M
oda e Modismos
 
           Moda advém do latim modus e significa costume. Traz em sua origem a tendência de consumo da atualidade, acompanhando o tempo e o vestuário. Moda é uma maneira de se portar, e carrega consigo uma bagagem social e histórica. O termo só pôde ser pensado como tal no final da Idade Média (século XIV), com o desenvolvimento de processos históricos, e se aperfeiçoa até os dias de hoje, configurando-se como a representação visual de um conceito, uma ideia.
           A moda enquanto fenômeno se constitui como universal somente no século XIX, com o surgimento das chamadas crinolinas, armações usadas nas saias para conferir-lhes volume. É interessante avaliá-la como um instrumento de reprodução simbólico-cultural, visto que se utiliza do vestuário e o integra em uma conjuntura maior. As marcantes diferenças entre as vestimentas dos anos 20 e anos 70 constituíram-se como exemplos característicos do quem vem a ser moda, ao permitirem a identificação e a compreensão de um grupo, uma época, um país.
           História e moda sempre caminharam juntas. Esta, antes uma base confessa de estratificação social, após a idade média se institui tal qual nos dias atuais, marcada pela associação com a auto-estima, beleza, estética, imagem e tecnologia. Sim, tecidos inteligentes que protegem, esquentam, enfim, exercem diversas funções “biológicas” para garantir o conforto do usuário.
        Falar em moda é discutir a personalidade. Sobretudo, os modelos, as cores e o estilo de nossas roupas revelam um pouco do que somos. O conceito afasta-se, nesse ponto, da superficialidade, mas não deixa de carregar consigo um paradoxo. Ao seguir rigorosamente as tendências, excluindo o “obsoleto”, adquirindo o novo, que tão rapidamente se tornará antiquado, ao viver em função da linguagem imagética ditada pela moda, indivíduo e moda parecem se prestar a uma função um tanto frívola. Hoje, o excesso não é suficiente, principalmente para o público feminino.
           Considerada como conceito sócio-psicológico, a moda adquire simbologia leviana ao ser interpretada e utilizada pela sociedade como uma ordem a ser cumprida. Será que a busca incessante pelo estilo mais difundido não provoca o distanciamento ou a perda do próprio estilo pessoal? É possível perceber sua associação com os grupos mais “populares” e engajados da sociedade, os quais se encontram midiatizados. Também agrega em seus princípios visuais estereotipados, pré-requisitos específicos, associados à magreza, às vezes, excessiva. Cabe o questionamento: Será que a estratificação social outrora escancarada é realmente coisa do passado?
           “Está na moda”. E se não “estiver mais usando”? O ideal é que seja trabalhada em conjunto com o bem-estar. Interessante enfatizar que moda nem sempre é sinônimo de conforto e beleza. Gosto é gosto, no entanto a autonomia depende de um entendimento prévio de que a atualização constante em prol de algo efêmero pode gerar sofrimento e despersonalização. Onde prevalece o bom senso, há cautela, e com a moda não pode ser diferente. Deve, a rigor, ser avaliada como um instrumento de compreensão sociológica, expressão e realização pessoal, e não como manual do dia a dia. Com que finalidade? 
 
 Por Daniela Malagoli.
 
 *Visite-nos no mindasks.blogspot.com
 
 
mindasks
Enviado por mindasks em 28/06/2012
Reeditado em 06/07/2012
Código do texto: T3750165