LIBERDADE!

Nada se compara a liberdade. Liberdade de viver o hoje sem os fardos de ontem. Liberdade de andar de cabeça erguida sem dever nada a ninguém senão o amor. Liberdade de comer sossegado o próprio pão e viver o amor em família sem receios. Liberdade de pensar e mudar de idéia. Liberdade de ser você mesmo de propósito. Liberdade de acreditar no amanhã com esperança. Liberdade. Doce, linda e eterna liberdade. Liberdade conquistada, nossa por direito. Sem condicionantes, sem obrigações, sem ressalvas, sem contra-indicações. Pare, pense, reflita, sinta a liberdade...

Mas como chegamos até aqui? Como recebemos tamanha benção com todos os nossos erros, omissões, delitos e pecados. Com tantas infrações da Lei de Deus, com tantas vezes ultrapassando os limites e pisando em terreno proibido. Se para a Física toda ação gera uma reação de igual intensidade e sentido contrário. E para o Direito toda ação gera uma obrigação? Certamente havia um preço a ser pago. Nossas ações geraram para nós uma obrigação que nos era contrária. Mas se estamos sob a égide de uma obrigação então não somos livres. Juridicamente falando, quando há uma dívida a ser paga o devedor emite um Título de Crédito. Pode ser um cheque, uma nota promissória, uma duplicata, enfim, uma cédula que atesta a existência de um débito. Com nossas ações assinamos a cédula devedora e a entregamos nas mãos de nosso credor o diabo. "Porque o salário do pecado é a morte..." [Romanos 6.23] Porisso que Paulo afirma que já estávamos mortos em nossos delitos e pecados [Efésios 2.1]. Já que assinamos a cédula com nossos pecados vamos analisar como foi paga a dívida sob o enfoque das características dos Títulos de Crédito.

Solidariedade: Essa característica versa que o Título é um vínculo que subordina todos os coobrigados. Assim, o credor pode exigir o crédito de uma, de algumas ou de todas as pessoas signatárias. Não por acaso a Bíblia afirma: "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" [Romanos 3.23]. Portanto se qualquer um de nós quisesse pagar a dívida para ser livre teria de morrer. Mas morrendo não extinguiria a dívida pois morreria pelos próprios pecados. Em sua soberana sabedoria Deus promoveu-nos um redendor, Jesus Cristo, sem pecado, o Filho Unigênito de Deus que morreu pagando totalmente a nossa dívida. Assim, "Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito" [I Pedro 3.18] Agora podemos estufar o peito e andar a passos firmes pois nossa dívida foi integralmente paga por Aquele que nunca pecou, antes nos amou primeiro e a si mesmo se entregou por nós.

Abstração: Por essa característica a obrigação que o devedor assumiu ao assinar a cédula se desvincula da causa que a gerou. Assim, se você comprar uma mercadoria e como pagamento entregar um cheque para alguns dias por exemplo, ainda que você pague a mercadoria a dinheiro o credor poderá descontar o cheque e receber o valor pois juridicamente não há vinculação. Em nosso caso, embora Jesus tenha pago o preço dos nossos pecados continuáramos sendo pecadores. Está em nós, em nossa natureza falha, em nossa imperfeição intrínseca. Há uma luta interior constante entre carne e espírito. O apóstolo Paulo afirmou certa vez: "Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim." [Romanos 7.14-17] Mas antes que nosso credor contasse vitória sobre nós o poder supremo do sacrifício de Cristo esmaga também essa característica da cédula devedora: "Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. [Romanos 3.24] Jesus não nos deu a chance de sermos justos, também não nos chamou de justos nem nos ensinou um jeito de nos tornarmos justos. Ele nos justificou. Pela força de Sua Natureza santa, pelo poder de seu sangue ele nos tornou justos apesar de todos os nossos pecados. Esse é um mistério que se aceita por fé e que nos liberta de todo o pecado e todo o laço. Jesus não só pagou a conta mas zerou a obrigação, não só eliminou a causa mas neutralizou seus efeitos. Aleluia!

Literalidade: Dessa característica aprendemos o seguinte: o título se enuncia num escrito e somente no que está escrito. Há uma máxima do Direito que diz: "O que não está no título não está no mundo." Dessa forma, em nosso caso ficaria um trunfo para nosso credor não como cobrador mas como acusador. Pois todas as vezes que erramos ele insistiria em nos acusar: "Você foi perdoado, tudo bem. É um justo agora, que bom pra você! Mas, está escrito que"... Porém nosso Redentor não é só vitorioso, é vencedor por natureza e nos deixou escrito em boas letras em Sua Palavra: "Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz." [Colossenses 2.14] Como a Bíblia é linda e nosso Redentor poderoso! Quando Jesus bradou no Calvário a morte foi tragada na vitória e o véu do templo, não resistindo, se rasgou de alto abaixo sem mãos humanas. Demonstrando assim publicamente que o Antigo Pacto que consistia em ordenanças fora anulado. Era nosso Redentor riscando a cédula devedora, rasurando o valor de nossa dívida, o que não está no título não está no mundo! Ele apagou nossas culpas e libertou-nos para uma vida plena em todos os sentidos. Agora "Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. [Romanos 8.33]

Cartularidade: Trata-se da existência física do título, a cártula. Para revindicar os seus direitos o credor precisa ter a posse física da cédula. Nem uma cópia autenticada no mais respeitado cartório serve nem uma microfilmagem, somente a via original tem validade. Pois então, como lemos, o último reduto do inferno caiu aqui: "Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz." [Colossenses 2.14] Não resta mais nenhum trunfo para nosso credor e acusador, ele não tem mais a cédula. Ela foi encravada na cruz de Cristo. Se com atrevimento e sutileza nosso adversário quiser nos acusar temos moral para inquirir: "Onde está ó morte a tua vitória? Onde está inferno o teu aguilhão? Onde está a cédula devedora? Se foi encravada nas mãos de Jesus na cruz, ninguém nem no céu nem na terra nem debaixo da terra, além de Jesus tem esta cédula! A dívida foi paga, a obrigação quitada, os efeitos neutralizados, a cédula riscada e encravada na cruz, nossa natureza mudada para sermos como Ele, nossa esperança renovada, nossa condição mudada para sempre. De devedores a filhos de Deus herdeiros de uma vida abundante!

É porisso que somos livres. Porque Jesus nos libertou. "Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres." [João 8.36] Não importa onde estejamos, sempre estaremos no lugar mais seguro do mundo: o centro da vontade de Deus. Não importa onde tenhamos que trabalhar: fazemos a Deus e não aos homens. Nâo importa por onde tenhamos que passar: os caminhos de Deus são mais altos que os nossos caminhos. Não importa qual grau de periculosidade a sociedade dê para o bairro onde moramos: Ainda que andemos pelo Vale da Sombra da Morte não temeremos mal algum. Não importa se estamos financeiramente bem ou em dificuldades: nesta vida debaixo do sol tudo é vaidade. Não importa quanto tempo iremos viver aqui: Se vivemos para o Senhor vivemos e se morrermos para o Senhor morremos! Somos livres, as variáveis econômicas não nos preocupam mais do que a prudência recomenda: Nunca vimos um justo mendigar o pão. As moléstias e pestes não nos causam desepero: Nem um mal nos sucederá nem praga alguma chegará a nossa tenda. Os atentados, os acidentes, as guerras e rumores de guerra não podem roubar o nosso sono: Toda ferramenta preparada contra nós não prosperará. Não importa quem nem o que se ponha diante de nós: Nada nos acontecerá sem que o Senhor permita!

Isso é que é ser livre. Livre para viver. Livre para pensar. Livre para sonhar. Livre para amar. Livre para obedecer a Deus. Livre para sermos nós mesmos de propósito. Livre para mostrar ao mundo que somos felizes por sermos quem somos. Viva a liberdade!

Heleno Pedroso
Enviado por Heleno Pedroso em 30/06/2012
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