Seminário Batista Regular do Sul - 1978 - 1982: formação teológica e fundamentalismo no Paraná

Em 1978 o Seminário Batista Regular do Sul (SBRS em português e PBBI - Paraná Baptist Bible Institute, em inglês) existia nas idéias dos casais de missionários, Clarence Anthrum Nickell e Thelma Jane Nickell, George William Wells e Maxine Wells, Neal Marion Smith e Allice Grace Smith. Pastor Nilo foi o pioneiro do trabalho batista regular no Paraná sendo fundador em Curitiba da Igreja Batista Regular de Portão. O que havia era um terreno bem localizado, gramado e plano, em Vargem Grande, vila de Piraquara, arborizado, sem muitos vizinhos, apropriado para uma escola. Construiu-se uma pequena moradia nele para Pastor C A e Dona Thelma morarem. Ao lado, pequena meia água como depósito das ferramentas. Quando chegaram os primeiros alunos, as moças foram morar num anexo da casa dos missionários e os rapazes foram alojados na meia água, que se chamava carinhosamente de “Shed”, por Pastor C A. Provavelmente nos finais de 1978 a construção física começou. Pastor George Wells viera de Novo Hamburgo – RS e trouxera da Igreja Batista Maranata, o jovem Eugen Ziebel (Eugênio), de Mondai, Santa Catarina. Eugenio era um homem sarado, forte e tinha experiência em trabalhos pesados. Seria o primeiro aluno e a principal figura nas construções. De Novo Hamburgo, veio também Plínio Kremer, ex-militar da Aeronáutica, da mesma Igreja. Plínio sempre foi um cristão pacífico, tolerante, acomodado, não criava maiores problemas em questões teológicas. Era um aluno padrão. Não tinha dificuldades de convivência, seu relacionamento com pessoas e colegas era perfeito. Pastor George era mentor de uma tríade de rapazes, Plínio, Eugenio e Ernani Hermann, o último, já pastor em São Paulo e diretor da Imprensa Batista Regular. Dois outros alunos chegaram depois, um dos quais, Juraci José Maria, de Taboão da Serra – SP. Jair Ribeiro de Souza foi outro que chegou de uma da Igreja Batista Regulares de Diadema - SP. Jair se tornou o aluno monitor e o aluno padrão nos quatro anos de estudos no Seminário. Era uma figura amorosa, tolerante e dedicada a música. Com seu violão animava as sextas-feiras de social no interior do Seminário. Era um rapaz que pregava com a alma e com o coração. Durante os estudos, namorou Margarete, vinda da Igreja Batista Regular em Cubatão e com ela se casou logo após sua formatura. No segundo semestre de 1979 chegou José Bezerra Filho, cearence, que se casa no final do curso com Maria Donizete Mafei. José era polêmico, bagunceiro e tipo aluno que tirava proveito das coisas. Na mesa esperava que todos pegassem carne, pois as normas de Boas Maneiras de Dona Maxine rezavam que sempre se escolhesse o menor pedaço. Como ele era o último a pegar, ficava com o maior. Não era sumidade nos estudos mas tinha bom esforço. Era um bom e prático fundamentalista, daqueles que uma escola pastoral daquela esperava de seus ministros.

Em 1978, o jornal “O Batista Regular” da Associação das Igrejas Batistas Regulares passou a divulgar o início das aulas do SBRS em março de 1979, mesmo quando ainda as bases materiais da escola não haviam sido fixadas. O prédio e tudo estava por ser construído. Editaram um pequeno manual de 22 páginas dando o perfil do novo Seminário que a Associação Baptist Mid-Missions fundara em Curitiba.

Na prática, as atividades começaram em 28 de fevereiro de 1979, reservado às matrículas e ao trabalho na construção, no qual todos os alunos se veriam envolvidos. A chamada turma pioneira foi a que levantou o edíficio, suas futuras salas de aula. O SBRS cobrava por aluno Cr$ 800,00 por mês e era uma despesa elevada para as condições sócio-econômicas de cada um. Muitas vezes, os próprios missionários arrumavam serviços seus para os alunos a fim de que recebessem dinheiro para pagar suas despesas.

Chegaram também as meninas, que se formariam um ano antes, pois só podiam fazer o curso de Educação Cristã, cuja duração era de três anos. Maria Donizete Mafei, Francisca Teixeira de Souza (São Bernardo), Ilony Juraci Leuck (Novo Hamburgo), Vera Lucia Cardoso e Antoni Fátima Queiroz (Caçapava) foram as protagonistas. Com a chegada da ex-missionária da Missão Paulo de Tarso, Maria Zuila da Silva, as jovens postulandas ficaram sob seus cuidados. Em 1981 elas se formariam sob o som de “A grande marcha de Aída”, no pátio esportivo do SBRS.

O SBRS nasceu sob o forte movimento e signo do fundamentalismo batista, da euforia do dispensacionalismo e o sionismo internacional. A chamada posição de Israel no plano divino das dispensações e no cenári político internacional era o centro hermenêutico do pensamento do SBRS. Disso resultava uma apreciação radicalmente favorável ao papel dos Estados Unidos como aliado de Israel, no que entendiam como cumprimento de Gênesis 12 e num ódio e profetismo inveterado contra o comunismo e a União Soviética, que enxergavam nas passagens bíblicas, nas anotações de Scofield, cujos livros eram chave para aulas, como potencial invasor da Terra Santa, junto com a China. O ensinamento do Seminário instituia um isolamento total das demais denominações protestantes, inclusive outras igrejas de comunhão batistas e mesmo a comunhão com a Igreja Batista Bíblica (Pastor Gary Tomberlain) era vista com certos cuidados. O regimento interno do Seminário era rigoroso, embora estas exigências não fossem levadas à sério pelos membros das igrejas e congregações batistas regulares locais. No Seminário não era permitido o uso de calças compridas pelas mulheres, mas nas igrejas, a coisa corria liberada.

As disciplinas eram trabalhadas pelos professores desta forma:

Trabalho Prático – Pastor Nickell; Evangelismo Pessoal – Pastor Nilo; Doutrina – Pastor George; Síntese – Pastor Nickell; Teoria de Música – Dona Alice; Introdução à Educação Cristã – Dona Thelma, mais tarde por John Thomas Burnete; Vida de Cristo – Pastor Nilo; Escola Dominical, Dona Thelma; Regência – Dona Thelma; Homilética – Pastor Wesley Monteiro; Geografia e Arqueologia – Pastor Nickell; Introdução Bíblica – Pastor Nilo; Governo dos Batistas – Pastor Nilo; História Eclesiástica – Pastor e historiador, Francisco de Almeida Araújo; Teologia Sistemática – Pastor George; História dos Batistas – Pastor Nilo; Teologia Pastoral – Pastor Nilo e Pastor Wesley; Religiões Comparadas – Pastor Wesley; Homilética – Pastor Wesley; Missões – Pastor Neal.

Além da turma pioneira, entraram nesse período, Antonio Gentil da Costa (Batista Bíblico), Daisy Freire, Damivan Gonçalves, Daniel Miranda (Batista Bíblico), Elizabeth Eleutério Rodrigues (figura espetacular, coração aberto), Gessivaldo Ramos dos Santos, Husae Hishida, Irany Dias Rocha, James Ramos Goulart, Jandira da Silva Farias, Jefferson Quevedo Soares, Joubert de Almeida Saraiva, Juraci José Maria, Lilian Silveira da Silva, Marcelo Martins Fernandes, Liola, Maria Helena Bastos dos Santos, Marilene Alves do Amaral (professora universitária, UFPR), Osma Checon, Eneida, Ovídio Evangelista Filho, Sitri de Lobato Siqueira, Eusania, Tania Maria de Brito Barbosa, Valdir Miranda de Almeida,