Dom Quixote

Acabo de reler o grande clássico de Cervantes, Dom Quixote de La Mancha, em uma das suas muitas adaptações para o português. E estou à procura de uma publicação de 1953, feita pela editora Globo cuja tradução é de Antonio Acauã.

Para mim, este é um dos melhores livros que já foram escritos em língua espanhola. Excetuando a Bíblia Sagrada, Dom Quixote é tido como o primeiro dos dez livros literários mais vendidos da história. Sé essa estatística já bastaria para despertar a curiosidade dos leitores ou não leitores que ainda não o leram. No livro são retratados os costumes do século XVI na Europa, e o herói como cavaleiro andante, na sua utopia louca de fazer justiça mundo afora. Sai Dom Quixote de aldeia em aldeia acompanhada do seu gordo escudeiro Sancho Pança, que é ingênuo e sonhador como o amo, mas tem a vantagem de não ser louco. Assim, os dois vão vivendo disparates, que muito fazem rir, com a explicação de encantamentos e feitiços, para tudo de errado que acontece aos dois.

Dom Quixote a todo momento faz observações sobre a fé católica, dando ênfase à necessidade das boas obras como complemento da fé. Ora, um dos grandes pontos de divergência entre o catolicismo e o protestantismo foi e é exatamente o papel das obras na salvação do fiel. É incrível que poucos consigam notar que Dom Quixote é, em grande parte, centrado numa questão teológica.

Cervantes também percebeu alguns dos problemas sociais da Espanha do seu tempo e de países católicos onde a população pouco se dedicava ao trabalho, os jovens não aprendiam um ofício, fazendo com que boa parte das cidades fossem território de ociosos e vagabundos. O autor alerta para este problema social de seu tempo.

No final, o herói recupera a lucidez, abandonando as loucuras da cavalaria medieval; O livro é absolutamente maravilhoso, e não deve ser visto apenas como algo “engraçado” e tem um final comovente. Cervantes assimilou em sua obra-prima a psique de uma época da mesma maneira que Dante havia feito com o período medieval.

Publicado em Madrid em 1605, “Dom Quixote”, de Cervantes, é composto de 126 capítulos, divididos em duas partes. Estima-se que tenha vendido entre 500 e 600 milhões de cópias. O livro retrata muito mais do que simplesmente um lunático lutando contra moinhos de vento. Toda a mentalidade da Espanha do século XVI está dentro do romance. A paixão, o idealismo e os preconceitos de um povo que Cervantes soube muito bem descrever embora de forma prolixa para quem vai ler o original.

Agamenon violeiro
Enviado por Agamenon violeiro em 06/04/2018
Código do texto: T6301470
Classificação de conteúdo: seguro