CAMINHO PARA O CÉU: INVESTIMENTO COM LUCRO CERTO

Nos últimos dias conheci, em Olinda (PE), duas localidades que parecem querer levar os moradores ou os que por ali passam direto ao Reino do Céu. Nas duas áreas existe, por parte das igrejas evangélicas, uma acirrada concorrência para ocupar espaços e atrair fiéis. Ou melhor: elas (as igrejas) estão em busca do que eles (os fiéis) podem dar, em ofertas, doações ou 'pagar' o tradicional dízimo.

Ao longo da Estrada de Águas Compridas, no bairro de mesmo nome, podem ser contados mais de 15 templos religiosos, de diversas denominações. Na Cidade Tabajara, os dois quilômetros da via que dá acesso à localidade de Chã de Mangabeira reúne mais de dez igrejas evangélicas. Somente da Assembléia de Deus existem quatro templos. Depois vem a Igreja Missionária, a Nova Igreja Missionária Pentecostal, a Igreja Vida e Esperança e a Nova Assembléia de Deus. Também há dois templos sem identificação e outros dois em construção. No final da estrada, está o Vale do Amanhecer, uma doutrina espiritualista cristã criada por “Tia Neiva” lá pelos idos de 1959.

Fundar igrejas e criar seitas no Brasil é uma das atividades mais lucrativas da atualidade. Os templos cheios de fiéis fazem a alegria dos ‘empresários da fé’, bispos, apóstolos e pastores que defendem a “Teologia da Prosperidade” pregando ilusoriamente que as bênçãos financeiras são dadas por Deus a aqueles que são mais generosos nas ofertas. Quem não abre o coração e não tira da carteira valores atrativos para ajudar na ‘Obra do Senhor’, dificilmente alcançará o milagre.

Certos da fé, da ingenuidade e da necessidade de milagres dos fiéis, dirigentes de muitas seitas e denominações religiosas aproveitam essa demanda do mercado para instalar filiais em todas as esquinas - e assim aumentar os lucros dos seus “balcões de negócios”. Nesses locais vende-se de tudo: curas, saúde, prosperidade, bem estar, sucesso profissional, paz, vida em abundância e empregos. De quebra, eles ainda prometem afastar demônios e dispõem até de água milagrosa.

Essa visão mercadológica encaixa-se bem na teoria do sociólogo norte-americano Rodney Staric. Segundo ele, "qualquer sociedade será mais bem servida se tiver muitas religiões diferentes, da mesma forma que bebemos mais refrigerantes porque existem 20 marcas diferentes para escolher."

MERCADO DE DEUS

Não é a toa que os cinemas da periferia do Recife e das cidades do Interior fecharam as portas e deram lugar a igrejas. Bares fecham e são transformados em igrejas; supermercados e concessionárias de veículos encerram as atividades e nos seus lugares são erguidos suntuosos templos, verdadeiros locais onde abundam os milagres. Isso é o que se vê hoje, em toda parte.

Os fiéis, acreditando na idoneidade dos vendedores de falsas promessas, investem suas economias nesse ‘Mercado de Deus’. Afinal de contas, quanto maior a contribuição, maior a benção que vem do céu.

Bom seria se, antes da adesão a essas igrejas, os indivíduos dedicassem alguns minutos à leitura da Bíblia. Uma sugestão é ler Mateus (O Sermão Profético), sobre a vinda do Senhor e o fim do mundo:

“(...) acautelai-vos, que ninguém vos engane. Porque muitos virão em meu nome, dizendo: eu sou o Cristo; e a muitos enganarão. E ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; olhai, não vos perturbeis; porque forçoso é que assim aconteça; mas ainda não é o fim” (Mateus 24:4-6).

“Igualmente hão de surgir muitos falsos profetas, e enganarão a muitos; e, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará” (Mateus 24:11-12).