PRATICANDO A CARIDADE

Todas as religiões sejam cristãs, judaicas, islâmicas, afros, como também algumas instituições de cunho filosófico têm como premissa o amor, o perdão, e a caridade. O amor nada mais é do que o ser humano amar uns aos outros, terem compaixão para com seu irmão. Perdão, os escritos sagrados de cada religião ensinam que devemos perdoar aquele que cometeu de uma forma ou de outra uma falta, uma injúria ou qualquer atitude que venha prejudicar o outro. Porém antes de perdoar o outro, deve se perdoar. E a caridade? O que os livros sagrados falam a respeito deste dever de todos nós? Como entendemos a caridade? Como devemos praticá-la?

Paulo, na primeira epístola aos Coríntios, no cap.XIIl, v.1 a 3 diz: “Ainda que eu fale a língua dos homens e dos anjos, se não tiver caridade [...] ainda que eu tenha o dom da profecia [...] e tenha toda a fé [...] se não tiver a caridade, nada serei. Ainda que tenha distribuído todos os meus bens aos pobres [...], se não houver caridade, nada disto terá proveito”. O espiritismo kardecista fala que “Fora da caridade não há salvação”. A Umbanda prega a caridade como um dos caminhos para a evolução espiritual. No islamismo a caridade é o terceiro pilar (atos exigidos ao fiel muçulmano) de sua doutrina. No judaísmo o terceiro fundamento também se apoia na caridade, cada qual com suas interpretações fundamentadas em suas teologias.

Existem várias maneiras de praticar a caridade. Primeiramente devemos ser caridosos conosco mesmo, nos amando, nos respeitando, nos aceitando do jeito que somos, com nossos erros e acertos, com nossas deficiências, com nossos potenciais.

Em nossa família, estamos sendo caridosos com nossos pares?

Quantas vezes ficamos à margem dos acontecimentos, não dialogamos, não toleramos certas atitudes da qual discordamos? Quantos pais, mães e filhos ausentes?

Praticar a caridade no seio familiar é de extrema importância, pois nossa família é nosso arrimo, nosso porto seguro. Amá-los, compreendê-los, sermos solidários para com eles ajudando-os no que for preciso. Dar o nosso ombro amigo para que o outro chore suas mágoas, “emprestar” nosso ouvido para que o outro possa “confessar” suas amarguras, seus desatinos, saber falar no momento certo, porém calar-se quando necessário.

Esta atitude não deve se resumir somente no ambiente familiar, mas também em nosso local de trabalho, em nosso círculo de amizade. Quantas vezes somos tentados a passar a perna em um colega de trabalho, retemos conhecimentos, torcemos por um tropeço almejando seu cargo de destaque?

Quantas vezes nos perdemos em fofocas de colegas, de chefes, sem preocupar-se que esta atitude possa prejudicar momentaneamente ou mesmo produzir uma crise sem precedentes na pessoa alvo da fofoca?

No ambiente religioso como nos relacionamos com nossos irmãos de fé? Com nossos dirigentes? Com nossos orixás? Estamos sendo caridosos com eles? Quantas vezes criticamos atitude de um irmão, do chefe religioso, fizemos comentários maldosos a respeito de uma situação inusitada? Estamos sendo caridosos agindo desta maneira? Estamos contribuindo com a nossa evolução espiritual, como também de nossos orixás? Afinal, o nosso crescimento, como também, de nossos orixás caminha pela prática da caridade promovendo uma simbiose entre o médium e seu orixá. Onde está nossa prática em detrimento da teoria? É isto que Deus espera de nós? De nada adianta propagarmos aos quatro cantos o amor, a compaixão, a compreensão, a solidariedade, se na prática nós vivenciamos o oposto? Quantas vezes ouvimos do chefe do terreiro, de uma entidade, seja preto velho, caboclo, exu, conselhos lindos, palavras bonitas que nos enchem os olhos de lágrimas a respeito de amor, caridade, no entanto não a praticamos em nosso dia-a-dia?

Sabemos tudo? Compreendemos tudo? Com certeza não, pois estamos aqui para aprender, ensinar e evoluir. Cada qual na sua individualidade tem capacidade para aprender e para ensinar. Quando nos colocamos a disposição para aprender e ensinar com humildade e benevolência, estamos praticando a caridade.

Muitas pessoas pensam que dar esmolas a um pedinte, dar roupas velhas na campanha de agasalho, dar brinquedos destruídos na campanha de natal é caridade, não é. Este tipo de “caridade” é uma forma que as pessoas encontram para se desfazerem de coisas que não servem mais, que estão atrapalhando na despensa e encontram nestas campanhas o momento para se desfazerem destes materiais.

Temos nossos momentos de fariseus quando contribuímos com algum donativo a uma instituição beneficente e desta atitude fizemos o maior alarde. Deus não deseja de nós atitudes de um fariseu e sim como de um bom samaritano que ajuda o próximo sem distinção, sem preconceito, sem esperar recompensa, sem reconhecimento da tal. Esta é a verdadeira caridade que o Cristo nos ensinou, ajudar alguém sem olhar a quem.

Que Deus na sua infinita bondade, Oxalá e nossos orixás derramem sobre nós a paz e muita luz para iluminar nossos caminhos.

Valmir Vilmar de Sousa (Vevê) 09/11/17

valmir de sousa
Enviado por valmir de sousa em 25/04/2022
Código do texto: T7502554
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