Deus e Religião

Deus e Religião

EMANUEL MOUNIER: A dimensão teológica da pessoa. (religião e deus)

(in Deus na filosofia do século XX, Loyola (p.383-405)

1.Introdução.

Partindo da definição da pessoa como máscara que ressoa o seu dizer.

Ele realça o papel que o ser humano tem na elaboração dos conceitos de deus e religião.

2. Personalismo e religião

Deus é evidenciado pela cultura humana. É a cultura que dá a idéia de deus. E isto influencia o modo de vida: um povo que tem um conceito de deus chefe guerreiro, tem uma civilização guerreira; deus rei, uma monarquia; deus viril, uma sociedade machista. É daí que se constroem filosofias, teologias, políticas, artes, e assim por diante...

Portanto, a religião e deus no personalismo são produções das culturas humanas.

O personalismo reforça o papel da pessoa como cume da realidade.

Só pode pensar num deus pessoal.

O ateísmo foi fecundo para a consciência cristã. Enquanto se nega Deus afirma-se deus. O transcendente está no ateísmo.

3.Encarnação e teologia da história.

As realidades temporais estão repletas de espiritualidade. Por isso, não se devem desprezá-las. A encarnação consiste na continuação e renovação da história para a integridade da identidade com homens e mulheres crentes ou não.

Para a encarnação nós somos imagem única e total da divindade.

Não devemos repetir os erros que certas denominações cometeram ao longo da história...

4.Pessoa e transcendência

O ser humano tem que crescer para os outros (horizontal) e para o transcendente (verticalmente). O vertical pode ser positivo (capta a plenitude e delícias do ser mais) e negativo ser que tem a experiência do limite. São mais freqüentes no dia a dia. Essas experiências devem ser privilegiadas de abertura ao ser numa esfera superior.

5. Pessoa e comunhão

O eu, enquanto pessoa, existe na medida em que existo para os outros. Ser significa amar. Amar em Mounier é olhar para o outro e não fechar-se nele. É superar-se, sair de si mesmo. A pessoa não pode deter-se na relacionalidade porque perderia identidade e diferença....(p.393) tem que realizar relacionamentos profundos com o outro, até chegar a experiência de comunhão na qual a transcendência pode ser caracterizada como transvivibilidade onde a pessoa chega a ser o outro. ( José é Tereza; Tereza é José).

Comunhão é abrir-me para o outro; colocar-me no lugar do outro ter a consciência de que sozinhos não nos realizamos....os limites, os obstáculos, as dificuldades são “impulsos para” ele chama de transcender-se recíproco. Transcendência horizontal: relacionar-se com o outro, capaz de gerar um nós. Isso nos leva a comunhão.

Para Mounier o transcendente se encontra nas relações interpessoais. A pessoa não, mas o nós. É o nós que tem encarnação, relação e transcendência. Por isso, precisa favorecer o nascimento de comunidades em que seja possível experimentar relações autênticas. Abrir-se para o outro é transcendental.

6.amo ergo sum

Sem amor as pessoas não existem. Sem o amor as pessoas não chegam a ser tais. O amor é a possibilidade do ser. Com o amor você conhece-se a sim mesmo e ao outro. Isto gera comunicação entre seres. E.Mounier nega o individualismo religioso. Há que ressaltar a comunhão que me liga ao outro (transcendente). Religião é ligar-se ao outro. Não deixar que nenhum obstáculo os separe.

7.Pessoa e trindade (?)

Mounier parte do modelo trinitário para falar das comunhão entre pessoas humanas. No modelo trinitário, a terceira pessoa é amor que passa da primeira à segunda e é pessoa ela mesma, sem perder sua identidade. Amor da trindade é o laço vivo e substancial da primeira com a segunda, unidas numa eterna e perfeita conversação.