A Necessidade de “DesBolsonarização” da Política

Eu não queria estar na pele dos bolsonaristas. Certamente, eles devem cobrar muito para defendê-lo diante das evidências atuais. Cada vez mais, seus defensores têm que dar um "duplo twist carpado" para inocentá-lo de todas as evidências de crimes e implicações juridicas.

E na mídia eles cada vez são em menor número. Supostos jornalistas e juristas cujos nomes todos conhecemos, como Augusto Nunes, Alexandre Garcia, Allan dos Santos (Panos) e o magistrado Ives Granda, com sua análise sui generis da Constituição que afirma que caberia o impedimento da posse de Lula, conquistada democraticamente nas urnas.

A maldade e mal caratismo do Bolsonaro já foi explicitado pelos episódios da COVID, como ele trata as mulheres como a Mária do Carmo, e o seu desejo de implementar uma guerra civil no Brasil, na qual morressem pelo menos 30 mil pessoas. E também já foi evidenciado como ele é corrupto no caso das rachadinhas, envolvimento com milicianos e bandidos, roubando as joias do governo, e mal administrador público, já que como Lula disse, Bolsonaro gastou 200 bilhões de reais para tentar evitar a derrota para Lula e mesmo assim perdeu a eleição.

E agora ele não aceita sua derrota nas urnas e, sob o pretexto de usar o instrumento constitucional de estado de sítio, juntamente com militares, tentou aplicar um golpe de estado no Brasil. E o conhecimento da minuta golpista que ele admite na manifestação de janeiro é mais uma evidência de que o plano de Bolsonaro era nos subjugar. E é curioso como a extrema direita tenta inverter a verdade, dizendo que Bolsonaro ao fazer tudo isso luta pela nossa liberdade, mesma estratégia do Grande Irmão do livro "1984", de George Orwell.

E agora o relato do Freire Gomes, que disse que prenderia Bolsonaro caso levasse o golpe adiante, encalacra ainda mais o ex-presidente que está prestes a ver seus dias nascerem quadrado. Em sua defesa, Bolsonaro afirma que não é crime discutir o que está na Constituição, mas desconsidera que o instrumento de estado de sítio é só para casos extremos, como catástrofes naturais e guerras, não simplesmente por perder uma eleição.

É bom notar também a gravação do ex-ministro do Gabinete Institucional de Bolsonaro, que explicita a intenção de golpe, no qual ele diz que não podem esperar até o fim das eleições, que têm que agir imediatamente, e lutar contra as instituições brasileiras que salvaguardam a instituição, como o STF.

E o conhecimento do plano dos terroristas de 8 de janeiro, cujo objetivo era prender e enforcar o ministro Alexandre de Moraes na Praça dos Três Poderes, enquanto Bolsonaro, covardemente, estava nos EUA para dizer que não tinha nada a ver com isso. No entanto, quem pretendia executar esse plano eram seus apoiadores.

Essas evidências dão o caráter do tipo de pessoal que defende Bolsonaro. Não todos, e portanto devemos cobrá-los: vocês são a favor do golpe de estado? Em transformar o Brasil numa ditadura liderada por um incapaz como Bolsonaro? Se sim, vocês devem apoiá-lo até o fim, mas sem hipocrisia. E não atribuir à esquerda a ameaça constitucional que vocês mesmo representam. E admitam que vocês são contra os pobres, apesar da maioria dos apoiadores também serem pobres, e são a favor da desigualdade social, contra minorias e querem acabar com a constituição. É necessário que sejamos claros ao perfil moral de quem defende Bolsonaro, não todos, repito, alguns são apenas débeis intelectivamente e se deixaram engabelar pelo discurso golpista, neopentecostal e patriótico de Bolsonaro, falsamente moralista, com a retórica pastelão de pátria, Deus e família. Está na hora de desbolsonarizar a política para o bem da democracia.