Um Breve Panorama Sobre as Línguas do Oriente Médio Antigo

13 de Nisan de 5775

Ao contrário do que muitos acreditam, Sem, descendente de Noach não tem uma relação direta com a formulação da língua hebraica, como apregoa a ortodoxia cristã ou judaica, apenas pela força da tradição. A tradição arrolada pela força oral, ignora os fatos sociolinguísticos e históricos concretos registrados, não apenas no próprio texto da Tanak, como também nos demais textos mais antigos que a própria Tanak, vinda de culturas próximas da qual as fontes sociolinguísticas são as mesmas. O Oriente Médio Antigo sempre foi uma forquilha de povos e civilizações, isso no decorrer de mais de três milênios de sua historicidade, nesse contexto geopolítico, topográfico, geográfico e social, foram faladas e escritas muitas línguas, idiomas e dialetos. Muitas delas, são aglomeradas, linguisticamente em inúmeros grupos, um dos mais eminentes, o das línguas camito – semíticas. Bem, quais devem ser essas línguas nascidas no Oriente Médio Antigo?

1. As línguas camito – semíticas.

Para uma maior compreensão desse tema, sugiro uma maior aprofundação em pesquisa (que leva tempo, e que não se faz pela net e sim em bibliotecas, com bibliografias próprias) feita por uma literatura especializada, uma dica: “SCMOKEL, H. Mesopotamian Texts in Near Eastearn Religious Texts relating to the O.T. ed. W. Beyerlin, London, 1978. COHEN, D. Hamito – Semitica. Ed. J. e Th. Bynon, Hague – Paris, 1975.”

Essas línguas distinguem-se fundamentalmente em duas grande famílias:

I. O egípcio.

O egípcio, tal língua (aqui só apresentarei o básico) no qual se distingue habitualmente quatro etapas linguísticas (o egípcio antigo, o médio egípcio ou também conhecido clássico, o novo e também chamado neoegípcio e o demótico), tais línguas passaram a ser hegemônicas entre si. Há ainda a quinta etapa desse processo sociolinguístico que deu origem a mais famosa das línguas oriundas dessa família na atualidade, como língua camita - semítica, influenciada pelo período helênico, que foi a língua copta.

II. As línguas semíticas.

Caso deseje uma abordagem mais elaborada do que essa simples introdução panorâmica, sugiro: “BROCKELMANN, C. Grundiss der vergleichesden Gramatik der semitischen Sprachen, 4 vol., Berlim. Hildenheim, 1908. GARBINI, G. Le lingue semitiche. 2ª ed., Nápoles, 1984.”

Essas línguas formaram um grupo linguístico facilmente reconhecível por que nele se encontraram as mesmas raízes consonantais, derivaram e distinguiram-se em vários grupos:

a. O semítico oriental (também chamado de semítico do leste) – refere-se ao acádico, língua que foi falada na mesopotâmia, (língua de Avram - Avraham de Ur dos Caldeus) como foi atestada por Sargão de Agade em 2350 a.e.c, estendeu-se aproximadamente até 2000 a.e.c; é chamado antigo – paleoacádico, dividiu-se em dois dialetos: 1) o assírio – acádico do norte, no qual se distinguem o paleoassírio (atestado principalmente nos séculos XIX – XVIII), o médio assírio (especialmente nos séculos XV - XI) e o neoassírio (nos séculos X – VI);

b. O babilônico – ou acádico do sul, no qual se caracterizam o paleobabilônico (especialmente nos séculos XIX – XVIII), o médio babilônico (cerca de 1500 – 1000 a.e.c) e o neobabilônico (I milênio a.e.c).

2. O semítico ocidental ou oeste – semítico.

Lingua esta falada na Síria – Palestina (Noroeste semítico), às vezes chamado “norte – semítico” ou apenas “oeste semítico”, e na península arábica (sudoeste – semítico), mais frequentemente conhecido como – “sul – semítico”:

1. No III milênio a.e.c., foi verificado em tabuinhas dos arquivos de Tell Mardikh / Ebla século XXIV – XXIII a.e.c.

2. No II milênio atestou-se o ugarítico no século XIV XIII a.e.c, em alfabeto cuneiforme local seguindo as normas cananéias, conforme consta os documentos encontrados como cartas de El – Amarna no século XIV a.e.c;

3. No I milênio, o noroeste semítico se divide claramente, dando origem ao processo sociolinguístico ao ramo “cananeu – fenício, como sua variedade púnica, daí o hebraico, o amonita, o moabita e o edomita, fundamentada como língua gramaticalmente estruturada, todas fortemente influenciada pelo semitismo do Oriente Médio;

4. Surge o aramaico, no qual se distinguem em vários níveis ou pequenas etapas da língua e vários dialetos: o aramaico antigo, correspondente ao século IX – VIII a.e.c, o aramaico do império, do século VII – IV, e o aramaico recente, da palestina, nabateu, palmineu, hatreu, siríaco, o aramaico babilônico, o mandeu e muitos outros.

E por fim o sudoeste – semítico, mais conhecido como árabe. Uma boa referência seria: “GREENFIELD, J. C. Amurrite, Ugaritic and Canaanite. In Proceedings of the International Conference on Semitic Studies, Jerusalem. Jerusalem. 1969.”

Outras dicas são:

1. Riqueza de métodos nos estudos bíblicos

Avishur, Issac. "Exegesis Among Jews in the Modern Period". In EJ 4 (1971): cols. 899-903.

The Cambridge History of the Bible. 3 vols. New York and Cambridge: Cambridge University Press, 1963-70.

Grant, Robert M., John T. McNeill, and Samuel Terrien, "History of the Interpreta­tion of the Bible:' In IB 1: 106-41.

Hayes, John H., and Carl Holladay. Biblical Exegesis. Atlanta: John Knox Press, 1981.

Hummel, Horace D. "Bible Research and Criticism". In EJ 4 (1971): cols 903-15.

Soulen, Richard N. Handbook of Biblical Criticism. 2d ed. Atlanta: John Knox Press 1981.

2. A aproximação religiosa confessional à Bíblia Hebraica

Alonso-Schökel, Luis. The Inspired Word. Scripture in the Light of Language and Literature. New York: Sheed & Ward, 1965.

Payne, J. Barton. The Theology of the Older Testament. Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans, 1962.

Reid, John K. S. The Authority of Scripture: A Study of the Reformation and Post-Reformation Understanding of the Bilbe. London: Methuen & Co., 1957.

Smith, Richard F. "Inspiration and Inerrancy", In JBC 2: 499-514.

3. A aproximação histórico-crítica à Bíblia Hebraica

Geral De Vries, Simon J. "Biblical Criticism, History of". In IDB 1: 413-18. Grobel, Kendrick. "Biblical Criticism". In IDB 1: 407-13.

4. Crítica histórica

Hayes, John H., and J. Maxwell Miller, eds. Israelite and Judaean History. Philadel­phia: Westminster Press, 1977. (Abrev. IJH).

Miller, J. Maxwell. The Testament and the Historian. GBS. Philadelphia: Fortress Press, 1976.

Crítica das fontes (literárias mais antigas)

Fretheim, Terence E. "Source Criticism, OT". In IDBSup, 838-39. Habel, Norman C. Literary Criticism of the Old Testament. GBS. Philadelphia: For­tress Press, 1971.

5. Crítica das formas

Hayes, John H. Old Testament Form Criticism. San Antonio: Trinity University Press,

1974. [Abrev. OTFC] Knierim, Rolf, and Gene M. Tucker, eds. The Forms of the Old Testament Literature,

24 vols. Grande Rapids: Wm. V. Eerdmans, 1981. [Abrev. FOTL.]

6. Livros e artigos dispostos por divisões do texto

Kock, Klaus, The Growth of the Biblical Tradition. The Form-Critical Method. New

York: Charles Scribner's Sons, 1971. Tucker, Gene M. "Form Criticism. OT". In IDBSup, 342-45.

— Form Criticism of the Old Testament. GBS. Philadelphia: Fortress Press, 1971.

Tradição oral Coote, Robert B. "Tradition, Oral, OT". In IDBSup, 914-16.

Finnegan, Ruth. Oral Poetry. Its Nature, Significance, and Social Context. New York and Cambridge: Cambridge University Press, 1977.

7. Crítica das tradições (da história das tradições)

Coats, George W. "Tradition Criticism, OT". In IDBSup, 912-14.

Knight, Douglas A. Rediscovering the Traditions of Israel. Rev. ed. SBLDS 9. Mis­soula, Mont.: Scholars Press, 1975.

Rast, Walter E. Tradition History and the Old Testament. GBS. Philadelphia: For­tress Press, 1972.

8. Crítica das redações

March, W. Eugene. "Redaction Criticism and the Formation of Prophetic Books".

In SBLSP 11 (1977): 87-101. Wharton, James A. "Redaction Criticism, OT". In IDBSup, 729-32. Willis, John T "Redaction Criticism and Historical Reconstruction". In Encounter with the Text, ed. M. J. Buss, 83-89. Semeia Studies. Philadelphia: Fortress Press,1979.

9. Interação entre aproximações religiosas e histórico-críticas aos estudos bíblicos

Barr, James. "Biblical Theology". In IDBSup, 104-11. — . "Revelation in History". In IDBSup, 746-49.

Betz, Otto. "Biblical Theology, History of", In ISB 1: 432-37.

Brown, Raymond E. "Hermeneutics". In JBC 2: 605-23.

Childs, Brevard S. Biblical Theology in Crisis, Philadelphia: Westminster Press, 1970.

Collins, Thomas A., and Raymond E. Brown. "Church Pronouncements". In JBC 2: 624-32.

Hahn, Herbert H. "The Theological Approach to the Old Testament". In The Old Testament in Modern Reserarch. Rev. ed., 226-49. Philadelphia: Fortress Press, 1966. Grand Rapids: Wm. V. Eerdmans, 1975.

Hoffman, Thomas A. "Inspiration. Normativeness, Canonicity, and the Unique Cha­racter of Scripture". CBQ 44 (1982): 447-69.

Stendahl, Krister. "Biblical Theology, Contemporary". In IDB 1: 418-32.

Stuhlmacher, Peter. Historical Criticism and Theological Interpretation of Scripture. Philadelphia: Fortress Press, 1977.

Henrique Sacramento
Enviado por Henrique Sacramento em 02/04/2015
Reeditado em 26/02/2024
Código do texto: T5192561
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.