BISSEXTOS

Eles voltaram. A manjada galera que a cada quatro anos reaparece para infernizar a paciência alheia com promessas mirabolantes está com as baterias carregadas para tentar, mais uma vez, ludibriar o cidadão de bem. E por conta da pandemia do COVID 19 correndo solta por aí, agora o costumeiro e midiático arsenal será apresentado, em sua maioria, pelas chamadas redes sociais, uma maneira econômica e eficiente de cooptar os incautos eleitores. Como uma boa parcela daqueles que se utilizam diariamente da tecnologia mais viciante do planeta ainda não se deu conta dos riscos iminentes do uso indiscriminado dos smartphones e similares, esse é um campo fértil e altamente promissor para a inserção de propaganda político-partidária, que levam em seu bojo os mais variados objetivos. Principalmente porque o povo brasileiro, em geral, tem histórico de indiferença crônica ante o desenrolar das denúncias e dos casos confirmados de corrupção envolvendo detentores de cargos eletivos. Mesmo aqueles flagrados com numerários em malas, cofres, apartamentos e nos lugares mais inusitados possíveis do corpo acabam esquecidos e voltam à vida pública, com a anuência direta dos eleitores, acometidos sazonalmente por recorrente amnésia política.

As verdadeiras intenções dos paraquedistas bissextos se revelam no momento em que se procede a uma simples avaliação, mesmo que superficial e desacompanhada de critérios técnicos definidos, dos requisitos básicos indispensáveis para que o candidato possa se mostrar apto a ocupar o cargo eletivo que ora pleiteia. A imensa maioria daqueles postulantes ao exercício da vereança sequer conhece as atribuições precípuas do legislador municipal. Seus jingles de campanha escancaram a ingenuidade típica dos que buscam apenas um complemento de renda e se limitam quase que exclusivamente às temáticas corriqueiras, como a defesa dos animais e das minorias, o apoio à agricultura, ao comércio, à indústria e outros segmentos que eventualmente se mostrem receptivos às propostas fantasiosas e sem fundamentos legais. Já os candidatos aos cargos executivos, quando muito apresentam os intitulados “programas de governo”, que na verdade não passam de projetos de poder, que inclui, entre outras ações, a conhecida prática do assistencialismo como forma de manter a fidelidade do eleitor, principalmente em regiões com maiores índices de habitantes em condição de vulnerabilidade social. Outra ameaça à democracia são as oligarquias familiares, sistema de alternância de poder concentrado em determinadas castas abastadas, que têm influência decisiva no resultado das urnas. Dificilmente se consegue interromper o ciclo vicioso formado pelos eternos inquilinos da coisa pública.

Nesse momento de incertezas de todo tipo, convém analisar sem pressa a destinação do voto. Investigar a vida pregressa do candidato e não se deixar levar por promessas descabidas são os primeiros passos para a escolha correta, além de mostrar ao candidato que o voto é um aval transitório, com prazo de validade definido. Há que se aproveitar o horário de propaganda política para decidir com sabedoria