A Nova Frente Ampla e Democrática

Tenho assistido ao esforço ingrato de Lula e asseclas, tentando oferecer versão confiável a respeito da ascensão de Bolsonaro.

Nada mais complicado.

O PT, com Dilma no Poder, agiu como reprodutor de votos e popularidade de Bolsonaro, sem medo de ser feliz.

O espetáculo de corrupção, compra de votos e apoio parlamentares, arrendamento de base no Congresso, além de escandalizar a uma classe média despolitizada o suficiente para não entender o momento global de profundas transformações econômicas e políticas, encontrou-a em cheio na personificação de complexos e recalques, que Bolsonaro, mais do que qualquer outro, oferecia, baseado nas manifestações de retrocesso e discriminação que desempenhava na carreira parlamentar, como se um procurador legalmente habilitado.

Esta classe média, abafada na mediocridade de um lugar secundário na luta de classes, na qual simplesmente está fora da hegemonia no controle do Estado, porque simplesmente não se faz representar enquanto classe, segue desde a queda da Ditadura Militar, assistindo impotente ao desmonte que lhe era imposto pela sucessão de planos econômicos malogrados, não poderia se fazer representar como classe no Poder, se não fosse através de um representante sem qualquer projeto ou concepção de desenvolvimento nacional, assim como a classe média não tem.

O desfile de preconceitos e baixezas, sem nenhum sinal de que vá a economia funcionar, é a contrapartida ao ufanismo dos anos Lulopetistas, que bradava aos quatro ventos que o PAC mais um prato de comida, ajudaram o brasileiro abaixo da linha da pobreza a ingressar na universidade, se tornando a nova classe média ascendente em pensamento e consumo de massas.

É inegável que os anos de crescimento de um mercado aglutinador de novos sujeitos sociais, com afirmação de gênero e democracia racial, foi muito dificilmente suportado pelas pequenas burguesias urbana e rural, relegada a mera classe de contribuintes (mantenedores) de um governo corrupto, que, embora tenha identificado no abandonado pelo crescimento o objeto de um plano de crescimento econômico e social, faltou em gerir a continuidade do desenvolvimento dos grupos sociais medianamente estabelecidos, os mesmos que, desprovidos de escrúpulos ou cultura humanista além das próprias paredes, não hesita em lançar ao escárnio populações étnicas ou gêneros sociais.

Curiosamente, demonstrando que a nova classe ascendente, invariavelmente, assume os preconceitos, discriminações e vícios da anterior, ao se comprovarem as denúncias de corrupção do período lulista, somadas ao esgotamento de recursos nos anos dilmantes, com estancamento do programa do PAC, investigação do Bolsa Família, aliados à cobrança dos investimentos universitários, parcela significativa do eleitorado lulopetista converteu-se em militância bolsonarista, como fica evidente quando entram em cena os conservadores olvavistas, saídos do meio estudantil.

Este, o grosso do eleitorado que o nacionalismo populista e debochado captou, engrossando as fileiras com os inimigos naturais da democracia brasileira, que por conveniência se calaram quando os militares saíram de cena, no apagar da Ditadura.

Se a oposição a Bolsonaro pretende avançar, constituindo rosto à Frente Ampla e Democrática, precisa em primeiro lugar interpretar que a vontade de crescimento da população que experimentou o consumo, se irmana ao desejo de progresso dos que horrorizados se arrependem da obra eleitoral que lançaram sobre a Nação, e que a retirada de Bolsonaro do Poder, se articula a um projeto de desenvolvimento nacional, que incluindo no crescimento, novos sujeitos, exclua da vida brasileira, de uma vez por todas, os abusos da exploração do ser humano pela corrupção.