O papa e a humanização da economia: uma ideia Divina

Nos meus tempos de faculdade, há mais de vinte anos, saímos às ruas contra o 'capitalismo selvagem' que era a exploração do trabalhador - ou do país - pelo capitalista inescrupuloso, representado pela Organização Mundial do Comércio, Banco Mundial, e o famigerado FMI - Fundo Monetário Internacional. O 'capitalista selvagem', para engordar sua conta, contratava o indivíduo para trabalhar quase sem descanso, com salário irrisório, nem participação no lucro etc.

Naquela época o empresário era persona non grata no meio trabalhista. Seria tal como o lobo entre os cordeiros.

O papa Francisco, em sua visita ao Rio de Janeiro, por conta da Jornada Mundial da Juventude, aconselhou que 'a economia deveria ser humanizada'. O que o papa quis dizer? O que estaria por trás deste conselho?

Ao contrário da palavra... os números são frios. Não trazem a emoção do trabalhador. Pouco importa se a empresa cresceu à custa de muitas lágrimas ou sorrisos do empregado; se ela degradou ou conservou o meio ambiente. O que importa ao ‘capitalismo selvagem’ é o resultado crescente no final no mês. Acredito que o papa sugeriu acrescentar ao lucro, também, algo intangível como a felicidade ou a infelicidade, a tristeza ou a alegria.

É inquestionável que a empresa cresça, pague seus funcionários e impostos. O que se questiona é comemorar esse crescimento sem considerar os sentimentos de outrem. É desumano o fabricante de sal comemorar o aumento de suas vendas às custas do aumento da pressão arterial dos seus clientes. Também é inaceitável o fabricante de armas de fogo festejar o lucro às custas do aumento da violência.

Não é razoável que na avaliação do crescimento não se considere a emoção dos que contribuíram para a riqueza do país. Incluir no resultado a felicidade ou a infelicidade, a alegria ou a tristeza é uma decisão Divina.