POSITIVO e NEGATIVO

O bem estar é uma conquista. O tempo, medida provisória. A idade concentra passagens em que envelhecer para uns é positivo e para outros é negativo.

Com o passar do tempo, cada vez mais, entendo o valor dos atos e fatos, assim, procuro me concentrar nos atos, tanto passados quanto presentes, priorizando mais os positivos do que os negativos.

A expectativa positiva oferece a compreensão na dimensão do tempo. O passar da idade manda recados, por isso, tento alcançar e realizar o que me faz feliz, mesmo que o dia seja difícil; ainda assim, olho para o todo e me reconheço. Até quando passo por situações difíceis olho para o lado positivo, para me obrigar me conectar com o tempo e perceber os benefícios da vida. Na antologia, Idosos Letrados – Versos e Relatos, encontro desafios desvendados para se conviver com a velhice.

Enquanto alguns pensam na velhice como o fim das atividades, eu me preocupo em aproveitar o momento produzindo e sorrindo; posso reconhecer e mostrar ao outro o significado de viver e envelhecer ao amar e ser amada. Sei que só isto não reflete a realidade e, então, temos a comparação com o ideal ao definirmos que o tempo pode ser escolha diária por julgar positivo ou negativo.

O processo gera a busca por respostas; quando o lado negativo se apresenta, nem sempre fico à vontade para resolver as questões diárias. Como armar algum quebra-cabeça, onde tenho o dito pelo não dito; o tempo confrontado pelo sentimento em relação a me sentir melhor ou pior de que no dia anterior. Agostinho Both, no livro Feições das Horas, revela memórias como momentos de sensibilidades nas lembranças que iluminaram suas horas.

Quando fico ao lado de quem muito se queixa das marcas do tempo, corro o risco de ser contagiada, porque a queixa contraria a natureza e, para envelhecer com dignidade, tenho o propósito de desvendar os temores adormecidos.

O tempo se encarrega de me enviar lembretes diários que, por vezes, me assombram, mas que são essenciais no reconhecimento de ser o melhor presente, pois, transformam magicamente os movimentos em positivo ou negativo.

A questão está em saber o quanto é negativo ou o tanto que é positivo, para isso, preciso conviver ou descobrir, quanto tempo tenho?

Destaco Agostinho Both por descrever vivências, experiências e reflexões sobre envelhecer nas obras: Frutos do Inverno; Sessentões e Contos do Envelhecer. O autor afirma, “... O potencial inesgotável da velhice; o saber envelhecer entre o nascer e o morrer e, as mudanças substanciais, as diferenças à velhice, sobre a qual tem muito que aprender...”

Vivenciar e avaliar o lado positivo e o negativo é conviver cuidadosamente; não há nada mais cansativo do que estar ao lado de quem se queixa da vida o tempo todo. Nas palavras de Joana Flaiban, “Foi mais um dia, / Que passamos. / Mais uma esperança, / que eu matei // ... e se o mundo é traiçoeiro / e quer matar minha alegria. / Eu tenho uma esperança, / Pra matar a cada dia”.