O que é a Missa?

O QUE É A MISSA?
Miguel Carqueija


O grande Papa Bento XVI alertou sobre o problema da “ignorãncia religiosa” como um dos males de nossa época. De fato, parece que a maioria das pessoas quase nada sabe sobre religião. Outro dia era um amigo que revelava, ante uma explicação minha, julgar que Nossa Senhora de Fátima fosse uma santa chamada Fátima. E Fátima é o local de aparições em Portugal, naquele ano de 1917, e Nossa Senhora é, sempre, a Mãe de Jesus Cristo, ou seja, a Virgem Maria; Nossa Senhora da Conceição, da Glória, da Piedade, do Perpétuo Socorro, de Lourdes, de Aparecida... são os muitos títulos que a devoção lhe dá; mas a pessoa é sempre a mesma.
Parece incrivel que algo tão óbvio seja ignorado ou confundido. E não estamos falando de acreditar ou não acreditar, mas de entender. Reconheço que também há lamentáveis confusões em relação a outras religiões que não a católica: há pessoas, por exemplo, que pensam que os muçulmanos adoram Maomé, o que é absolutamente falso. Eles adoram apenas Deus, a quem chamam de Alá. Nesse ponto, fazem como os cristãos e os judaístas. É o Monoteísmo: somente um Deus, e somente Deus é adorável.
Mas a ignorância religiosa atinge largamente, e lastimavelmente, muitos católicos em relação ao Catolicismo mesmo. É que muitos são católicos de estatística, mas não lêem e não se aprofundam na doutrina, que conhecem mal e porcamente. Assim, muitos católicos nem sabem o que é uma missa.
Duvida do que eu digo? Então você, que é católico, responda o que é a Missa?
Se disser que é a reunião de fiéis na igreja para orar e louvar a Deus... parabéns, você errou!
Podemos definir a Missa como “a perpetuação mística do sacrifício de Jesus Cristo na cruz”. Isto quer dizer que aquele sublime sacrifício, onde o Verbo Divino se ofereceu como vítima para salvação de toda a humanidade (só dependendo então de que cada qual aceite) se reproduz de forma sacramental, incruenta e mística, cada vez que o sacerdote consagra o pão e o vinho, ergue as espécies na elevação e consagração: “Isto é o meu corpo”, “Isto é o meu sangue” (Lc 22, 17-20). Note-se que não é um símbolo. Embora de forma não cruenta, Cristo prossegue sendo sacrificado em cada missa, numa união misteriosa com o drama do Calvário, de modo que a Vítima Divina é oferecida até o fim do mundo, em todas as missas que a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa realizam aos milhares a cada dia.
É isto a missa. E é por isso, pela solenidade e santidade do ato, que não se deve bagunçar as missas – seja com instrumentos barulhentos, músicas impróprias, batendo palmas e rebolando nas canções litúrgicas, ou cantando “parabéns pra você” aos aniversariantes da semana, como infelizmente alguns párocos gostam de fazer. Não me venham dizer que deve haver alegria nas missas. É claro que deve, mas a alegria e o entusiasmo que os católicos devem sentir assistindo o culto, vem da própria grandeza do mesmo, da Presença Real de Cristo na Eucaristia, das orações, da confraternização entre os fiéis, e da Palavra — seja a palavra lida dos textos litúrgicos do dia, seja a palavra do padre na homilia. O tipo de alegria de festinhas, que fique nas festinhas.


Rio de Janeiro, 6 de julho de 2015.


foto: Papa Francisco e Papa Bento XVI