MANIFESTO DA ESQUERDA DEMOCRÁTICA

Somos socialistas. Mas não bastam doutrina e filosofia quando o movimento pendular do Capital destroça boas intenções e conceitos de Bem-Estar, comprovando o quão íntimos são Estado e Apropriação dos bens e do resultado da produção.

Somos socialistas no momento em que a Esquerda tem que redimensionar o papel histórico dos movimentos políticos baseados na hegemonia das classes trabalhadoras no controle do Estado.

Definitivamente, a aliança entre produtores intelectuais e braçais fixa os limites da democracia material, sobre os quais o Estado deve ampliar a tecnoestrutura cidadã do serviço público comprometido com o progresso social. Nesta ótica, a reestruturação industrial e a capitalização do campo estabelecem um novo modo de produção, decorrente dos sujeitos sociais e dos direitos nascidos da necessária redistribuição migratória do povo trabalhador, pois o concentracionismo econômico e financeiro, caso não chegue ao fim, ou acumula tamanha apropriação de riquezas que se imobilizará sob o peso resultante da inércia consumerista e produtiva, ou a alimentação da portentosidade da máquina tributária inviabilizando novos caminhos econômicos e ambientais determinará a permanência do País no bloco intermediário do desenvolvimento, mantido no atraso o capitalismo real operado no Brasil, pois a carga fiscal vampirizante é um dos ingredientes do conservadorismo da elite capiau que domina a apropriação do Capital no modelo brasileiro.

Uma nova realidade exige o estudo do desenvolvimento econômico da História, um estudo que não se esgota em conclusão, mas que é fruto dos movimentos das ruas e das mudanças rurais, o que exige um arco de reformas na estrutura democrática do País, cujos aparelhos ideológicos do Estado humanista que se pretende construir ergam a Educação, a Cultura e a Justiça, como pilares de classes trabalhadoras autônomas na capacidade de gestão e desenvolvimento de um modelo de democracia direta que sem prescindir das ruas e das praças, responda pela tecnologia às indagações do ser humano moderno.

Por isso, um socialismo em liberdade e organizado sobre a autonomia política exige representatividade inserida no contexto de renovação do pensamento produtivo e auto-crítico, uma vez que a reforma internacional do modelo de capitalismo vigente leva a um mundo multipolarizado, em substituição ao domínio colonial que proliferou até o início do Século 21.

Assim é a esquerda democrática, fruto da experiência histórica dos movimentos populares, e da certeza de que a vitória final dos trabalhadores sobre a exploração do Capital se dará através da soma das vitórias secundárias com as fundamentais, constituída na democracia de massas fruto dos sujeitos sociais fundamentadores dos novos direitos, determinados pelo estágio da luta de classes agudizado pela vontade de poder dos que até agora foram oprimidos, revertendo a hegemonia no controle do Estado.