SANTA LUZIA

A fé é incorruptível somente na visão de quem acredita nela.

Francisco de Paula Melo Aguiar

A história de vida e do martírio de Santa Lúcia, nascida mais ou menos no ano 283 e que faleceu martirizada no ano de 304 depois de Cristo, mais conhecida simplesmente como a Santa da Luz, segundo a tradição da Igreja Católica Apostólica Romana, foi uma jovem siciliana, nascida numa família rica italiana, venerada pelos católicos do mundo inteiro como virgem e mártir cristã, por determinação do Imperador Diocleciano.

A sua devoção é persistente desde a antiguidade cristã, juntamente com Santa Cecília, Santa Águeda e Santa Inês, a veneração a Santa Luzia, continua como uma das mais populares, inclusive com ofício próprio. Enfocamos que chegou a ter vinte templos em Roma dedicados ao seu culto.

Assim sendo, o episódio da cegueira, ao qual a iconografia a representa, deve estar ligado ao seu nome Luzia, substantivo próprio derivado de lux, igual a luz, elemento indissolúvel unido não só ao sentido da vista, mas também à faculdade espiritual de captar a realidade sobrenatural. A verdade tem que ser dita e vista mesmo diante da escuridão do pecado e da corrupção do corpo e da alma humana. Por este motivo Dante Alighieri, na Divina Comédia, atribui-lhe a função de graça iluminadora.

É a santa padroeira dos oftalmologistas e daqueles que têm problemas de visão no inteiro, segundo a tradição da cultura católica.

A festa de Santa Luzia é celebrada simbolicamente em 13 de dezembro, possivelmente doze dias antes do Natal para indicar ao cristão a necessidade de preparação espiritual e sua iluminação correspondente para essa importante data que se avizinha. O nascimento de Jesus Cristo, a única e verdadeira luz do mundo.

A historicidade nos informa que Luzia nasceu na cidade italiana de Siracusa e era de uma família rica e cristã. Era considerada como uma das jovens mais belas de sua cidade. Seu pai morrera quando ela tinha cinco anos e sua mãe, Eutíquia, sofria de graves hemorragias internas. Luzia tinha uma grande convicção cristã, que a fez consagrar-se, secretamente, a nosso Senhor Jesus Cristo e ofereceu sua virgindade perpetuamente. Um dia ela e sua mãe foram peregrinar à cidade de Catânia onde se encontrava o corpo da Grande Santa Águeda, que morrera por não se converter aos ídolos. O Evangelho pregado na Santa Missa desse dia foi o da mulher que sofria com hemorragias internas, iguais às da mãe de Luzia. E Luzia então pensou: "Se aquela mulher ao tocar nas vestes do Senhor ficou curada, será que Santa Águeda não pedirá ao Senhor que cure minha mãe da mesma forma que curou aquela mulher?" Ela então disse a sua mãe que esperassem todos sair da Igreja, para elas irem rezar junto ao corpo de Santa Águeda. Durante esse meio tempo Luzia dormiu, e em êxtase sonhou que anjos rodeavam Santa Águeda, e que a mesma disse-lhe: "Luzia minha irmã, porque pedes a mim uma coisa que tu mesma podes conceder?" Luzia rapidamente saiu do êxtase e despertou do sonho. Acordou e foi procurar sua mãe, a qual disse-lhe que tinha sido curada. Luzia aproveitou esse momento para revelar à mãe que tinha feito um voto de virgindade a Jesus Cristo, e que iria distribuir todos os seus bens aos pobres. Sua mãe disse: "Luzia minha filha, tudo o que é meu e de seu falecido pai é teu, por isso faça o que queres." Ao chegar em casa elas começaram a distribuir todos os seus bens aos pobres. Um jovem muito rico e pagão, politeísta de nascença, que já era apaixonado por Luzia, foi perguntar à mãe da mesma o motivo de tanto esbanjamento de dinheiro,e em resposta Eutíquia disse: "Luzia é muito providente, ela achou bens muito mais valiosos do que esses e por isso é que estamos fazendo isso”. O jovem não entendeu que ela falava dos "bens" do Paraíso Celeste, por isso entendeu como quis e voltou para casa. Os dias se passavam e Luzia e sua mãe davam mais e mais dinheiro aos necessitados assim dilapidando a grande fortuna da família, e por isso o jovem logo teve a certeza que Luzia era cristã. Ele denunciou-a ao prefeito de Siracusa, Pascasio que furioso com a grande fé cristã de Luzia, mandou-a ao Imperador Diocleciano, que tentou persuadi-la a se converter aos ídolos. A fé de Luzia se mostrou cheia do Espírito Santo em frente ao Imperador Diocleciano. Ele vendo que nada a convertia fez inúmeras coisas cruéis com ela. Foi autorizado o martírio de Santa Luzia. Diocleciano vendo que nada a convertia, mandou jogá-la em uma casa de prostituição, cheia de homens sedentos de um corpo virginal como o de Luzia, mas foi em vão: ninguém conseguia tirar Luzia dali. Nem mesmo uma junta de bois conseguiu. Os soldados saíram envergonhados por não conseguir tira-la dali. Seus pés eram como se estivessem fincados no chão, como raízes de plantas. As virgens naquele tempo tinham mais medo de perder a virgindade do que uma cova cheia de leões, por analogia semelhante ao que aconteceu com o profeta Daniel. Como isso não dera certo, tentaram depois colocar fogo em seu corpo, mas Luzia fez a seguinte oração: "Ó Senhor Deus, Jesus Cristo meu Rei, não deixai que essas chamas me façam mal algum." As chamas nada fizeram contra ela, nem mesmo vermelhidão no seu corpo deixara, e por isso retirara ela de dentro do fogo, são e salvo, tamanha é a sua fé no Deus único. A o corpo é incorruptível desde que a fé seja verdadeira. Quem tem fé verdadeira é capaz de transportar um monte de um lugar para outro, todo ser humano assim não o faz porque a fé é pouco e corruptível. Como tudo isso não havia dado certo, foi lhe aplicado o castigo mais cruel depois da degolação. Luzia não se convertia de jeito nenhum aos falsos deuses, e por isso um soldado, a mando de Diocleciano, arrancou-lhe os olhos de sua face, e entregou os olhos em um prato a própria jovem Luzia, mas milagrosamente ao entregar o prato com os olhos de Luzia, no rosto da mesma, nasceram-lhe dois lindos olhos, sãos, perfeitos, brilhantes e mais lindos do que os outros que foram arrancados. Milagre divino! Vendo que nada a convencia de converter-se ao paganismo, deceparam sua cabeça no momento que Luzia dizia: "Adoro a um só Deus verdadeiro, e a ele prometi amor e fidelidade". No mesmo instante sua cabeça rolou pelo chão. Era 13 de dezembro do ano de 304 depois de Cristo. Os cristãos recolheram seu corpo virginal e a sepultaram nas catacumbas de Roma.

Sua fama de Santa da Luz se espalhou como um relâmpago por toda a Itália e Europa e depois para todo mundo inteiro, onde hoje é venerada e honrada como a "Santa da Visão", inclusive no Brasil ela é padroeira de cidades, vilas, distritos, povoados, fazendas, engenhos, ruas, bairros, casas comerciais, etc. Na Paraíba, por exemplo, tem a cidade Santa Luzia, em Sapé tem o bairro de Santa Luzia, em Cruz do Espírito Santo, tem a povoação/fazenda Santa Luzia, inclusive com uma bela igreja em estilo barroco edificada em sua honra há mais de cem anos, em Santa Rita, tem a rua Santa Luzia, CEP 58302-050 no bairro dos municípios (Tibiri II) e a comunidade/capela de Santa Luzia, no Conjunto Nice, que todos os anos celebra o tríduo, procissão e missa no dia 13 de dezembro de cada ano em sua honra.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 13/12/2015
Reeditado em 13/12/2015
Código do texto: T5478745
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