A lei da oferta e da procura e o meio ambiente.

É praticamente senso comum a necessidade de proteção do meio ambiente. Porém não existe o menor consenso em como efetuar essa proteção – o que é normal, considerando que vivemos numa sociedade democrática, onde vige a regra do livre mercado de idéias.

E assim, não se pode negar. Proteção ambiental se faz com política, pois através desta é que se editam leis, regulamentos e resoluções que especificam como se dá essa proteção.

Ao lado da necessidade de proteção do meio ambiente, destacam-se outros interesses, tal como o valor econômico – dinheiro. Esse essa política de busca pelo valor econômico se coloca muitas vezes a contra política de proteção do meio ambiente, na medida em que explorar o meio ambiente, e também destruí-lo, gera recursos (dinheiro).

Infelizmente, campanhas eleitorais e “lobby” se fazem com dinheiro, pois, como sabemos, o ser humano se rende facilmente aos recursos ele proporcionados, muito mais do que pela plausibilidade das ideias.

Essa situação de conflito de valores fica mais emblemática, e também problemática, quando se trata de recursos naturais finitos, principalmente quando analisados à luz da lei da oferta e da procura.

Se de um lado os recursos naturais finitos vão se acabando, por outro, seu valor acaba sendo elevado.

Exemplo. Numa cidade com mais de 1 milhão de habitantes (e com tendência a crescimento populacional), tem, em seu território, 5 grandes áreas verdes bem localizadas (em regiões centrais, ou próxima aos centro). Considerando o crescimento populacional, haverá sempre interesse econômico em que essas áreas verdes cedam espaço para o surgimento de novas edificações. Portanto, áreas verdes possuem um valor econômico. Imaginado que essa mesma cidade desista de 3 das 5 áreas verdes, fazendo sobrar apenas 2. Estas que sobram, indubitavelmente, terão um valor mais elevado ainda em face da maior raridade desses espaços urbanos.

Claro que, noutro viés, também cresce a pressão dos defensores do meio ambiente em preservar essas 2 áreas que sobraram, em face da importância ambiental delas. Mas será esta pressão suficiente para suplantar a força política que almeja o valor econômico?

Não se pode afirmar por antecipação.

Pode-se alegar que a cidade só precisa de 1 área verde. Pode-se alegar que a exploração de mais 1 trará benefícios (econômicos ) imensos para cidade em questão. Enfim. Dinheiro move política, e destruir meio ambiente gera dinheiro.

Logo, na medida em que se tornam mais raros os recursos ambientais, crescem de ambas as partes a força política para a tomada de decisões. Isso porque, se de um lado, se torna ainda mais importante a proteção do meio ambiente, do outro, compensa pelo aspecto econômico a não proteção deste.

Assim sendo, destaca-se a importância de um equilíbrio nesse embate, o que se pode chamar de sustentabilidade econômico-ambiental.

O problema é que, principalmente em países corruptos (como o Brasil), o dinheiro acaba desequilibrando a disputa, uma vez que, “por debaixo dos panos”, quebra-se a impessoalidade e imparcialidade do Poder Público. E esse dinheiro geralmente está nas mãos dos que exploram a meio ambiente, os quais anulam a preocupação com sua conservação/preservação.

Dessartes, os países com alto grau de corrupção tendem a preferir a destruição do recursos ambientais finitos, por mais raros que eles se tornem, e, inclusive, na proporção em que raros se tornam.

Diante disso, o que fazer?

A forma mais eficaz de se evitar esse tipo de desequilíbrio é a educação em prol da proteção ambiental e da ética. Porém educação é uma coisa difícil, cara e demorada.

Sinceramente, talvez seja tarde demais para isso.

Mas como é importante tentar, até porque eu tenho uma filha (gostaria que ela não morresse na destruição da Terra por causa dos desastres ambientais), sinto-me na obrigação de pensar na forma mais inteligente possível de reequilibrar a balança.

A meu ver, a única maneira de alcançar o reequilíbrio é justamente com dinheiro, só que, dessa vez, do lado da proteção ambiental. Sendo claro. A melhor maneira de resolver esse problema é tornar lucrativa a proteção ambiental.

Mas como?

Num país como o nosso (Brasil), onde cerca de 40% do PIB é utilizado para pagamento de tributos, basta reduzir drasticamente os tributos de quem explora atividade econômica de uma forma a preservar o meio ambiente.

Chama-se isso de tributação verde. Mas essa ideia não é de fácil implantação vez que é subjetivo afirmar quem promove ou não promove a atividade econômica de modo fazer jus esses benefícios fiscais.

Por outro jaez, em países como EUA, onde a carga tributária é baixa, encontrar uma solução é algo ainda mais complicado. Geralmente a solução acaba calhando é a utilização da propaganda verde (publicidade que exalta o fato de determinado produto ou serviço respeitar leis ambientais e preservar o meio ambiente), o que justificaria a elevação de preços. Mas ai cai-se noutra armadilha: consumidores tendem a consumir o mais barato, independente doutras características.

Nestes casos, o mais correto seria forçar juridicamente às empresas se adaptarem as regras ambientes, de modo que concorressem de modo equânime; mas, como dantes afirmando, a força política de quem defende o valor econômica é muito grande.

De todo modo, independente da carga tributária, investimentos em tecnologias sustentáveis, turismo ecológico, além de transporte público por meios menos poluentes são também estratégias viáveis, porém, limitados em seus resultados.

Devo admitir que não sei se essas são as propostas mais corretas. Mas o problema é grave e urgente, e precisamos encontrar soluções. Outrossim, nenhuma estratégia preservar o futuro da humanidade pode ser ignorada ou deixada de lado. Caso contrário, os próprios seres humanos serão tão raros como os próprios recursos por eles explorados.

Ps.: Uma outra solução é acabar com o capitalismo e a política de livre mercado. Mas essa ideia é tão divergente que não vale a pena discorrer sobre ela neste texto.