AFINAL SOMOS O QUE?

Quando nos encontramos em uma crise existencial, nosso primeiro questionamento: afinal quem eu sou? O que estou fazendo aqui? Logo comigo, tudo acontece? E tantas outras perguntas nos acompanham. Estes questionamentos com certeza refletem nossa insegurança de não nos conhecermos melhor. Porém, parece que conhecemos o outro melhor do que ele se conhece, pois sempre temos uma solução para seus conflitos existenciais, ledo engano. Quando nos preocupamos com os problemas alheios, vimos uma oportunidade para fugirmos dos nossos, mesmo que esta seja uma atitude inconsciente. Fica muito fácil para nós agirmos desta forma, porém o que não sabemos, é que estamos nos enganando, pois este outro é o espelho que reflete nossa imagem, nossas tendências, nossas mazelas. E assim levamos nossa vida fingindo que está tudo bem. Acreditamos em papai Noel, em lobisomem, no coelhinho da páscoa, mas não acreditamos em nossa capacidade de mudança, de virar o jogo, de caminharmos pelas nossas próprias pernas. Nós costumamos ver defeito no outro, mas não enxergamos em nós mesmos. Mas chega um momento que sentimos as consequências de nossas atitudes é onde o sinal de alerta acende em nossa mente, em nosso corpo físico exigindo uma tomada de posição. Como devo me comportar perante tal alerta? Ficar parado vendo o bonde passar? Sentar na praça dando milho aos pombos? Chorar num canto da sala? Sair correndo sem rumo? Sentir-me vítima do sistema? Que tal procurar uma resposta para tantas interrogações? A partir do momento que eu me conscientizo e me proponho a mudar é sinal de que estou amadurecendo, estou tomando para mim a responsabilidade de uma transformação na minha vida e não terceirizar a mudança necessária.

À medida que uma pessoa se vai desenvolvendo espiritualmente, que se vai libertando de seus preconceitos e pendências emocionais, pode enxergar com mais clareza as possíveis consequências das atitudes que pretende tomar. Isto a habilita a fazer escolhas mais sábias e diminui os atritos do dia-a-dia. Ela verá, então, que ninguém “fez isso com ela”, e que, na realidade, através de seus atos e de suas decisões, ela mesma criou seus problemas. (Loe 1992, p.68, 69)

Afinal sou o único responsável pelos meus atos e mais ninguém. Não devo e não posso responsabilizar o outro pela minha tristeza, meus disparates, meus infortúnios. Não posso ser falso comigo mesmo, devo auto conhecer-me para que encontre a felicidade tanto almejada. Pedro no cap. 3, v. 10 e 11 nos faz um alerta: “Se alguém ama a vida e deseja ver dias felizes, guarde sua língua do mal e seus lábios da falsidade; afaste-se do mal e faça o bem, procure a paz e corra em direção a ela”. Esta paz que tanto almejamos está dentro de nós e assim devemos construí-la para que ela perdure sempre. Quando o Criador nos fez a sua imagem e semelhança foi com o intuito de nos ver felizes, realizados e seu parceiro, porém também sabia a necessidade de lapidarmos nossas arestas. Porque isto? Esta interação Criador/criatura seria de uma forma lenta e gradual, pois propositadamente ele não nos criou prontos, como também todo o universo. “No princípio, Deus criou o céu e a terra. A terra era um caos vazio, a escuridão cobria até as profundezas e um vento de Deus se agitava sobre a superfície das águas (Gn. 1, 1-2)”.

Devemos reverenciar nossos ancestrais, respeitar nossos pais, nossos filhos e a todos com quem convivemos. Temos de nos amar incondicionalmente, amar o outro, amar a Deus, amar a vida, a nossa história, conhece-la para que possamos nos compreender usar de nossa alteridade para com o outro. Perceber em cada rosto, em cada sorriso, em cada choro, uma partícula de cada um de nós, afinal não estamos sós, não somos uma ilha e sim um imenso oceano. Somos todos filhos do universo com compromisso de nascer, crescer, semear paz, amor, conhecimento, tolerância, solidariedade, fraternidade e liberdade entre todos. Agindo desta forma, nos sentiremos isentos de sofrimentos, dissabores como também estaremos caminhando lado a lado com Deus, com nosso mestre Jesus e tantos outros mestres que a este planeta serviram como referência de bondade, amor, compreensão. Não devemos guardar para si a angústia, o desamor, a descrença ou qualquer outro sentimento que venha provocar sofrimento. Devemos abrir nosso coração com aqueles que estão mais próximos de nós, com Deus.

No silencio de tua alma terás a oportunidade de refletir sobre ti mesmo. Verás o que foste, és e, em consequência, o que poderás ser com base naquilo que foste e és. (Sobral 2002, p.27)

Sempre é bom lembrar que não estamos sós, e às vezes não temos forças para enfrentarmos sozinhos tais problemas que surgem em nosso caminho. É hora de procurarmos ajuda para demover a montanha que se apresenta, porém quando temos fé e nos propormos a transformações é possível desloca-la do nosso caminho. Nada é impossível para quem Nele crê, porém temos de fazer a nossa parte. Que tal participarmos de um grupo terapêutico onde possamos promover uma interação entre todos, percebendo que não estamos sózinhos e o quanto aprendemos em grupos? Nossas realidades são semelhantes e se assim o são, porque não nos darmos as mãos e caminharmos juntos? Porque não socializarmos nossas forças, nossa fé e curarmos nossas feridas juntos? Abrir o coração com nossos pares é fundamental para nossa cura. Procure um grupo que melhor se adequa aos seus anseios e necessidades. Vamos arregaçar as mangas, e contar uma nova história de nossa caminhada. Namastê.

VALMIR VILMAR DE SOUSA – Bacharel em Ciências da Religião e Licenciatura Plena em Ensino Religioso. E-mail: vevesousa1958@gmail.com

REFERÊNCIAS

BIBLIA PASTORAL. São Paulo: Paulus, 2014.

LOE, GERALD. A Força Natural da Cura: como receber e usar este poder natural. Rio de Janeiro: Novo Milênio, 1992.

SOBRAL, J.HUMBERTO F. A Expansão da Consciência e as Vibrações Psíquicas da Alma. São Paulo: DPL Ltda, 2002.

valmir de sousa
Enviado por valmir de sousa em 07/01/2019
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