Era uma vez o Brasil... Mas “eu não sabia!”

“Ele disse...”, “Ele falou...”. Expressões como essas ficaram famosas, em época de campanha eleitoral da década de 40, no século passado, empreendida pelo futuro presidente Eurico Gaspar Dutra. Em todos os seus comícios, o então candidato se valia dessas frases, referenciando-se ao velho amigo Getúlio Vargas. Por essas e outras, Gaspar Dutra se elegera presidente da República do Brasil. Basicamente, setenta anos se foram após o famoso jargão de Dutra e nos deparamos com um novo modo de se expressar, utilizado por candidatos que se elegeram, mas que só o utilizam depois de eleitos. Fato esse, que ocorre, surge para justificar atos ilícitos em seus governos, cometidos por seus nomeados de confiança. Atualmente, em pleno século XXI, quando a comunicação atinge seu patamar, a expressão que está virando moda é: “Eu não sabia...”.

Em meados do governo ditatorial do presidente Figueiredo, o último do período da “Ditadura Militar”, descobriu-se que seu Ministro da Justiça ou, melhor dizendo: o Ministro da Justiça do Brasil, havia se envolvido num escândalo de pedras preciosas, mas o valente general acabou se calando e, com ele, todo o Brasil. Em fins de seu governo, durante a campanha das “Diretas Já”, muitos atos ilícitos foram cometidos pelos representantes do governo militar, como as obras faraônicas, que até hoje se encontram largadas no meio do mato e das florestas, mas os governos que sucederam ao período militar (àqueles que criticavam o militarismo), alegaram o desconhecimento por tais fatos. Foi o caso do presidente Sarney – o Secretário dos militares -, que se ocupou em combater o “Dragão da Inflação”, mas o que conseguiu foi apenas deixar a “fera” mais furiosa, para o descontentamento da nação.

Uma das maiores aberrações foi o que aconteceu no início do governo de “Collor de Melo” – O Caçador de Marajás – que ganhou fama em seu estado e por criticar severamente o governo Sarney, apresentando, inclusive, provas concretas de suas acusações. Todavia, o que hoje ainda permanece engasgado na garganta de muitos brasileiros – “que não têm memória curta” – é o auxílio que teve daquele a quem criticava, durante o período de transição, para colocar seu plano de confisco em prática. Sabe-se, porém, que antes de bloquear a caderneta de poupança, mandou liberar o dinheiro para seus familiares residentes no estado de Alagoas. Isso ninguém viu ou não teve coragem de denunciar... “ninguém sabia”. Mas toda ação tem como consequência uma reação e, dessa forma, os meios de comunicação foram em busca de uma solução para corrigir o erro de colocá-lo no “Poder”, empreendendo a campanha dos “Caras Pintadas” – um engodo para enganar a massa dos “Sem Memória” – a população brasileira – assim denominada pelo Ministro da Fazenda do Governo de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, que viria no pleito seguinte, tonar-se o novo presidente do Brasil. Enfim, expressões que o povo brasileiro “não se recorda” ou “não sabe”, vão se tornando comuns e reais, uma vez que tudo cai no esquecimento. Aliás, a expressão “Eu não sei” ou “Eu não sabia”, encontra-se em pleno vapor e virando moda, particularmente, para os representantes dos Poderes Executivo e Legislativo, tanto a nível federal, quanto a nível estadual e municipal. Contudo, percebe-se que a sua utilização entre alguns membros do Poder Judiciário tem se tornado bastante comum nos últimos tempos.

Um dos períodos mais comum e forte dessa frase “Eu não sabia”, foi à época da Era Lula que, diga-se de passagem, que vergonha! Um político tão esperto! Um político que durante às várias campanhas eleitorais que participou até conseguir ser eleito e alcançar o poder, falava que sabia disso ou daquilo, apontando erros e apresentando soluções, mas quando poder consertar aquilo que tanto dizia estar errado... descobriu que também “não sabia de nada”. Mas o povo da tal “memória curta” (ou não?) sabia que ele sabia, mas mesmo sabendo, preferiu permanecer com a “memória curta” e fingir que também nada sabia, tornando-o presidente pelo terceiro mandato, através de sua candidata – a Dilma - o que facilitou para que ele saísse ileso de todas as acusações que lhe recaíam aos ombros. E os companheiros? Ah... os famosos companheiros... Sobre os companheiros, o Poder Judiciário seria o mais indicado para responder determinadas questões, mas o Brasil anda temendo uma possível contaminação nesse setor do “Eu não sabia” ou “Eu não sei”. Percebe-se, entretanto, que uns e outros se encontram imunes a tal contaminação.

Realmente o “Lulismo” fez sucessores! Afinal, foram vários anos de aprendizagem e paciência popular. E quanta paciência! Dentre os sucessores encontra-se uma aluna nota 10, que ganhou como recompensa a Pasta do Ministério das Minas e Energia, mas que andou cometendo alguns erros nessa fase de seu estágio; afinal, errar é humano, não é mesmo? Entretanto, quando o vento se aborrece levanta o “tapete” e deixa vir à tona, toda sujeira escondida por debaixo dele, mas como nossa presidenta não foi treinada a segurar no cabo de uma vassoura, tem deixado aflorar o que aprendeu de melhor, utilizando a tão famosa frase “Eu não sabia”. Mas o que ela também não sabia, era que a vassoura estava suja de petróleo e havia deixado enormes marcas no tapete – se da ministra ou da presidenta – “eu não sei”.

Alguns brasileiros beneficiados pelas misérias das sobras ou por estarem em condição privilegiada em relação à maioria da população preferem fingir de contaminados pelo “eu não sei”, mas existe ainda o povo pensante e não alienado que recusa o berço “castrismo”, sentindo no bolso - o peso das contas, no rosto – a vergonha do descaso e no coração – a dor da humilhação. É esse povo pensante que percebe a chegada de uma gravíssima Crise Econômica, da falência da Educação, da extinção da Segurança, do sucateamento dos Meios de Transportes, da deterioração da Saúde, dos assaltos aos cofres públicos, da ampliação da cegueira da Justiça, da consolidação de gangs políticas, da complementação do êxodo rural e da falta de respeito com a população. É esse povo pensante que enxerga a “Era do Comodismo” ou a “Era do Ócio Brasileiro” e que teme as consequências dos atos daqueles que, apesar de afirmarem não saber de nada, ocupam os mais altos cargos desse país e que exigem grandes decisões. Mas se ocupam tais cargos, é porque lhes foi dado por direito, por aqueles que também não devem saber muita coisa, muito menos em quem votou na última eleição; ou sabe?