Homilia Pe. Ângelo Busnardo- XVI Dom. Comum(Fidelidade e Infidelidade dos Sacerdotes)

XVI DOMINGO COMUM

19 / 07 / 2015

Jr.23,1-6 / Ef.2,13-18 / Mc.6,30-34

Quando um casal abandona suas obrigações para com Deus e vive na indiferença, em geral, leva consigo para a condenação também os filhos. Dificilmente alguém se condena sozinho, porque a infidelidade de um arrasta outros para a infidelidade. Quando alguém que consagrou a vida a serviço de Deus se torna infiel o número de pessoas que arrasta consigo para o inferno costuma ser muito maior.

Jeremias profetizou no período que precedeu a deportação para a Babilônia e durante parte do exílio dos sobreviventes. O rei infiel contratou sacerdotes que compactuavam com ele na infidelidade para presidir o culto no templo. Os sacerdotes infiéis arrastaram multidões para a infidelidade e por isto Jeremias denunciou a perversidade dos pastores do povo de Deus: 1 Ai dos pastores que perdem e dispersam as ovelhas de minha pastagem – oráculo do Senhor! 2 Por isso, assim diz o Senhor Deus de Israel contra os pastores que apascentam meu povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, as expulsastes e não cuidastes delas. Eis que vos castigarei pela maldade de vossas ações – oráculo do Senhor! (Jr.23,1-2).

Deus avisou que iria castigar os pastores denunciados por Jeremias e efetivamente o exército da Babilônia destruiu o templo construído por Salomão e deportou os sacerdotes e o povo sobreviventes para diversos países. Somente setenta anos depois, os filhos dos deportados, por ordem de Ciro, rei da Pérsia, voltaram para a pátria e reorganizaram a nação.

Pela boca de Jeremias, Deus anunciou que futuramente suscitaria a Davi um descendente fiel: 5 Eis que virão dias – oráculo do Senhor – em que suscitarei a Davi um rebento justo; um rei reinará e agirá com inteligência e administrará no país o direito e a justiça. 6 Em seus dias, Judá será salvo e Israel habitará em segurança. Este é o nome com que o chamarão: “Senhor, nossa justiça” (Jr.23,5-6). O descendente fiel anunciado por Jeremias é Jesus. No tempo de Jesus também a classe sacerdotal que exercia o ministério no templo de Jerusalém era infiel. Jesus avisou os sacerdotes que seriam excluídos do serviço religioso: 43 Por isso eu vos digo: O reino de Deus (a igreja do Antigo Testamento) será tirado de vós e será dado a um povo que produza os devidos frutos (Mt.21,43).

No ano setenta da nossa era, os romanos destruíram o templo e exterminaram a maioria dos sacerdotes e deportaram os sobreviventes. Seguindo a orientação de Jesus, os cristãos abandonaram a região de Jerusalém ao verem os exércitos romanos se aproximarem e escaparam do extermínio. Sempre houve e sempre haverá pessoas consagradas infiéis. Mas quando a maioria dos consagrados se torna infiel e persegue e exclui os poucos que permanecem fiéis, para proteger o seu rebanho Deus usa o chicote para purificar a sua Igreja. Em minha opinião, devemos estar preparados porque a Igreja de Deus precisa de uma severa purificação.

Pelo pecado de Adão e Eva, toda a humanidade se separou de Deus e se tornou escrava de satanás. Jesus se encarnou para oferecer à humanidade uma nova oportunidade de se unir ao Criador: 14 Pois é ele a nossa paz, ele, que de dois fez um só povo, derrubando o muro de separação, a inimizade, em sua própria carne; 15 anulando a Lei dos mandamentos expressa em decretos, para fazer em si mesmo, dos dois, um só homem novo; estabelecendo a paz 16 e reconciliando ambos com Deus num só corpo pela cruz; e matando em si mesmo a inimizade (Ef.2,14-16). Ao se encarnar Jesus assumiu uma alma humana e um corpo humano feito de terra deste planeta. Ressuscitando dos mortos e voltando para o céu, Jesus levou para a casa do Pai uma alma humana e um corpo feito de matéria deste planeta. Antes de morrer, Jesus fundou a Igreja Católica da qual Ele é a cabeça. A Igreja Católica está na terra e Jesus, a Cabeça, está no céu. Quem quiser unir-se novamente a Deus deve unir-se ao corpo de Jesus, a Igreja Católica, através dos sacramentos instituídos por Ele e confiados exclusivamente à Igreja fundada por Ele.

Jesus enviou os apóstolos a pregar com poder de expulsar demônios e curar doentes: 12 Eles partiram e pregaram, incitando o povo à conversão. 13 Expulsavam muitos demônios, ungiam com óleo muitos enfermos e os curavam (Mc.6,12-13). Ao voltar, os apóstolos prestaram contas a Jesus após ter cumprido a missão. A missão dos apóstolos consistia em converter com o objetivo de salvar as almas. Jesus não os enviou a socorrer pobres ou a alimentar famintos. Deviam curar os doentes pela fé e não através da distribuição de remédios. Na prestação de contas, os apóstolos não disseram que tinham visitado famílias pobres, amparado desabrigados e alimentado famintos, mas que tinham ensinado: 30 Os apóstolos voltaram para junto de Jesus e lhe contaram tudo que tinham feito e ensinado (Mc.6,30).

A dedicação dos apóstolos era tão intensa que, na ânsia de atender a todos, se esqueceram até de se alimentar corretamente e descansar. Por isto, Jesus mandou-os para o barco e saíram do lugar para poderem se alimentar e descansar: 31 Jesus lhes disse: “Vinde vós sozinhos para um lugar deserto e repousai um pouco”. Pois eram tantos os que iam e vinham, que eles não tinham tempo nem para comer (Mc.6,31).

Como o barco movido pelo vento se deslocava lentamente, enquanto Jesus e os apóstolos navegavam, o povo acompanhou a embarcação pela margem junto com outras pessoas que se uniram a ele durante o trajeto e, quando o barco parou, o número de pessoas que procuravam Jesus e os apóstolos era ainda maior: 33 Mas, vendo-os partir, muitos compreeenderam para onde iam, e de todas as cidades foram a pé e chegaram antes deles. 34 Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão de povo e sentiu compaixão dele, pois eram como ovelhas sem pastor (Mc.6,33-34).

Código : domin943

Ângelo José Busnardo

e-mail : ajbusnardo@gmail.com

Pe. Ângelo Busnardo.
Enviado por Joanne em 16/07/2015
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