Ele Estava Lá, onde eu nem sabia que estaria(1)

Entre cinco e sete anos de idade eu era um garotinho urbano, com os olhares voltados para os prédios e as raras casas do centro de uma capital brasileira, no caso, Belo Horizonte, situada entre as montanhas mineiras.

Ali, fosse pela janela do apartamento em que morávamos, no Condomínio Barros Ribeiro, na Rua dos Carijós, próximo à famosa e conhecida Praça Sete de Setembro, ou mesmo andando pelas ruas centrais acompanhado por meus pais ou pela empregada que minha minha mãe sempre tinha como ajudadora do lar, percebia uma cidade efusiva, emergente e também portadora de dramas sociais específicos e próprios de um centro urbano qualquer.

Lembro-me facilmente destes dias, destas paisagens urbanas e ainda do encanto que me propiciava o olhar direcionado para o monte da Serra do Curral, a qual avistávamos da lavanderia do nosso apartamento localizado no sétimo andar e me sugeria indagar: "O que haverá alem de lá? O mar, terras outras, países outros?"

O além de lá, vim a entender anos posteriores, era o Sul, lugar no qual estabeleceria em dias futuros grande parte da minha vida e dos sonhos nossos, os meus e de Rute e dos meus filhos Jônatas e Reuel.

Entendo que naqueles dias, naquele apartamento, junto com os meus pais e Sandra última irmã que se casaria posteriormente; isto porque, Vânia, a mais experiente dentre nós, já havia se casado, Ele esteve sempre presente, muito embora não O percebesse então.

Meus pais eram ambos envolvidos com trabalho e responsabilidades. Ele, trabalhando com a venda de Seguros de Vida pelo Banco Mercantil do Brasil e Minas Brasil Seguros, ela como Professora da Rede Pública Estadual e minha irmã Sandra também lecionando e lidando com portadores de necessidades especiais e eu, iniciando a frequência no Jardim de Infância.

Mal tínhamos tempo de nos encontrar e de fato interagir com qualidade, mas eles faziam o possível e o impossível para que eu tivesse uma sequencia de vida feliz.

No sentido religioso suas convicções estavam mais ligadas ao espiritismo do que ao cristianismo, fosse em expressão católica ou protestante. Deus e fé, por assim dizer, não se perfazia uma conversa prioritária, mas ética, conduta e moralidade estavam sempre presentes em nossas avaliações de vida. Afinal de contas, este era um testemunho muito presente na conduta de nossa casa, especialmente dos meus pais.

Naquele apartamento do sétimo andar de um prédio cercado por tantos outros; naquele quarto de uma só janela que me possibilitava vislumbrar o céu sob os olhares direcionados para cima a partir da minha cama, algo especial se formatava para o meu futuro, mas sinceramente, por ser muito novo e apegado às experiências lúdicas, brincadeiras e também aos estudos iniciais, vivendo cada dia de uma vez, entregava-me ao viver diário disposto a entender o que viria a seguir. No entanto, com uma lacuna de alma que eu não poderia explicar ali.

Mas de uma coisa tenho a certeza, Ele estava lá e estava construindo pontes para que O encontrasse.

Mas sobre isto falaremos mais à frente. Até o próximo capítulo ...

Fernando Alberto
Enviado por Fernando Alberto em 24/08/2017
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