PELO CENÁRIO PUTREFATO

Artigo sociedade/opinião

Nesses períodos de eleições, via virtual, nos chegam muitos vídeos publicitários.

Um que recebi dias desses e que nos mostrava “o que somos e como e o quê poderíamos ser “se…”, ilustrou minha vontade de escrever sobre a sensação do que eu já gerava em mim, sobre a angústia que sinto ao olhar o nosso cenário urbano, social e humanístico, como rescaldo duma guerra silenciosa.

Paralelamente, uma reportagem de televisão, sobre algo ocorrido na saúde pública nos mostrava ,de passagem e sem holofote algum, a porta de entrada dum hospital público lotada de gente jogada nas calçadas.

Eu pensei: “meu Deus, o que aconteceu conosco?”

Sim , na porta dum hospital , que a principio socorre cura e salva, o retrato duma sociedade doente e negligenciada: qual uma omissão de socorro social crônica, cuja causa é o apodrecimento do tudo gerado pela corrupção de tão longa data.

Também venho notando algo surreal: quando vemos imagens de guerra, acidentes naturais, epidemias e miséria, todos em situações paupérrimas , observem, percebo que as pessoas têm mais prontidão e dignidade nos seus socorros pelas equipes de socorro civil, algo supremamente acima do que temos nós , um país CONTINETAL e RICO POR NATUREZA.

Isso me encabula e me indigna: Opino que nosso cenário humanístico é pior que alguns miseráveis países da África e do Oriente Médio, quiçá de alguns países latino americanos que nos rodeiam.

Os equipamentos de saúde e salvamento usados nas guerras são infinitamente superiores ao que temos nos nossos hospitais públicos, sem guerra visível, ao menos.

Isso sem falar na sustentabilidade das tragédias ambientais, das quais somos peritos em destruição!

Alimentamos e adubamos nossos rios e matas já mortos com lamas advindas das fezes holísticas.

A corrupção crônica apodreceu nosso Direito de gente digna de direitos humanos básicos, a despeito do grito por eles nos pódios das bondades cantadas pelo tempo perdido.

Não há uma instituição social de serviços púbicos que não esteja agonizando entre nós, afora os cenários urbanos decaídos pelos quais passam a vida igualmente abandonada, dentre ratos e lixos imensuráveis.

A violência nos ataca a cada esquina, de todas as formas inéditas de si mesmas.

Morremos aos montes, no atacado das massas…

Exercemos no Brasil o rescaldo dos rescaldos: a putrefação corruptiva que não poupou nada nem ninguém.

Enganam-se os “reis” que se acreditam blindados do caos que proveram a se lambuzarem das fomes da cidadania.

Pense nisso antes de escolher a qual cenário o Brasil merece ser sentenciado nas próximas urnas democráticas.

Poderemos não ter mais volta.

No mundo de hoje os aeroportos já não são a segura solução…nem aos que furtaram seu povo, tampouco à condescendência que insiste em arruinar vidas.

Não há mais lugar para acolher tantos mortos-vivos planetários, vítimas andarilhas de tantos reis pelados.

Que Deus vele por todos nós.