Crise: Ampla, geral e irrestrita.

Em que momento o ser humano perdeu o rumo da história existencial? Quando foi o instante em que se perdeu o senso do equilíbrio ético direcional? A crise também passa por aí. Viventes transitam pelos labirintos relacionais totalmente desordenados e desorientados feito convulsivos elementos particularizados de um efeito maligno irreversível e continuado.

A CRISE ESPACIAL: A vida nas ruas da cidade passa por uma inversão integral de valores, onde o que era conceitualmente errado em termos comportamentais, agora nem pode mais ser cogitada a reflexão sobre os limites da intensidade atômica das ações e reações projetadas pelos seres protagonistas do cenário caotizado pela indiferença subjetiva encravada no cerne do sentimento coletivo. E agora? Como viver neste tempo e espaço onde tudo se relativiza? O exagero na clarificação de expressões para explicar situações, geram fadiga emocional, capaz de colocar alguém num transe desencadeador de um estado crônico de insensibilidade.

O real e o virtual se traduzem em realidade virtual em todos os sentidos. É um mix de tudo e nada que chega a desparametrizar o senso comum. A crise descaracterizou o poder que sempre foi referência absoluta no controle social, cultural, econômico, educacional e tecnológico, porém, o empoderamento do ser pela disponibilização altamente socializada do conhecimento e da informação, torna a reciproca verdadeira, fazendo com que o poder personalize a crise, que distribui democraticamente a cada um, de acordo com suas escolhas, os efeitos positivos ou negativos que se manifestam no seu desenvolvimento e evolução.

Neste tempo cruel de ânimos indecifráveis a toque de caixa, vivencia-se o eterno conflito da dubiedade de caráter moral, psíquico e espiritual que confunde as expectativas sensoriais, deixando pessoas atônitas com o enfrentamento diário do incerto e multíplice portal de alternativas que se descortina.

No calor do momento há que se decidir entre o bom e mau e entre o bem e o mal sem facilitação para discernir se a relação interpessoal que se apresenta pode resultar em experiências negativas ou positivas.

Quem é aquela pessoa? Autoridade eclesiástica católica ou adepto da pedofilia? Pastor evangélico ou sonegador de recursos financeiros? Ministro do STF ou fraudador da jurisdição constitucional? Ético ou patético? Ou seria tudo face de uma mesma moeda que circunstancialmente se apresenta como cara ou coroa dependendo dos interesses que estão em disputa?

Existe mesmo um EU? Ou quando você se olha no espelho pode estar refletindo um outro você? A essência do ser é material ou espiritual? É concreta ou abstrata?

Se é impossível afirmar com certeza respostas a perguntas que não querem calar acerca de inquietações humanas, talvez também seja improvável que se possa debelar a crise inexorável e ameaçadora que vive no interior de cada alma humana, a não ser que haja mesmo a fé que excede todo o entendimento transformando tudo e todos num florescer de caminho, verdade e vida.

Autor: Adilson Ferreira dos Santos