VOLTA DA DITADURA?

OUTRA REFLEXÃO, SOBRE O PEDIDO DA VOLTA DA DITADURA!

Pedir a volta da ditadura se assemelha, guardando as devidas proporções, à volta da Inquisição, à volta aos piores momentos da nossa cambaleante e aviltada historia constitucional, solapada por sucessivos golpes de estado. Um retrocesso imperdoável! Seria a interrupção abrupta, mais uma vez, e o desrespeito da carta magna constante desde a implantação da primeira constituição imperial de 1824. A de mais longa duração. Saibam esses desavisados que no período da ditadura os jovens daquele tempo não tinham essa liberdade de irem à rua pedir a volta de algo.

Qualquer esboço nesse sentido eram presos, enquadrados na Lei de Segurança Nacional e tachados de comunistas, subversivos, terroristas. Presos, torturados e muitos deles desapareciam. Dêem graças àqueles que morreram sob tortura, muitos dos quais desaparecidos até hoje, o momento pleno de liberdade hoje usufruída.

Propugnaram e se ofereceram em holocausto para agora vocês estarem livres, sob um regime democrático a cometer esse desatino de pedirem a volta do regime que suprimiu a liberdade individual e coletiva.

Continuem a reivindicar sem medo, pois permanecerão a receber os eflúvios da democracia, o melhor dos regimes.

Protestem, ataquem, façam panelaço, caricatura de tudo o que é autoridade sem incorrerem no perigo de serem indevidamente acusados disso ou daquilo; usufruam à exaustão, pois estão sob a “ditadura” da democracia.

Desfrutem da liberdade! Porém, saibam que as coisas erradas, contrárias a lei, a vicejar e a se erigir no presente momento político de nossa nação por gente desonesta, prejudiciais ao país, estão sendo devidamente apuradas. E serão enquadradas e punidas dentro do arcabouço constitucional e do direito positivo.

Porém, com a oportunidade de exercitarem o contraditório, coisa que não existia naquela época! Observem as passeatas e as reivindicações de toda ordem, vertente, ou categoria laboral. Naquela época viravam caso de polícia. Hoje, não.

Seus líderes são recebidos por quem de direito; dialogam dentro do alto espírito cívico de respeito constitucional que se faz necessário. Vocês querem a supressão de tudo isso? A jornalista está repleta de razão: vocês são uns desinformados. Procurem se inteirar, pois naquele regime havia tudo, menos diálogo e tolerância social. A verdade era apanágio de um só lado, de mão única, sem chance de impugnação, contestação e conversa. Hoje tudo se resolve, ou será resolvido, respeitando-se os cânones vigorantes dentro do estado democrático de direito em curso.

Uma pergunta que deixo no ar, para ser respondido por quem se achar habilitado. Antes do governo atual, sucedâneo de outro de igual diretriz política em vigor há alguns anos, alguém tomou conhecimento da prisão de maus políticos e empresários desonestos, todos de igual jaez, pertencentes ao alto escalão de grandes partidos e de grandes construtoras?

Agora estão sendo investigados e enquadrados, com direito ao devido processo legal, resultante do momento democrático legado por uma constituição oriunda de uma assembléia constituinte, votada por eleitores regularmente inscritos nos tribunais eleitorais.

É o resultado vivo de um país onde, apesar dos pesares, se respira, se aplica, e se respeita em toda a sua essencialidade a constituição cidadã em vigor desde 1988. Que assim continue!!! O momento político e econômico vivido em nosso país enseja a que o povo, reconheçamos, reaja e se manifeste. Estão com a razão.

Mas, sem nunca esquecer o respeito que se deve manter á constituição, pois respeitando-se a sua liturgia tudo pode ser feito. Inclusive, caso haja elementos de provas suficientes, destituir do cargo a atual presidenta. Ressalvando: sem a necessidade de golpe de estado, pois segundo o filósofo Karl Marx os fatos historicos acontecem primeiro como tragédia e, depois, se repetem como farsa... Assim consolidemos de uma vez por todas a maturidade institucional exercida na atualidade, sob à luz da carta maior.. Data: 04 de agosto de 2015.

ANTONIO LUIZ DE FRANÇA FLHO

Membro Honorário da Academia Maçônica de Letras de Olinda.Pertencente à Loja Maçônica 12 de Março de 1537-Olinda.