PSOL como grande protagonista.

Até que ponto a esquerda em nosso país vai sobreviver? Vejo uma onda constante que posso chamar de "desfragmentação" da esquerda brasileira. Lembro que em alguns momentos da história a nossa esquerda andava unida em prol de um objetivo, principalmente no período que os militares governaram o país com uma ditadura, mesmo na clandestinidade a esquerda naquela época se uniu em prol da luta pela democracia e posteriormente esta mesma esquerda se colocou na luta armada, lutando pela revolução socialista. Veio à democratização e os partidos de esquerda começaram a se desmembrar, surgiram diversas legendas, que mesmo em sintonias distintas se mantinham unidas, formando o que podemos denominar de coalizão dos partidos de esquerda, mas uma legenda se colocava como a grande representante desta corrente política, o PT, partido de origem sindical que abraçou a causa esquerdista e se colocou como o mentor dos movimentos sociais no Brasil entre os anos 90 e inicio dos anos 2000. Bom, este PT se consolidou e chegou ao poder em 2002, vencendo democraticamente uma eleição, quando em 2003 o presidente Lula assumiu a presidência da república ali naquele instante se consolidava a vitória da esquerda no país. De lá para cá a esquerda que se fixou na figura do PT foi se modificando, principalmente quando começávamos assistir a saída de pessoas importantes dentro do PT e foram em busca de novos voos, percebendo que o PT que se encontrava no poder não representava mais as suas concepções ideológicas, assim, por exemplo, surgiu o PSOL. E por que cito o PSOL neste momento, pelo fato desse partido ser hoje (na visão particular) a grande esperança da esquerda. Nomes como de Marcelo Freixo, Jean Wyllys e Luciana Genro se colocam como defensores da real concepção da esquerda, não defendem aquele socialismo radicalizado dos PCO, PSTU e PCB, buscam consolidar aquilo que o PT um dia defendeu, e deixou escapar ao longo desse período que esta no poder, não que o PT se afastou literalmente da esquerda, não, de maneira alguma, vide as conquistas sociais obtidas nesta década e meia praticamente, foram conquistas em momento algum nós brasileiros imaginávamos de ver, e vimos. O grande problema é que o PT vem se distanciando desta esquerda, e para se manter no poder, busca alianças que não condiz com a origem do partido, ao vermos o ministério da presidenta Dilma, neste instante chegamos a uma conclusão, é o mais conservador do período democrático, apesar de termos nomes importantes, como o de Patrus Ananias, que representa de alguma forma o velho PT. Esta fica claro quando percebemos discurso de petistas dizendo que "ou o PT muda, ou ele vai acabar", como disse recentemente a ex-ministra Marta Suplicy. Não sei até que ponto a ex-ministra tem razão, mas de alguma forma tudo que ela disse gera uma reflexão, será a hora de buscarmos uma nova configuração da esquerda em nosso país? Assistimos recentemente um passo para isso, quando vimos no segundo turno das últimas eleições presidenciais uma "coalizão" da esquerda, ao ver membros do PSOL no mesmo palanque que membros do PT. Isso foi magnífico para a esquerda brasileira, costumo foi à junção da velha força com a nova energia. E esta união pode se consolidar no Rio de Janeiro nas próximas eleições municipais, fato que pode transformar o Rio de Janeiro no grande centro da esquerda no país, e do Rio de Janeiro este reflorescimento da esquerda pode se espalhar para todo o país. A grande questão que envolve todo este ambiente se dá na possibilidade concreta do PT se unir ao PSOL, e fazer de Marcelo Freixo o candidato favorito as eleições de 2016, o diretório estadual e municipal do PT já sinaliza para esta aliança, o próprio PSOL também dá sinais de agradar da possibilidade. Marcelo Freixo assim se tornaria o grande representante da "nova esquerda", e se colocaria numa disputa política de maneira concreta e com grandes e reais chances de vitória. Seria o grande passo para reformulação de uma nova esquerda no país, uma esquerda que busque na sua essência e nas suas raízes a sua postura política, uma esquerda que deixaria para trás todas as alianças programáticas para obtenção de poder, uma esquerda que iria reflorescer dentro da sua própria imagem de origem. Mas, tudo isso depende do PSOL, e a postura que o mesmo tomara nas eleições, ou seja, seria a primeira vez que o recém-partido se colocaria como grande favorito numa disputa política, isto poderia consolidar definitivamente o papel do PSOL na política brasileira, deixando de lado, a imagem de apenas mero coadjuvante e assumir quem sabe o papel de ator principal.

Gonçalves B G G
Enviado por Gonçalves B G G em 15/01/2015
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