UM GOVERNO DISTANTE DA CIVILIDADE

UM GOVERNO DISTANTE DA CIVILIDADE

Parece um tanto paradoxal, pensar em civilização como sendo o ideal de um povo ou nação, quando por princípio não se tem civilidade, pois, o que sempre se espera seja em detrimento do bem comum. Logo, algo construído por pessoas, cidadãos, num processo harmônico, de boas maneiras, cortesia, polidez, onde o respeito mútuo prevalece, considerando as semelhanças e mormente os diferentes dons. Todavia, quando somos governados por tiranos, ou seja, por um governante ilegítimo, sendo sustentado fora dos princípios de real civilidade - sem reciprocidade, equidade, onde não mais impera as leis constituídas. Como chamar este estado de coisas, de nação, de povo civilizado? O que dizer de um povo civilizado, onde o que se chama de cultura a banalização do que é sagrado, sempre em contraponto ao que é tradicionalmente respeitoso - sendo objeto de contradição, assim como impor a mentira como sendo verdade, o que implica em mal caráter, falta de pudor, vergonha, respeito, enfim, um governo distante da civilidade. O que seria cultura para um governo tirano? Porventura seria destruir os padrões sociais ligados à religião - destruir o que eleva o ser humano a transcender, roubando-lhe a própria crença, quando sustentado na sua origem em Deus. O que chamamos de belas artes, porventura não seria tudo aquilo que inspira a beleza em si própria, assim como o perfume, as cores, o brilho das estrelas, o chacoalhar das águas, o som dos ventos, tudo aquilo que eleva o espírito, indo além da razão pura? A cultura no sentido social, deve caracterizar-se pelo progresso, não somente das ciências, mas também do respeito à religião; da política, no exercício das escolhas de seus representantes democraticamente; das artes, como meio de expressar o que é belo e inspira a alma do artista, conclamando à observação e admiração dos que olham de fora; da cidadania, que nada mais é do que respeitar os direitos de cada cidadão à luz das leis constituídas, onde também é imposto o dever de cada um em detrimento do seu próximo. O todo em respeito às partes que o compõe, sendo que cada parte também é um todo, e nesse conjunto operando o que seja a compreensão integral, o que dentro do conceito holístico, o todo está em cada parte e cada parte se encontra no todo, ou ainda, a influência causada pelo todo nas partes. No entanto, num governo tirânico, prevalece o todo que governa, sem considerar que os que são governados, que também são partes no resultado. E na sua liberdade, cada cidadão precisa sentir-se como possível, completo, com total gozo de suas prerrogativas como indivíduo e como cidadão. Porem, num governo distante da civilidade, ainda mais, ilegítimo e não constituído pelo desejo do povo na sua maioria, restará apenas a iniquidade, a impiedade, onde a palavra dura suscita a ira e o furor. Diz a Bíblia na sua sabedoria: “a palavra dura suscita a ira, mas a palavra branda desvia o furor”. Desta forma, num governo distante da civilidade, o poder de mando de um tirano, exercido com mão de ferro, só pode determinar a formação de um povo revoltado, raivoso, que mais cedo ou mais tarde acabará por derramar a sua ira. Mais cedo ou mais tarde, o tirano cairá, assim como a própria história testifica. Com sofrimento sucumbirá.