O Marketing de alguns profissionais com o perigoso uso do verdadeiro Evangelho de Cristo

O Marketing de alguns profissionais com o perigoso uso do verdadeiro Evangelho de Cristo

A espiritualidade entrou na agenda de milhares de profissionais. Pessoas de todos os credos têm consultado os chamados gurus da espiritualidade soe gestão, equilíbrio entre vida pessoal e carreira, liderança de equipe, entre outros temas. Muitos se reúnem em grupos de discussão para explorar os aspectos espirituais de ma vida prospera. Nos Estados Unidos, empresas promovem verdadeiros “Shows da fé” para seus funcionários. Algumas elas pagam 45 000 dólares por uma palestra sobre Cristo e seu estilo de liderança. A livraria virtual Amazon.com oferece 10 000 títulos sobre o assunto. No Brasil, a Livraria Cultura lista cerca de 1 000.

Afinal, quem não necessita de uma bussola um guia ou um mentor? Como dizia o guru Norte-americano Warrem Bennis: “Se você não esta confuso, você não sabe o que está acontecendo”. No mar e incertezas em que navegam os profissionais- em ambiente corporativo extremamente complexo, revolto, competitivo e inseguro-, os novos pregadores transformaram os ensinamentos de Cristo em técnicas de Auto-ajuda. São escritores, consultores e pregadores do casuísmo. Usam o texto agrado para buscar argumentos que embelezam suas teses precárias. A melhor imagem para escrever essa realidade é a frase de O Sermão Profético – A Destruição do Templo, de Cristo: “Não vedes todas essas mudanças abruptas e inesperadas? Em verdade vos afirmo que não ficou e não ficara pedra sobre pedra que não tenha sido ou que não seja finalmente destruída”. E se o ambiente interno é incerto, o externo não deixa por menos: competição global acirrada, terrorismo, destruição do planeta, conflitos internacionais, criminalidade, corrupção.

O autor de Jesus o Maior Psicólogo que já Existiu, Mark W. Baker considera como princípios espirituais lugares-comuns do tipo: “A mudança nem sempre é um hospede bem-vindo” e “ Aqueles que não aprendem com o passado vivem presos a ele”. Em a Sabedoria de Salomão no trabalho, de Karen Manz, Robert Marx e Christopher Neck ( Ed. Futura), o que menos existe é a sabedoria e Salomão. Não se enganem. É a obviedade travestida de iluminação e sabedoria. A força dos ensinamentos de Cristo não nascia de técnicas articuladas apenas por raciocínio lógico e linear. Ele falava por parábolas e, muitas vezes, seus discípulos não as compreendiam. Não há qualquer registro histórico de que Cristo discutisse com eles sobe a arte de falar em publico, comunicação eficaz, negociação, planejamento estratégico, motivação e sucesso. Não havia em seu colegiado de discípulos nenhum MBA, PhD ou estrelas corporativas. Todos eram homens simples e desprezíveis aos olhos de qualquer executivo do século 21 e não passariam nos recrutamentos atuais.

Como estudioso das religiões, eu estranho tudo isso porque Cristo nunca organizou ou dirigiu uma igreja formalmente. Ele pregava ao ar livre ou nas sinagogas. Não tinha Sede fixa. Vários e seus discípulos (sua equipe). O abandonaram antes de seu julgamento e crucificação. No anuncio e aparição pós-ressurreição muitos deles não acreditaram, pensaram estar vendo um ‘ espírito”. Cristo é a antítese do que os leitores poderiam classificar de executivo bem-sucedido. Quando escuto ou leio os trabalhos desses gurus da espiritualidade, lembro-me que todas essas lições negociadas a peso de ouro eu as aprendi gratuitamente na Escola Dominical. O sucesso deles é uma conseqüência direta da falta de educação e cultura religiosas.

Entretanto, isso não significa dizer que os ensinamentos de Cristo não sejam aplicáveis no dia-a-dia dos homens nas esferas mora, espiritual e até mesmo no mundo dos negócios. Eles são muito úteis, mas com ma ressalva: a sua aplicação não significa necessariamente mais lucros nem mais sucesso. Muitas vezes, eles significam abnegação, renúncia pessoal e sacrifício. “Não vos proveis de ouro, nem de prata, nem de cobre nos vossos cintos; nem de alforje para o caminho, nem e duas técnicas, nem de sandálias, nem de bordão...” Isso implica que Cristo era contra a riqueza, o progresso e o sucesso material? Claro que não. Ele era contra aquela coisa que domina o coração dos homes e mulheres e torna-os escravos de seus desejos. O dinheiro não é a raiz de todos os males, mas o amor por ele a qualquer preço. Os calvinistas norte-americanos do século 19 exortavam: “Faça dinheiro, mas pare de vês em quando para avaliar o quanto isso lhe custa”.

É bom lembrar que o dinheiro não é onipotente. Ele não ressuscita os mortos, não dá caráter aos corruptos, não compra inteligência para os medíocres e, entre tantas outras coisas, não dá valor a quem não sabe o que valorizar Cristo não veio ao mundo para construir um império industrial, financeiro ou de outros serviços. Ao contrario, sua missão era de outra natureza- redentora. “Eu vim ao mundo para que tenham vida e a tenham em abundancia”.

Seria bom que esses consultores, pregadores e escritores da espiritualidade, se debruçassem, sobre as palavras do próprio Cristo: “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração esta longe de mim. Em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens”. Claro que a literatura que trata da verdadeira espiritualidade deve ser levada a seria.

Mas todo cuidado é pouco com aqueles que abusam da fragilidade humana e das organizações, aproveitando-se do despreparo cientifico- Administrativo, e do desconhecimento da natureza humana em beneficio próprio. Este caminho não é tão fácil de percorrer. Implica o conhecimento de si mesmo, na pratica real e verdadeira dos valores espirituais, e, entre tantas outras coisas, receber e cumprir sua missão, qualquer que seja,

como uma dádiva de Deus. Realizar-se nesta trajetória, significa praticar a verdade, servir aos outros, muitas vezes em detrimento de si mesmo. Estamos querendo multiplicar e simular o exemplo de Cristo em nossas vidas. Então olhemos o Cristo na sua totalidade. Se olharmos apenas para este segundo aspecto Ele não se diferenciará de outros lideres como Gandhi, Mandela, João Paulo II, Napoleão Bonaparte, Alexandre- O Grande, Jack Welch, entre tantos outros grandes nomes da humanidade.

A dois mil anos, Paulo de Tarso, instruído pelo Gamaliel e considerado um dos mais articulados expoentes do Cristianismo, Advertia: “Pois vai chegar o tempo em que as pessoas não vão dar atenção ao verdadeiro ensinamento, mas seguirão os seus próprios desejos. E arrancarão para si mesma uma porção de mestres, que vão dizer a elas o que elas querem ouvir. Essas pessoas deixarão de ouvir a verdade para dar atenção às lendas”. Será isso mera coincidência? Que julguem os leitores.

MARCIO JOSE SCHALI

Escritor, Membro da Sociedade Bíblica do Brasil e Membro da

Igreja Evangélica Assembléia de Deus-Ministério Belém de Campinas-SP.

Marcio Schali
Enviado por Marcio Schali em 14/03/2017
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