A NATUREZA DO PECADO
 

Basicamente entendemos o pecado como, a "ausência do princípio de sujeição a Deus quer em ato, disposição ou estado". Essa definição tem aparo nas Escrituras, principalmente no texto original grego koinê do Novo Testamento. Πάς ό ποιων την αμαρτίαν και την ανομίαν ποιεί και ή ανομία. Pas hó poiôn tên hamartian kai tên anomian poiei, kai hê hamartia estin hê anomia. “Todo o que pratica o pecado também pratica a iniquidade, e o pecado é a iniquidade” (1Jo 3.4). No entanto, devemos humildimente admitir que a definição sobre a natureza do pecado não é tão simples, o quanto parece! Explicar corretamente o princípio essencial do pecado é uma tarefa muito difícil.

 

Agostinho de Hipona e Tomás de Aquino afirmavam que a essência do pecado é o "orgulho". Martinho Lutero e João Calvino consideravam a "descrença" como sendo a sua essência”. Strong, Op. Cit., pág. 569. Para Russell Shedd, Adão primeiro se inclinou para seu próprio "ego" com a finalidade última, ao invés de para Deus. Se Shedd, estiver correto em seu pensamento, então podemos dizer que a essência de todo pecado é o "egoísmo". De fato, nós podemos perceber pelo ensino das Escrituras que a principal característica daqueles que são verdadeiros cristãos é amar a Deus acima de qualquer coisa, mas por outro lado o homem caído no pecado (não regenerado) ama o próprio ego, ou seja, prefere satisfazer seus próprios interesses do que se sujeitar e agradar a Deus. 

Vemos portanto que, a natureza do pecado abrange muitas ideias, sejam elas explícitas ou implicitas, e, dessa forma de modo bem resumido entendemos que:
 

"Pecado é um tipo de mal específico". 

 

Porém, nem todo mal é pecado. Terremotos, tsunamis, tempestades, secas, enchentes, geadas, ciclones e etc., são males provocados pela lei da natureza, que aflige a humanidade, mas nenhum deles é pecado. De igual modo, os animais selvagens, que podem praticar o mal, como por exemplo atacar e até mesmo matar pessoas, mas isso, não significa que são pecadores. O pecado limita-se à “criatura racional”. Nenhuma outra criatura, além do homem, pode saber o que é pecado. O homem é uma criatura racional, dotado de sentidos, capaz de raciocinar e de saber quando faz o que não deveria fazer, ou é, o que não deveria ser. Portanto, não tem desculpa! O homem é culpado de pecado.
 

"Qualquer que pratica o pecado, também pratica iniquidade".

 

A palavra grega ἁμαρτία hamartia, “pecado” é literalmente “transgressão da Lei de Deus". É a ausência do princípio em se submeter a Deus e a Sua Palavra. Em (1Jo 3.4), lemos: "Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei". A palavra "transgressão" no texto original grego é ἀνομία anomia, "ilegalidade", (violação da lei). Segundo Hernandes Dias Lopes, o pecado não é apenas uma falha negativa, uma injustiça, ou falta de retidão, mas essencialmente uma ativa rebelião contra a vontade de Deus e uma violação da sua santa lei. Warren Wiersbe, entende que os pecados (no plural) são frutos, mas o pecado (no singular) é a raiz, pois qualquer que seja a atitude exterior do pecador, sua atitude interior é a rebelião. O reverendo Augustus Nicodemos diz que "pecado é a transgressão da lei, seja ao fazer aquilo que ela proíbe, seja ao deixar de fazer aquilo que ela manda". Os cristãos precisam estar atentos a isso, porque, há pecado de omissão, tanto quanto de comissão.

 

Tiago declara em sua epístola que, “aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando” (Tg 4.17). A expressão “praticar o pecado” usada por João em (1Jo 3.4), vê o pecado como algo realizado em sua plenitude. Dessa forma, entendemos que, aquele que pratica o pecado, o realiza em ações contrárias a vontade de Deus em Sua Palavra. 
 

"Pecado é tanto um princípio, quanto um ato".

 

Isso significa que, atos pecaminosos desenvolvem de um princípio que é o próprio pecado como um ato consumado. Podemos perceber isso no ensino do Senhor Jesus, quando Ele disse que “de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura” (Mc 7.21,22).

 

O apóstolo Paulo em seus ensinos faz clara distinção entre "pecado" e "pecados". “Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, que são pela lei, obravam em nossos membros para darem fruto para a morte. Mas, o pecado tomando ocasião pelo mandamento, obrou em mim toda a concupiscência; porquanto, sem a lei, estava morto o pecado” (Rm 7.5,8). Entendemos que pecado no singular é aquilo que herdamos de Adão, e está relacionado a nossa natureza carnal. Pecados no plural é a expressão, os atos, os frutos, dessa natureza má e pecaminosa que nós possuímos. Vejamos alguns exemplos!

 

No rio Jordão João Batista viu a Jesus, que vinha caminhando em sua direção, e plenamente inspirado pelo Espírito de Deus ele disse: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). No Calvário, Jesus foi crucificado para tirar o pecado do mundo. O pecado foi julgado, aniquilado (Hb 9.26), e condenado em sua natureza, pelo sacrifício de Jesus na cruz. Contudo, é um erro grave pensar que o homem não peca mais e, por conta disso não precisa de arrependimento. Paulo reconhecia que era pecador (1Tm 1.15). O apóstolo João disse: “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (1Jo 1.8,9). Todavia, “Jesus levou sobre si os pecados daqueles que nele creem” (Is 53), e os lançou no mar do esquecimento (Mq 7.19). "Arrependei-vos, portanto, e convertei-vos para que assim sejam apagados os vossos pecados". (At 3.19).

JESUS FAZ A DIFERENÇA.
 
 

Pastor Jose Junior
Enviado por Pastor Jose Junior em 28/12/2018
Reeditado em 14/01/2024
Código do texto: T6537621
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