Literatura Paraisense: Professor Antônio Joaquim Correa Pinto




            Entre os escritores da primeira metade do século XX, moradores da cidade de São Sebastião do Paraíso, no Sudoeste Mineiro, está o imigrante português, professor de línguas Antônio Joaquim Correa Pinto, autor do livro O Paraguay. Antes de fixar residência em Paraíso, ocupou o cargo de professor de escola pública no interior do Espírito Santo, mas diante dos constantes atrasos no recebimento do salário, resolveu procurar uma região mais promissora para exercer o magistério em escola particular. Foi professor do renomado Liceu Municipal da cidade mineira de Muzambinho, onde foi contemporâneo do renomado professor e intelectual Salatiel de Almeida, na década de 1930, quando o referido estabelecimento de ensino tinha o mesmo reconhecimento daquele alcançado pelo Ginásio Paraisense.

            O mencionado romance de autoria do professor Correa Pinto foi editado e impresso em uma das primeiras tipografias de São Sebastião do Paraíso, a Casa Prado, no ano de 1923, com 335 páginas, divididas em 20 contos escritos em forma de poema com versos decassílabos. Essa obra aborda a temática histórica, de forma lírica, na qual o autor narra uma epopeia repleta ações e conquistas, enaltecendo aspectos da cultura popular e atos concebidos, pela visão geral, como heroicos do povo brasileiros e dos soldados que lutaram na guerra das Tríplice Aliança contra o Paraguai (1865 – 1870).

            Cumpre observar que a obra traz uma visão unilateral do conflito, adotada pelo autor, a qual cinco décadas depois de sua publicação, começou a ser questionada por historiadores e pesquisadores que descobriram outros fatos até então não revelados sobre o triste episódio bélico. O que, de forma alguma, tira o mérito da produção literária e da qualidade de outros livros de sua autoria. Nascido em Portugal, o autor adotou o Brasil como sua segunda pátria e sempre manifestava admiração pelo seu povo. Bacharel em Ciências e Letras, era um culto professor de Latim, Português e outras línguas vivas. Outras obras do mesmo gênero são mencionadas na história regional como sendo de sua autoria, entre as quais O Eclético e Brasilíada, sobre as quais não conseguimos maiores informações históricas.

            O professor Antônio Joaquim Correa Pinto constituiu família, teve um casal de filhos, e morou em São Sebastião do Paraíso, onde teve muitos estimados amigos, que sempre reverenciavam sua ampla cultura literária e humanística. Diziam seus amigos mais íntimos e contemporâneos que o culto mestre sabia recitar, de cor, Os Lusíadas. Na realidade, em termos de registro documental, o lançamento de sua obra principal, o romance O Paraguay, foi noticiado em diferentes órgãos da grande imprensa nacional, tal como reportagem publicada em O Jornal, do Rio de Janeiro, em edição do dia 24 de junho de 1924. Passou-se o tempo, os personagens principais partiram desta vida, mas ficou a obra. À memória do mestre escritor que deixou saudades em Paraíso, nossas reverências em nome da história e da cultura da Terra Natal.