A família maior

Quando retornamos à vida física, pelo processo da reencarnação, somos dirigidos ao grupo de convivência mais indicado às nossas necessidades: a família. Neste núcleo, poderemos conviver novamente com espíritos que nutrimos grande afeição, advinda de outras jornadas quando o afeto se desenvolveu, assim como com outros com os quais temos importantes questões a resolver - pendências de outras jornadas também, nas quais não conseguimos alcançar a frequência vibratória maior, inerente ao amor. Podem, ainda, ser reunidos aos grupos espíritos que conviverão pela primeira vez com os seus demais participantes, a fim de todos crescerem através deste contato inicial. Estamos, então, no lugar certo e na hora certa. Em tempo de aproveitar a oportunidade e dar mais um passo na senda evolutiva, cercados do afeto dos afins e buscando criar afeto em relação aos que ainda não conseguimos desenvolver sentimentos amorosos - muitas vezes dissolvendo energias deletérias de um passado de rancor e dor. Estes núcleos, unidos pelos "laços de sangue" - aos quais damos uma importância destacada -, geralmente, ao fim da jornada, apresentam bons resultados. Mas quando os resultados não são os ainda esperados, não tem problema. Faz parte da caminhada. Com certeza um mínimo do necessário foi alcançado. Fica para mais adiante outro passo mais firme, com outra etapa onde a produtividade será um tanto maior.

Temos, porém, que avançar e partir para além deste núcleo inicial. Temos que conviver em sociedade. Com espíritos das mais diversas personalidades, muitos dos quais nunca tivemos qualquer convívio em jornadas passadas - e que na jornada presente não possuímos ligação alguma pelos nossos destacados "laços de sangue". Teremos convivência mais fácil com aqueles que tiverem conosco maior afinidade vibratória - semelhante atrai semelhante, sabemos. Teremos também, portanto, convivência menos fácil - muito difícil, muitas vezes - com aqueles que tiverem vibrações muito afastadas das nossas. Todas as possibilidades de exercício de convívio são, assim, instrumentos para a nossa evolução. Aprendemos com os outros e vice-versa. Tudo é aprendizado.

O grande toque, porém, está numa observação muito pertinente, sobre a qual precisamos meditar: independentemente dos "laços de sangue" da vida presente, os quais são importantes para nos facilitar a união em cada jornada, como vimos, somos todos realmente elementos de uma grande família, com base na existência maior, composta por todos nós, espíritos imortais que somos. Todos irmãos, criaturas em evolução constante, obras do mesmo Criador. Criaturas originadas do amor e destinadas a amar. Destinadas à felicidade - embora, por teimosia, tenhamos ainda o hábito de criar a infelicidade e alimentá-la.

O dia em que conseguirmos ver no outro um irmão, além dos limites acanhados que ainda possuímos em nós, e buscarmos entender as suas dores e amenizar as suas necessidades - de toda espécie -, estaremos auxiliando não apenas a ele, mas na formação de uma sociedade melhor, com respeito, justiça e solidariedade, onde o amor seja o sentimento reinante. Todos juntos avançaremos mais um tanto na esfera evolutiva. Ah, e seremos felizes também, porque tudo o que resulta do amor é maravilhoso.

Estes esclarecimentos nos são trazidos pela Doutrina Espírita, codificada pelo educador, escritor e tradutor francês Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804-1869), o qual é conhecido pelo pseudônimo de Allan Kardec. Através de um trabalho metodicamente elaborado, Kardec, homem da ciência, juntamente com seus colaboradores, obteve respostas, advindas do plano espiritual, às suas indagações sobre os mais diversos temas de interesse da humanidade e sua evolução através dos tempos - o estudo e a prática dos seus postulados nos auxiliam a compreender questões que nos dizem respeito como seres em progresso constante que somos e nos indicam como agir para alcançarmos, com serenidade e trabalho, o destino de luz que nos é reservado no tempo certo, de acordo com as nossas ações.

Em frente - sempre!