O VENDEDOR de CACHORRO-QUENTE

Pela natureza reprodutiva do show business capitalista, os grandes ídolos se mantém, inclusive, pelos clones.

É assim com Elvis, Sinatra, Morrissey, Roberto.

Waldick.

Waldick Soriano deixou um clone, e um clone impagável. Como o mestre, falastrão.

Mas devemos admitir, um clone independente, com “personalidade" e figurinos, próprios.

Pois como ignorar as brilhantes e decisivas contribuições do Waldick Soriano do cenário político internacional ao mundo do design da moda, e das trapalhadas liderativas?

Pelo andar da carruagem, e pelo que vem atrás dele, ainda vou encontrá-lo vendendo cachorro-quente na tríplice divisa entre Caracas, a Cidade do México e São Mateus.

E com aquelas roupinhas, encara um soul revival psicodélico, tranquilamente.

Mas do ponto de vista do vídeo-pocker em que se transformou a política internacional, não está sozinho na cara de pau e na tentativa de manipulação cretina dos fatos.

Olho de pirata e alguma ideia na cabeça.

Muamar enfrenta uma revolta popular. Legal. O povo sai nas ruas para derrubar o regime fossilizado, cujo poder é apenas a casca burocrática de um governo que não mais centraliza o Estado, pois o Poder Público se esfacelou.

Do ponto de vista de uma festa liberal, nada é mais emocionante do que moços legais, bonitões, trepados em carros bem desenhados, fazendo o sinal do “V”.

Mas uma análise aprofundada na caravana da vitória percebe algumas coisas que não podem escorrer entre os dedos, estejam em “V” ou agarrando água no laguinho do oásis.

Os revoltosos agora são descritos como rebeldes, o que do ponto de vista do jornalismo político caracteriza grupos paramilitares, ou seja, clãs militarmente organizados.

Segundo. Achei interessante a destreza na operação das baterias anti-aéreas e dos lança-mísseis portáteis. Alguém aí do outro lado mexe bem com isso? Sabe aonde liga, dispara, essas coisas?

Não se ensina a operar essas geringonças no curso profissionalizante.

E os EUA?

Como se comportam os EUA?

Com a cerimônia farsesca do bicão em noite de boca-livre.

Eles só querem garantir a retirada da população civil (de preferência bem longe dos poços do rico petrolinho líbio).

Porque não aproveitam e se metem na Geórgia e no Tibet? (Lá também tem população civil levando cacetada e chumbo).

No fim, é a velha mesma música: fantochinho empresarial é “nomeado” interino de um governo de não se sabe o quê ignorando aonde, e pede intervenção americana (os matadores bonzinhos).

Os cowboys ficam surpresos: mas logo eu: o que é isso: o que, eu?

E lá se vãos os abnegados confederados, galopantes e faceiros, libertar o povo sofrido da Líbia (o mais alto IDH da África, o único com padrão “ocidental”), que só queria fazer baile funk longe dos olhos reprovadores do papai.

E toma pedra no tanque, homem bomba, atentado.

Vale apena ver de novo.

E os dançarinos de sempre.

(Mas aquela cara de Waldick, com bigodinho de Little Richard, ninguém merece....)