NATUREZA MORTA

"Porque, se em vós houver e aumentarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo." [II Pedro 1.8]

É tão maravilhoso crescer no conhecimento de Jesus Cristo. Ter a certeza de que não estamos parados no tempo como figurantes indecisos mas que estamos construindo a cena, fazendo a história acontecer. Saber que, impulsionados pelas grandíssimas e preciosas promessas de Deus em nossas vidas, podemos escapar da corrupção do mundo e usar cada dia debaixo do sol para acrescentar virtude a nossa fé. Sentir a alegria de ser abraçado pela graça divina de maneira que podemos acrescentar a ciência a esta virtude sem perder o foco nAquele que reina para todo o sempre. Compreender o equilíbrio que a comunhão com Cristo nos ensina para acrescentar a temperança a esta ciência e a paciência a esta temperança. Para que não saibamos mais do que convém nem tenhamos cuidado com o tempo além do mal que a cada dia basta. Ah! Como é bom mergulhar nas profundezas da sabedoria e da ciência de Deus e galgar as alturas com o Filho de Deus que nos libertou de todo o laço do passarinheiro até sentirmos o impacto de todas as bençãos espirituais nos lugares celestiais que já são nossas pelo Filho. [Efésios 1.3] É tão bom saber que não pertencemos mais a este mundo [João 15.19] antes em Cristo já estamos com Ele assentados nas regiões celestiais [Efésios 2.6]. Poristo já não somos pessoas comuns, agora todas as coisas contribuem juntamente para o nosso bem [Romanos 8.28] e como podemos compreender os propósitos de Deus tudo o que lhe pedirmos em nome de Jesus Cristo nos será feito.

Porém, é importante lembrar que o conhecimento de Jesus Cristo não é algo estático porque é um conhecimento que brota de um relacionamento. Não estamos lendo um testamento e descobrindo o que nos compete pela partilha das bençãos, estamos, isto sim, buscando a comunhão com o Filho Unigênito de Deus que está vivo e presente conosco. E esta comunhão é tão envolvente que quanto mais a buscamos mais descobrimos bençãos e mais a desejamos buscar. Não por acaso o profeta disse: "Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao SENHOR; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra." [Oséias 6.3] Esta proximidade nos identifica com Cristo e quem olha para nós vê algo que transcede o universo material em nós habitando. Mas essa glória não é nossa, Jesus mesmo nos alertou que sem Ele nada poderemos fazer. Ele nos deu todas estas bençãos e nos fez participantes de sua Glória para um propósito específico. "Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda." [João 15.16]

Fica claro então, que o grande propósito de Jesus não é que fiquemos sentados em nossos confortáveis estofados assistindo DVD, comendo pipoca e glorificando a Deus. Isto faz parte do lazer a que temos direito, mas ser herdeiro de Cristo é mais do que isto. Contudo, hoje há um forte movimento pró-ociosidade. Na verdade, hoje há um expressivo número de cristãos que pensam que a sua missão é cumprir uma escala de presença em reuniões. Pior a ociosidade gera novas e desnecessárias habilidades. Habilidade para encontrar defeitos no trabalho de outrem, habilidade para descobrir fatos que não edificam, habilidade para criticar pejorativamente sem assumir a responsabilidade pelas fontes, habilidade para levar de casa em casa fofoquinhas "inofensivas". Mas não pense em convidar estas pessoas para por a mão no arado, você vai se surpreender com tamanha "humildade". "Não, eu não sou digno!" dirão elas. Mas acham-se dignos de criticar quem está trabalhando. Não fazem nada pela obra, não se comprometem com evangelismo, não assumem uma portaria, não abraçam um grupo de louvor, mas metem o pé na porta para que outros não entrem, acham defeitos até onde não tem. Ainda existem aqueles que até não levam comentários maldosos mas também não abraçam a causa. Preferem que nada seja feito a terem que se envolver na obra de Deus. Já se acostumaram a uma vida de mesmice espiritual que não estão dispostos a avançar um pouco além no conhecimento de Cristo. Não percebem que o que estão demonstrando é que não estão dispostos a descobrir o que Deus pode fazer através deles. O ocioso é um egoísta espiritual, o raciocínio dele pode ser ilustrado da seguinte maneira: "Estou salvo, que maravavilha! O resto que se lixe!"

Porém a exortação de Pedro vai ainda mais além e alcança os estéreis. Este grupo é um pouco mais perigoso. Eles não são ociosos, não são vadios, eles trabalham e muito. Eles são muito úteis na obra cristã na terra, estão sempre presentes nos eventos e nos trabalhos. Dispostos, serviçais e no que fazem dedicados. Mas na sua bagagem espiritual há algo que falta ou algo sobrando pois têm um problema sério: Não dão frutos. São simpáticos, sociáveis, amáveis e dedicados mas infrutíferos. São poeta sem poesia, evangelistas sem evangelismo que não ganham almas, ministros do louvor que não conseguem aproximar a igreja de Seu Noivo, porteiros que só se preocupam em abrir a porta para os que já estão sãos espirituais, escritores cujos escritos não edificam, cristãos que professam a Fé mas não a manifestam em seu viver, pastores que querem escolher as ovelhas para apascentar, ministros que acreditam que a obra tem de ser feita do jeito deles. São os donos da cena mas não brilham, brilham mas não refletem a luz divina, pregam mas não transmitem maná celestial, cantam mas não tocam o coração de Deus, oram mas suas palavras não ultrapassam o teto. Sobre estes Judas foi veemente: "Estes são manchas em vossas festas de amor, banqueteando-se convosco, e apascentando-se a si mesmos sem temor; são nuvens sem água, levadas pelos ventos de uma para outra parte; são como árvores murchas, infrutíferas, duas vezes mortas, desarraigadas;" [Judas 1.12]

Os frutos são por demais importante. Os frutos não são algo que possa ser descartado, que possa ser relegado a um segundo plano na vida cristã pois são eles e não nossas palavras que revelam quem somos [Mateus 7.16]. E através deles é que glorificamos Nosso Pai que está nos céus e demonstramos ser discípulos de Cristo [João 15.8]. Além disso Jesus disse claramente que toda a vara que estando nele não dá fruto, o Pai corta e a lança fora! [João 15.2; Mateus 3.10] Produzir frutos para o Reino de Deus não é uma escolha nossa é a nossa missão como seu povo. Foi essa missão que nos deu oportunidade de receber o Reino [Mateus 21.43]. Certa vez Jesus contou uma linda parábola sobre um homem que possuia uma figueira. Este homem disse a seu vinhateiro: "Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho. Corta-a; por que ocupa ainda a terra inutilmente?" Seu empregado lhe respondeu: "Senhor, deixa-a este ano, até que eu a escave e a esterque; E, se der fruto, ficará e, se não, depois a mandarás cortar." [Lucas 13.6-8] Como estão os seus frutos? O que você vem produzindo para o Reino de Deus? Talvez até aqui você tem se sentido confortável não lançando a mão a obra, saiba que foi para trabalhar que Jesus nos chamou, o campo é muito grande para que Deus tenha servos ociosos. Disponha-se, você poder sim ser útil. Encontre seu lugar, ponha-se na brecha, abrace a causa, o mundo precisa ver que a glória de Deus que estampa seu rosto não é vã. Quem sabe você tem trabalhado muito com dedicação e esforço e não tem visto frutos em seu trabalho. O primeiro passo para ver a benção da colheita abundante é admitir que algo está errado. Siga Jesus, busque o conhecimento dEle, não se estribe em sua própria experiência. O que deu certo ontem pode não dar hoje, a experiência é boa mas é única, pessoal e intransferível, não se embase nela. Procure a seiva rejuvenescedora da videira verdadeira que é Jesus. Você e eu somos apenas mais uma vara, é buscando dEle que produziremos frutos [João 15.5]. E a bem da verdade, não somos originais, somos zambujeiros enxertados no lugar dos galhos originais que foram quebrados [Romanos 11.17-20]. Quem sabe se este não é o tempo em que o vinhateiro de Deus, o Espírito Santo que intercede por nós, está adubando você, escavando a sua terra utilizando até mesmo este artigo para lhe despertar a cumprir sua missão, a produzir os frutos que Deus deseja ver em você.

Verdadeiramente é maravilhoso crescer na graça e no conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Porém para que esta glória cristã não seja consumida pela nossa vaidade nem estancada pela nosso egoísmo devemos buscar produzir frutos para o Reino de Deus. Afinal, para que nos conformarmos a uma vida ociosa e estéril?! Se a semente em nós caiu em boa terra, vamos produzir bons frutos!

Heleno Pedroso
Enviado por Heleno Pedroso em 30/06/2012
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