A percepção do poder

Não existe fonte do poder, por que o poder não se esconde como as miríades de safiras do testamento de Salomão, o poder não passa a existir, nem se extingue na previsão de idéias incorridas a ele. O poder é a necessidade íntima de tornar o controle indispensável, indivisível, incontornável e insaciável.

A pólvora não foi inventada pra ser pólvora, mas pra ser instrumento de força na múltiplas engrenagens de poder, assim como as naves européias que fizeram viagens quânticas, pelos mares assombrosos, (que eram menos devastadores que os oceanos turbulentos da mente) afim de descobrir os indícios de decadência da civilização humana, eram instrumentos de força afim de atender ao poder. Da mesma forma surgiu a derrota e o fracasso que usaram a morte de forma utilitária e covarde, pra atender aos caprichos do poder.

Portanto não é possível abolir, ou destituir o poder enquanto ente sociológico, e acreditando nessa afirmativa,sugiro uma nova compreensão do mesmo sob o esforço e a indignação - vivemos em uma época em que o poder e suas demandas econômicas, sociais, políticas e cívicas, são tidas como condições naturais de um bem viver e ordenar a vida moderna. Isso não é verdade pois o poder em excesso gera arbitrariedade e o exercício automático desta, o que é inviável, pras condições mais fundamentais da liberdade humana.

O poder é a banalização da sabedoria, pois sugere valores opostos a essa, pois essa utiliza-se do pouco pra chegar a muita compreensão. Já o poder utiliza-se de muitos, pra chegar a uma compreensão única e imutável.

Creio que nisso tudo cabe a nós burlar, as estruturas de poder, pois o mesmo não é uma obra acabada, e imponente que sustenta as inconsequências do seu jogo. O poder é desdobramento de idéias que visa o constante aprimoramento de seus organismos. Se existe desdobramento de idéias - façamos a nossa, essa é a verdadeira percepção.

Márcio Diniz

03/02/ 2013