessem de seus frutos, porém, muitas delas tem alimentado gentes e animais, isso é o que importa; construí abrigo para muita gente ao redor, casas e igrejas - o social e o espiritual andando juntos - meu dinheiro nunca foi muito, mas sendo suficiente para outros ajudar; construí uma família, tenho três filhos e netos, todos criados no temor do Senhor - frutos de uma antiga promessa aos que fossem fiéis. Filhos a maior de todas as riquezas, custando caro aos pais, para pouco desfrutar de suas presenças - eles são propriedades de Deus, e como tal, passaram a cumprir os mesmos desígnios do Criador - reproduzir sua imagem à sua semelhança. Hoje, que saudade dos filhos, dos netos, cada um deles são conduzidos pela vida que lhes é imposta, tão caros, e quando mais deles precisamos, temos que nos contentar com o ninho vazio e aprender mais de Deus, quanto mais nos aproximamos ao final da linha de chegada. Já não há tempo para novos projetos, não há a força necessária para voltar a construir, plantar talvez - a semente das palavras de conselho pelo longo aprendizado alcançado, e mesmo assim, quantos estariam dispostos a nos ouvir; até para ajudar pessoas está difícil, elas sempre acham que é uma proposta de troca de algum favor, ou quando não, apenas uma obrigação dos que se predispõe em ajuda-las; já não há gratidão, nem confiança, somos sempre considerado estranhos, velhos inúteis. E daí? Espere até você ficar velho, se ficar. Milhares de livros escritos, escrevi todos com conhecimento, corpo e alma, até ganhei placas, medalhas e títulos. De que valem todos eles, foram apenas momentos e logo, sequer se tornaram interessantes para o inventário. O que escrevi, escrevi! Em todos eles, uma vontade enorme de ajudar -não no sentido de alto ajuda, cada um de nós é inteligente o bastante para conjecturar, pensar e decidir, já não tenho porque cobrar alguma coisa, estou velho cansado, apenas reunindo forças para alcançar a linha de chegada. No entanto, um sentimento duro de se resolver: “quem vai primeiro?”, eu ou ela? Se eu, que pensar dela, velha, cansada, sozinha, como enfrentar o desafio de chegar até o final da linha? Não é diferente para ninguém, é o preço da temporalidade, vencido o tempo, precisa ser recolhido. Ainda bem que a fé nos tem conduzido, e saber que o Criador ama a sua criatura. Obrigado Deus!